Surpresa

73 8 68
                                    

Meu coração acelerou dentro do peito e então joguei o papel longe enquanto levantava do sofá. Zac me encarou, uma expressão confusa no rosto, era óbvio que ele não estava entendendo nada.

- O que foi? O que tem nesse papel?

- Tira isso de perto de mim, por favor.

Ele se abaixou, pegando a folha e lendo em seguida. Sua expressão foi uma mistura de sentimentos que não consegui definir. Zac largou o papel e veio até mim, me abraçando forte.

- De onde saiu isso, Spenc?

Meu corpo tremia, eu não conseguia conter o pavor que senti ao ler aquilo.

- A Kelly, ela... ela...

- Ei, se acalma. Está tudo bem.

Ele segurou meu rosto e me olhou nos olhos. Respirei fundo e pausadamente até conseguir falar sem gaguejar. Zac me deixou no sofá e andou até a cozinha, voltando com uma garrafa de água e sentando ao meu lado.

- Você está bem?

Acenei positivamente e então ele segurou minha mão.

- Kelly me entregou quando saí do trabalho, ela me disse que a senhora Glenn pediu pra entregar, que deixaram lá durante a tarde. Quem faria isso? Quer dizer, ninguém sabe além das nossas famílias.

- Não faço ideia, Spenc. Talvez seja alguém fazendo uma brincadeira idiota. Não dê tanta importância a isso.

Eu não sabia se ele acreditava realmente nessa possibilidade ou se estava apenas tentando me tranquilizar.

- Você acha mesmo?

- Claro! Já lidei tanto com esse tipo de coisa. Fique tranquila, vai ficar tudo bem. Vamos voltar ao que estávamos fazendo?

Um sorriso e então entrelacei sua mão na minha, subindo as escadas e deitando novamente em minha cama. Suspirei quando recostei a cabeça em seu peitoral largo e quente.

- Sabe, eu tava pensando numa coisa.

Disse ele ao afagar meus cabelos. Olhei pra cima pra encarar seus olhos, tentando a todo custo esquecer o conteúdo do bilhete.

- Que coisa?

- O que você acharia de se mudar pra Tulsa?

Deus, Zac gostava mesmo de surpresas.

- Me mudar?

- Sim. Não pra morar comigo se é isso que te preocupa. - ele riu, ainda me encarando e com certeza minha cara de espanto o travou um pouco. Ele se afastou devagarinho e me olhou de verdade. - A gente arruma um apartamento pra você. Seria tão bom ter você pertinho de mim.

Eu já estava surtando apenas com a possibilidade de conhecer sua família, imagina morar lá.

- Zac... isso não tem cabimento.

A expectativa em seu rosto mudou pra tristeza, eu percebi, mas não havia muito que eu pudesse fazer.

- E porquê não? Eu quero ser mais presente na vida da nossa filha. Como você acha que eu vou conseguir fazer isso com vocês morando em outro estado?

- Mas acontece que eu tenho a minha vida aqui, Zac. Não é justo você querer que eu abra mão da minha casa, da minha família, do meu trabalho e dos meus amigos pra morar num lugar onde a única pessoa que eu conheço é você.

Ele respirou profundamente e deitou a cabeça no travesseiro, encarando o teto em silêncio.

- Eu sei disso... quer dizer, não parei pra pensar em todas essas coisas. Eu só pensei em ter você mais perto, e a nossa filha também. Não é tão fácil pra mim vir aqui sempre, e eu não tô falando isso como uma reclamação, muito pelo contrário. Na verdade eu gostaria de vir mais vezes e me cobro muito por não conseguir. Eu preciso trabalhar, Spenc, tenho cinco crianças que precisam de mim e que estão lidando ainda com um recém divórcio, que foi uma mudança e tanto na vida deles. Eu fico pensando quando ela nascer - sua mão veio direto pra minha barriga e então ele acariciou ali, ganhando um chute da pequena princesa que aparentemente já reconhecia a voz do papai. - Como vai ser os primeiros dias? Você vai precisar de mim e eu quero me programar pra estar aqui o máximo possível, mas e se nesse meio tempo um dos meus filhos precisar de mim? Como ela vai conviver com os irmãos morando tão longe? São tantas perguntas, Spenc. E eu confesso que não esperava uma negativa sua.

ON FIREWhere stories live. Discover now