Capítulo 14

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Tensão. Era nisso que eu estava pensando, imaginando como deveria ser difícil suportar ter de olhar para a minha cara, enquanto Zeno permanecia sentado na grande mesa do refeitório da Renovull. Eu soube, por Attor, que Meg foi capturada e levada pelos tais "montadores" que sobraram e fugiram. Quem contou isso foi Lauren, a mulher capturada pelo grande android de aço com detalhes verdes e antenas. Tirando essa informação, Lucia não havia conseguido mais nada. Parece que a prisioneira era realmente complicada para entregar mais segredos. 

Os olhos claros do robô não estavam sobre mim, mas sim focados em algum ponto interessante na parede branca, como se houvesse algo de novo nela. Sua expressão era deplorável. Um homem sem brilho ou esperança, uma maquina gasta e deixada desligada para apodrecer, mas a diferença era que ele estava funcionando perfeitamente. Nunca imaginei que poderia ver a miséria no rosto de um android. 

— Você está encarando demais, não acha?  — A voz de Lucia era alta e estava ao meu lado. Eu a encarei quando ela se sentou na cadeira próxima de mim, olhando também para Zeno, do outro lado e em outra mesa. — Pensei que não gostasse de ficar na presenças dos robôs, mas a encontrei aqui, e sozinha.

— Nunca disse que não gostava.  — Franzi a testa sem entender. 

— Naquele dia, pareceu bem incomodada com as interações deles.  — Ela estava lembrando de quando me levou até Attor, com os androids militares. Eu não aguentei observar o "romance" de Zeno e Meg, tive de sair da sala. 

— É impressão minha ou você sempre está de olho em mim?

— Não me entenda mal, apenas estou me precavendo. Não posso deixar uma menininha tola e desesperada, entregar nossa base de mão beijada para Henry. — Eu captei sua provocação e me senti levemente irritada com a acusação. 

— Eu não ia entregar ninguém.

— Claro que iria. Quando eles te pegassem, se não te matassem, arrancariam toda e qualquer informação possível sobre nós. E, acredite, nem queira saber como fariam isso. Seus métodos são muito...agonizantes. — Os olhos da mulher não demonstravam muita empatia por mim, pareciam reprovadores. — E agora, Megan está lá por sua causa. Provavelmente passando pelo o que você deveria estar sofrendo. — Nesse momento, e apenas nele, pude ver um pouco de sensibilidade no rosto da mulher. 

—  O que você esperava, hein?! — Meu tom saiu baixo, contido. Meus dedos se apertavam enquanto a fúria crescia dentro de mim. Eu já estava me sentindo horrível pelo o que fiz, não precisava de uma humana mais fria do que o metal, piorando aquela sensação. — Nunca estive aqui por querer. Vocês me obrigaram a ficar, me deixaram sem qualquer informação e pior, me tiraram qualquer meio de comunicação! Sem televisão, rádio ou celular! São um bando de desconhecidos e mesmo assim acha que tem o direito de jogar na minha cara as ações que tomei procurando segurança?! Deveria se colocar no meu lugar! 

— Quando fizer algo, faça bem feito. Se queria segurança, por que parou? Por que não foi com eles?! — Lucia se aproximou perigosamente de mim, se inclinando sobre a mesa. — Eu já estive na sua situação e é por isso que sei o que se passa na sua cabeça desmiolada! Você sente algo pelo android e quer negar! Mas ao invés de investigar seus sentimentos, prefere tampar os olhos com bobagens e se colocar em perigo! Pior, colocou uma pessoa completamente inocente em problemas, apenas por conta da sua indecisão! 

— Você não me conhece! Não somos nada iguais! Não ouse me tratar como uma criança! Eu sei o que fiz! E ELA NÃO ERA UMA PESSOA! — Eu gritei. E infelizmente, só percebi que tinha feito aquilo quando Zeno levantou bruscamente da cadeira onde estava, sem olhar para mim, e se retirou em passos rápidos da sala. 

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que Amamजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें