Capitulo 07

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— O sr. Henry é casado?! — Foi a primeira pergunta que me passou pela caneca e a expressei sem pensar. — Quer dizer...nunca tinham me dito nada e ele...não anda com aliança. — Não que eu me lembrasse.

— Ah, querida! Foi a melhor decisão que já tomei! Me separar daquele ordinário! Mais um minuto com ele e minha alma estaria vazia. — A mulher se aproximou, sentando em uma poltrona de couro preto no quarto. — Enfim, precisamos ter um papinho.

— Isso tudo...e você? Você está controlando os robôs?

— Os androids? Não, não. Com certeza não. Eu teria que ser mega inteligente para conseguir burlar os sistemas de Cinthia e sua "galerinha". — A forma de desprezo com quem falara da técnica, me fez pensar se tinham alguma inimizade. Talvez...traição? Era motivo o bastante para uma separação. E a cientistas sempre andava atrás do sr. Lakusvy, como unha e carne.

— Então como veio parar aqui e por que não parece com medo?!

— Medo? O que há para temer, especificamente? — Sua postura desleixada estava começando a me deixar nervosa. Eu não seria a única pessoa "normal" ali não! Androids loucos? Ok! Mas uma humana?! Principalmente levando em conta que sua posição ao lado do sr. Lakusvy com certeza lhe garantia informações o bastante sobre aquelas máquinas! Ela sabia o que eles podiam fazer se continuassem com aquele surto! E mesmo assim...

— Você está traindo a raça humana? Está tentando ajudar essas...coisas? — Foi a única palavra que me veio a mente naquele momento, sem saber ao certo do que chama-los e temendo irrita-los.

— Traindo a...o que? A raça humana se autodestroi sozinha, não precisa da ajuda dos robôs para isso. E também não é como se eu sentisse orgulho pela minha espécie. — Seus cabelos pretos caíram sobre o braço da poltrona, conforme a mulher inclinava a cabeça, apoiando o queixo no punho.

— Então me deixe ir embora.

— E você esteve presa?

— O que...Attor não me deixou...

— Eu não o vi te impedindo de sair.

— A sala...

— Foi o sistema de segurança, não foi?

— Mas ele disse...

— Ouça, Cassiane. — Seu tom de voz soou mais firme e quando voltei meus olhos para os dela, me assustei. Pude ver uma expressão controlada e feroz, como um super predador rondando a presa. Ela era humana, mas não exalava um ar de fragilidade, mesmo diante de Attor. — O que você faria ao sair daqui? Correria para o seu carro? A essas horas e com tudo o que aconteceu, ele deve estar aos pedaços. E mesmo se conseguisse usa-lo, no meio do caminho, provavelmente seria morta lá fora.

— Diz isso como se eu estivesse segura aqui.

— Muito mais do que na rua.

— Esses androids são os mesmos que os de lá de fora. Nada muda.

— Tem razão, nada muda. Mas aqui, querida, você tem essa montanha negra do seu lado. — Seus olhos se voltaram para Attor. — E ele não permitirá mal algum a você.

— Só pode estar brincando, né? E depois diz que não está traindo a raça humana.

— Traindo? Onde? Eles não estão contra nós, Cassiane. Muito pelo contrário, só desejam coabitar conosco.

— Coabitar? — Solte um riso de escárnio, achando engraçado a desinformação da mulher. — Por acaso não vê TV? Um android atacou uma senhora!

— E daí? Isso é motivo o bastante para você odia-los? — Minha boca quase caiu com sua fala. Eu não podia acreditar no nível de fanatismo que aquela mulher possuía pelos androids. — Sabe quantos robôs sofrem agressões diariamente por humanos? E acredite, na maioria das vezes é por motivos ridículos. Quem me garante que essa senhora não estava o maltratando demais? Até um ser humano acabaria perdendo a paciência depois de anos de violência domestica.

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora