10| Colo

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Colo (s.m.)

É refúgio, cuidado, carinho e fortaleza. É um espaço seguro dos fantasmas do passado, dos demônios da mente e da cidade barulhenta lá fora. É a cama mais confortável do mundo, o ombro em que se lamenta as dores da existência e o choro do coração quebrado. É o centro de gravidade da paz em outra vida. É um corpo presente que te abraça da cabeça aos pés.

É pousar em você feito um passarinho perdido atrás de um ninho.

[...]

A rua vazia trazia um silêncio ensurdecedor para os pensamentos aflitos e turbulentos da garota que andava sozinha em meio a madrugada fresca. Seu tênis fazia um barulho satisfatório quando batia no chão com seu olhar travado no mesmo, andava sem pressa nenhuma ao mesmo tempo que se sentia desesperada para chegar logo ao seu destino. Procurava respostas para suas perguntas internas, sem sucesso algum.

Limpou o nariz novamente, e quando olhou pra frente, viu que se aproximava da casa onde finalmente conseguiria a paz que tanto procurou no dia, ingênua demais para pensar que apenas se distanciar o dia inteiro, ou até anos, iria apaziguar a guerra interna que acontecia dentro de si enquanto apenas se isolava. Suspirou e subiu as mangas dos moletom, se preparando para subir na planta trepadeira forte e firme da janela do segundo andar, quase dois minutos depois, se encontrava dentro do quarto organizado. Retirou seu tênis e seu moletom preto.

— Lis?— a garota na cama perguntou, se sentando na cama e coçando os olhos de forma fofa e sonolenta.

Lisa nada disse, apenas colocou as mãos no rosto e fungou.

Alessandra imediatamente perdeu todo o sono e cansaço que havia em seu corpo e mente, se levantou tão rápido que quase desmaiou tamanha tontura que sentiu. Porém, preocupada demais, não foi possível. Correu em direção a Lisa e a abraçou, sem perguntar nada. E a Manoban simplesmente desabou em seu abraço quente (quente até demais, a pele de sua melhor amiga parecia pegar fogo naquela noite).

— Ei, calma. Eu tô aqui contigo, respira.

A cacheada disse, sentindo seu coração apertar ao ver o estado da melhor amiga. Sentindo o quão desesperadamente Lisa agarrava suas costas, como se ela fosse a única coisa que a mantivesse ali, sã.

Alessandra apenas a abraçou, tão calma, macia e apertada que causou sentimentos bons em Lisa, que suspirou e chorou ainda mais, agradecida por ter ela ali. Se sentiu sendo pega no colo, segundos depois ambas se encontravam na cama. Lisa sendo abraçada no colo da amiga como pensou que seria durante a caminhada até ali.

Ela chorou. Chorou sem parar. Chorou até seus pulmões doerem. Sua respiração era pesada e sentia que iria desmaiar por falta de ar, ela com certeza iria. Mas ela não estava sozinha.

— Respira, Lis, me acompanhe.— e Lisa imitou a respiração da melhor amiga enquanto recebia carinhos pelas costas e cabelo, sentindo sua respiração voltar ao normal, porém as lágrimas continuavam a descer. Sem parar, sem descanso.— Coloca tudo pra fora, eu tô aqui com você e por você.

E Lisa chorou, chorou como uma criancinha quando machuca o joelho e vai direto ao colo da mãe para chorar e fazer manha. Embora não fosse uma dor física, e sim emocional. Fora que não era sua mãe ali, e sim sua melhor amiga, sua fiel melhor amiga, seu escudo, um dos pilares do seu equilíbrio emocional, seu colo.

Second Companion - Jenlisa (Lisa/G!P)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang