ON FIRE

Insegurança

- Será que as garotas precisam de alguma ajuda?

Meu coração veio na garganta e então me virei em sua direção.

- Não, não precisamos. Agora dá o fora daqui.

Meus olhos cuspiam fogo em sua direção, Matt percebeu a raiva evidente, e se encolheu quando encarei seu nariz inchado e roxo.

- Spencer, podemos conversar direito sem a presença daquele cara?

Meu estômago revirou.

Kylie e Hillary se aproximaram de mim de forma protetora, largando os presentes no carro.

- Está tudo bem, amiga?

Hillary perguntou olhando de mim pra ele.

- Sim, e vai ficar melhor quando ele
for embora. Não temos nada a falar. - o encarei séria, depois olhei pras meninas - Vamos entrar, depois a gente termina de pegar as coisas.

Não cheguei a dar dois passos e então ele falou:

- Eu vim me desculpar com você. Não fui justo e muito menos...

- Justo?

Ri amargamente, mais pelo nervosismo do que qualquer outra coisa.

- Acho que você nem sabe o que isso significa, e sinceramente, não consigo entender como você me enganou por tanto tempo.

Seu rosto se contraiu como se ele tivesse levado um tapa, mas ainda assim ele não recuou.

- Quem é esse cara, afinal?

Kylie perguntou encarando-o seriamente.

Mas que merda que ele tinha que aparecer logo agora?

As pessoas não sabiam usar telefone.

Respira, Spencer, você consegue.

- Eu sou o Matt, ex da Spencer.

Puta merda!

- Oh, Deus, vocês precisam conversar, mas sem essa pressão, Matt. Isso não vai fazer bem a Spencer e ao bebê. Como você bem sabe ela estava de repouso a alguns dias atrás com risco de aborto. Você não acha meio irresponsável deixá-la nervosa desse jeito?

Vi quando sua testa se vincou e ele apenas permaneceu me encarando. Entendendo naquele momento que as duas não sabiam.

Merda.

Ele ia me entregar.

- Claro, você tem razão. - disse ele olhando pra ela e depois pra mim - Podemos entrar e então eu vou preparar um chá pra você e conversamos com calma?

Meu coração acelerado e as mãos suando.

- Não é porque ele é o pai que ela é obrigada a conversar com ele se não quiser.

Hillary se manifestou, se colocando entre mim e ele.

- Tenho certeza de que ela está mais calma e quer conversar comigo. Não é mesmo, Spenc?

Spenc?

Ele nunca havia me chamado assim durante todos os anos que convivemos. Mas isso, serviu pra eu perceber que a conversa não era um pedido, e sim uma condição pra ele permanecer calado. A maneira como Zac me chamou naquela noite não passou despercebido por ele, que deu um meio sorriso na minha direção.

- Tudo bem. Uma conversa rápida e nada mais.

Ele sorriu e se ofereceu pra ajudar as meninas a pegar os presentes no carro. Kylie me perguntou baixinho se eu queria que elas ficassem aqui, mas eu as tranquilizei dizendo que ele não me faria mal, embora eu não tivesse mais tanta certeza. Abracei as duas e elas me pediram pra mandar apenas um SOS via mensagem que elas imediatamente chamariam a polícia se eu fizesse.