Prólogo

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— Pare com brincadeiras, MZ130! — Repreendi ao observar o Android não parar de mexer a cabeça. Eu tentava fazer linhas em suas orelhas, mas o robô não permitia, virando o rosto para sorrir para mim.

— Me desculpe. — Seu olhar se aprofundou, arqueado as sobrancelhas e inclinando levemente os lábios de silicone para baixo. Quem visse sua expressão, diria que o tinha magoado profundamente. Mas eu sabia que dali alguns minutos ele voltaria a olhar para mim.

— Você está tão desobediente hoje.

— Me desculpe, Cassi. — Sua voz robótica ainda era muito incomum para meus ouvidos assemelharem. Mas me acostumar ia algum dia.

— Não me chame de Cassi. Quantas vezes vou precisar dizer? Se o Sr. Lakúsvy descobre sobre isso, teremos problemas.

— Mas por que?

— Não é normal. Um Android não deve chamar os humanos por apelidos ou pelo primeiro nome. — Meus dedos se aproximaram, quando MZ130 virou o rosto, me dando oportunidade para terminar de desenhar sua orelha. A lâmina em minhas mão era pequena e delicada, para me ajudar a fazer detalhadamente os aspectos humanos.

— Me desculpe. — Não sabia porque, mas o robô parecia ter aprendido que "desculpa" era a palavra mágica para consertar tudo.

— Não vou repetir. — Avisei, vendo-o segurar o cabelo negro com a ponta dos dedos, colocando a mecha atrás da orelha. Os cabelos eram reais, como uma peruca bem costurada em sua cabeça. Eu mesma os havia desenhado e repassado para meus superiores, que rapidamente criaram um protótipo em laboratório. A aparência de MZ130 deveria passar segura e uma imagem impotente, forte, capaz de proteger. Mas, ao mesmo tempo, uma face humana emotiva, fofa e bonita. Então decidi caprichar em seus músculos, sem exageros e depois fazer os detalhes do rosto. Coloquei cabelos compridos, até um pouco acima dos ombros, com um nariz mais fino e olhos com cílios cheios. Sua sobrancelha seria grossa na medida certa e as maçãs do rosto torneadas, junto com um queixo mais grosso, mas sem comprometer o tamanho do nariz. — Doeu? — Era idiota aquela pergunta, pois máquinas não sentiam dor, mas ve-logo olhar de canto, enquanto a lâmina fina desenhava a massa que formava seu ouvido, me levou a indaga-lo.

— Não. Não posso sentir dor. — Sua expressão se manteve neutra, enquanto os olhos acinzentados continuavam a me fitar com pelo canto. — Está preocupada comigo, Cassi...ane? — Rapidamente o android consertou o modo como me chamaria.

— Não é como se estivesse preocupada. — Desviei meus olhos dos dele, sem ter coragem para admitir que estava sim preocupada. — Você foi muito caro, qualquer problema em seus sistema e consequências virão para mim.

— Sua respiração está acelerada, Cassiane. Gostaria de um copo de água?

— Estou bem. Foi apenas um susto.

— Se assustou com minha pergunta?

— Não, MZ130.

— O que a assustou? Meu cabelo? Ele ainda é liso demais para permanecer no lugar. Sinto muito. — Ele estava dizendo sobre a mecha que por alguns segundos me atrapalhara? Eu sorri para sua insinuação, achando a atitude fofa.

— Estou bem. Acontece com todos os humanos quando somos pelos de surpresa por alguma pergunta.

— Então foi minha pergunta?

— Sim. Agora, por favor, vamos parar de conversar. Preciso terminar meu trabalho e apresenta-lo para o sr. Lakúsvy. — Meu pedido parecia incomoda-lo até um certo ponto, pelo modo como suas iris voltaram para o lugar repentinamente e seus ombros mudaram de postura. — Oh, vamos lá, eu sei que você não gosta dele, mas isso não muda minha obrigação como funcionária.

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamWhere stories live. Discover now