Mavis
Eu abro os olhos, os esfrego, meu bocejo emanou no quarto.
Eu ergui a cabeça e soltei um grito.— Sangue de Jesus tem poder. -me benzo.
Eu olho para a criatura sentada em uma cadeira diante da minha cama, de pernas cruzadas e olhar fixo em mim.
— Bom dia.
— Mas que..
Cassian adentrou o quarto em um rompante e me encarou de pé no colchão, fazendo uma cruz com os dedos em direção a ela.
— O que houve?! -ele arregala os olhos.
— Por que deixaram o projeto de anão de jardim entrar no meu quarto? -questiono, um olhar atento para a pequena fêmea.
— Eu disse que isso não era uma boa ideia. —ele olha para a feérica— deveria ter esperado ela na sala.
— Se eu tivesse a esperado na sala não teria visto isso. -sua unha vermelho sangue aponta para mim.
Olho em direção ao espelho e vejo meus olhos dourados, as íris ovais de um felino.
— Merda. -murmuro.
— Estava escondendo isso de nós? —ela me olha— não é muito inteligente.
— Você e todos têm noção de que "isso" sou eu e eu não tenho que dar satisfações a vocês? —questiono— eu não sou posse de ninguém.
Seus olhos cintilaram.
— Estando aqui, terá que nos contar tudo, é o mínimo que pedimos por sua vivência aqui. -ela disse.
— Não preciso da porcaria da compaixão de vocês. —cuspo— posso muito bem ir para outro lugar.
— Se sobreviver lá fora.
— Estou bem viva, não estou? -rosno.
Ela sorriu afiada e só aí entendi, ela estava me provocando de propósito, ela queria me ver irritada. Queria ver o que a raiva podia fazer comigo, o que eu poderia me tornar se explodisse.
— Boa tentativa. —digo com metade da face cheia de manchas negras— não vai conseguir me irritar.
— Acho que eu já consegui.
— Você acha que sim. -sorri exibindo as presas que logo sumiram com todas as minhas feições metamorfas.
— Você já sabe o que é. -ela observa.
— Não sou burra como vocês acham, raça não define QI. -a olho.
Eu saltei da cama.
— Você começa o treinamento hoje. -ela se ergueu da cadeira.
— Não sei, não gosto da ideia.
— Você não gosta de nós.
— Eu amava vocês, de verdade. —digo— mas assim como anos atrás, as máscaras caíram, vi quem são.
Eu caminho até o banheiro e paro.
— E o que vi não foi bonito.
E eu adentrei.
— Essa garota é uma adolescente rebelde.
— Quando vocês pararem de tratá-la como uma arma, como um objeto de vocês, talvez ela passe a suportá-los. -Cassian disse.
Um bufar irônico.
— Ela nos suportar? É sério isso? Cassian.
— No começo ela era a estranha que nos conhecia demais, agora, nós é que somos os estranhos que sabemos demais sobre ela, e ela não nos conhece mais e muito menos sabe nada sobre nós. —ele disse— tudo o que ela pensava que achava sobre nós foi apagado por Azriel na prisão quando foi torturada, e depois mais ainda quando percebeu que não voltará para casa nunca mais.
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Corte De Trevas E Sombras | •Acotar
FantasyMavis, uma jovem leitora nordestina que vive sua vida difícil em seu estado, a única escapatória são seus amigos com páginas e letras digitadas em tinta. Azriel, um mestre espião frio e calculista que está sozinho desde que pode se lembrar, até que...