16: (re)parar

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Tag: #ConfienaCamomila

Quando aparecer o 🎧, coloquem para tocar Dark Blue Ocen - Flavio Bottura

Boa leitura! 🧡

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Janeiro/2022

  A vida nunca esteve sob o controle de mãos humanas. Ela não tem controle. É uma infinita cadeia de ações e reações imprevisíveis que criam o destino, deixam a natureza ser vítima de algo que não tem começo ou fim. Não existe controle, mas existem caminhos.

  Sejeong tentou pegar um desses caminhos e fugir do destino, mas foi o errado. Talvez nenhum desses a levasse para o final que queria. Nunca poderia saber. A única coisa que ela conseguia fazer era abaixar a cabeça e aceitar, o que ela estava tão acostumada a fazer que se tornava um hábito.

  Ela não teve escolha a não ser aceitar o casamento uma vez. Novamente, ela não teve escolha ao ser forçada a voltar para aquele caminho em direção ao altar, para não ver seu melhor amigo ser espancado por seu pai. 

   Já se passavam vinte e quatro horas do incidente e ela continuava se culpando. Chorou durante a noite pensando o quão idiota tinha sido ao obedecer o pai, mas quando tentava pensar em outra saída, ela não enxergava. Sentiu-se encurralada, com uma faca contra a garganta a forçando para ser obediente. Lembrava-se de quando o pai a assustava com gritos quando era criança, como quebrava as coisas da casa quando era adolescente, tudo para que ela seguisse suas ordens.

  Tinha plena consciência de que a relação com seu pai era horrível, mas não conseguia escapar. Sentia-se culpada só de pensar em romper os laços com sua família. Não por seu pai, mas por sua mãe.

  Sejeong voltava a pensar nisso enquanto esperava a mulher no sofá da casa onde cresceu. Recebeu uma mensagem da mãe durante a manhã, pedindo para que elas se encontrassem. Sejeong negou, inventando que teria que ir a empresa para as aulas e treinos, o que era mentira. As aulas começariam na próxima semana, no início de fevereiro. Sua mãe percebeu sua hesitação em voltar para aquela casa, então contou que seu pai iria trabalhar durante o dia inteiro e só voltaria à noite. Sejeong aceitou sem pensar novamente.

  Não importava o quanto seu pai fosse uma imagem assustadora em sua vida, sua mãe sempre foi o ponto de luz para ela no meio daquele breu sufocante.

  Sejeong balançou a cabeça, se desfazendo de todos aquele pensamentos, prestando atenção no barulho dos saltos pontudos de sua mãe que retornavam para a sala.

  Sookyung sorriu assim que entrou na sala, segurando uma caixa de veludo vermelho que foi buscar. 

  – Está aqui – anunciou a mulher, deixando a caixa na mesa de centro e sentando ao lado da filha. Aquela caixa era o motivo de Sejeong ter ido a encontrar.

  – O que é? – Sejeong indagou, curiosa, mas desanimada.

  Sookyung conseguia perceber as olheiras de uma noite mal dormida e o semblante cansado da filha. Segurou as mãos dela e exibiu um sorriso suave como forma de conforto. Sejeong nunca se sentiu tão mal em toda a sua vida.

  Tudo o que menos queria era ver a cara de decepção da mãe caso desabafasse e dissesse que o casamento era seu pesadelo. Partia seu peito imaginar as lágrimas descendo pelo rosto magro e a preocupação estampada nos olhos grandes. Ela era covarde, mas amava tanto a única pessoa de sua família que demonstrou uma parcela de carinho que recuava de qualquer coisa que ameaçasse apagar aquela luz.

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