Capítulo 16

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Mavis

Eu abro os olhos, os esfrego, meu bocejo emanou no quarto.
Eu ergui a cabeça e soltei um grito.

— Sangue de Jesus tem poder. -me benzo.

Eu olho para a criatura sentada em uma cadeira diante da minha cama, de pernas cruzadas e olhar fixo em mim.

— Bom dia.

— Mas que..

Cassian adentrou o quarto em um rompante e me encarou de pé no colchão, fazendo uma cruz com os dedos em direção a ela.

— O que houve?! -ele arregala os olhos.

— Por que deixaram o projeto de anão de jardim entrar no meu quarto? -questiono, um olhar atento para a pequena fêmea.

— Eu disse que isso não era uma boa ideia. —ele olha para a feérica— deveria ter esperado ela na sala.

— Se eu tivesse a esperado na sala não teria visto isso. -sua unha vermelho sangue aponta para mim.

Olho em direção ao espelho e vejo meus olhos dourados, as íris ovais de um felino.

— Merda. -murmuro.

— Estava escondendo isso de nós? —ela me olha— não é muito inteligente.

— Você e todos têm noção de que "isso" sou eu e eu não tenho que dar satisfações a vocês? —questiono— eu não sou posse de ninguém.

Seus olhos cintilaram.

— Estando aqui, terá que nos contar tudo, é o mínimo que pedimos por sua vivência aqui. -ela disse.

— Não preciso da porcaria da compaixão de vocês. —cuspo— posso muito bem ir para outro lugar.

— Se sobreviver lá fora.

— Estou bem viva, não estou? -rosno.

Ela sorriu afiada e só aí entendi, ela estava me provocando de propósito, ela queria me ver irritada. Queria ver o que a raiva podia fazer comigo, o que eu poderia me tornar se explodisse.

— Boa tentativa. —digo com metade da face cheia de manchas negras— não vai conseguir me irritar.

— Acho que eu já consegui.

— Você acha que sim. -sorri exibindo as presas que logo sumiram com todas as minhas feições metamorfas.

— Você já sabe o que é. -ela observa.

— Não sou burra como vocês acham, raça não define QI. -a olho.

Eu saltei da cama.

— Você começa o treinamento hoje. -ela se ergueu da cadeira.

— Não sei, não gosto da ideia.

— Você não gosta de nós.

— Eu amava vocês, de verdade. —digo— mas assim como anos atrás, as máscaras caíram, vi quem são.

Eu caminho até o banheiro e paro.

— E o que vi não foi bonito.

E eu adentrei.

— Essa garota é uma adolescente rebelde.

— Quando vocês pararem de tratá-la como uma arma, como um objeto de vocês, talvez ela passe a suportá-los. -Cassian disse.

Um bufar irônico.

— Ela nos suportar? É sério isso? Cassian.

— No começo ela era a estranha que nos conhecia demais, agora, nós é que somos os estranhos que sabemos demais sobre ela, e ela não nos conhece   mais e muito menos sabe nada sobre nós. —ele disse— tudo o que ela pensava que achava sobre nós foi apagado por Azriel na prisão quando foi torturada, e depois mais ainda quando percebeu que não voltará para casa nunca mais.

Corte De Trevas E Sombras | •AcotarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora