Capítulo 11

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— Não acredito nisso...— Eu falava comigo mesma, indignada por estar obedecendo tão rapidamente a maquina. —...romance, não é nada! Não sinto nada por ele...deve ser algum fetiche estranho. — A todo custo, não queria aceitar as emoções que Attor despertava em mim.

Ao pensar na palavra fetiche, me lembrei de um rosto muito conhecido. Rachel. Eu precisava me comunicar e rápido com a menina, mas como poderia usar meu celular se o tinha deixado no quarto? Meus olhos vasculharam o corredor, em busca de algo a mais, além do elevador. Os corredores brancos já estavam me irritando. Parece até que estou em um hospital. 

Observei como as janelas eram pequenas e em quantidade muito menor do que antes. Isso me fez pensar se os androids haviam bloqueado algumas aberturas, para não dar chance de suas vitimas fugirem. Continuei minha caminhada sorrateira, mesmo que estivesse andando a um tempo, sem ver a presença de nenhum outro android. Isso está estranho. Pensei que a empresa estaria cheia deles. Mas está muito quieto.

Minhas pernas coçavam para aproveitar a oportunidade e correr. Seu coração não te levará a lugar nenhum. É sobre sua sobrevivência! Me repreendi mentalmente, ao perceber como estava agindo, semelhante a um bichinho de estimação.

Parei de andar. Meus pensamentos estavam a solta, mais rápidos do que uma hélice de ventilador ligado. Então tive uma ideia, que talvez desse errado. Procurei pela tubulação de ar, encontrando no chão uma mini grade, quase no final do corredor. Eu não tinha nenhuma chave, mas conseguiria quebrar aquilo sem precisar tirar os parafusos. Pelo menos, era o que eu esperava.

Olhando mais uma vez ao redor, retirei um dos meus sapatos e o joguei para o lado, vendo a camera seguir o movimento. Na oportunidade, corri para a grade da tubulação e a chutei com toda minha força. A camera ainda estava dando zoom para identificar o objeto jogado e enquanto fazia isso. eu impulsionava meu corpo para dentro do ambiente. Pensei que seria um grande sucesso, até sentir dedos firmes e gélidos em meu braço. 

Tomei um susto com o toque e olhei para cima. Meg estava com o rosto virado, abaixada para me ver dentro da tubulação. Seus dedos de aço reluzente se agarravam a minha pele. O aperto era firme, mas não doía. 

— Senhorita, por favor, saia daí.

 — Me largue! — Eu gritei, puxando meu braço desesperada. 

— Não posso fazer isso. Você está correndo perigo. 

— Você me seguiu?!

— Sim. Queria tomar conta de sua segurança. 

— Alguém te mandou? — A android não me respondeu, apenas piscando os olhos robóticos. — Lucia? — Suas iris nem mesmo se movimentaram. — Attor? — Ela continuou quieta, mas a vi mexer rapidamente os dedos livres. — Foi ele, não é? Esse canalha! Miserável!

— Por favor, senhorita, compreenda a situação. Estamos passando por alguns problemas, é melhor que fique segura. 

 — Me largue! 

— Não posso. 

Foi então que me lembrei do que Cinthia havia dito sobre as ordens. Os androids poderiam estar infectados por um virus, mas talvez, quanto mais antigos os modelos, mais bugs apresentavam. Meg e todos os androids domésticos, foram feito no começo da Renovull. Apesar de possuir um rosto humano, eu duvidava de que a programação da android femea tivesse sido atualizada. Já que...eles não precisavam ser tão avançados e mexer nas maquinas antigas parecia dar mais trabalho do que começar um protótipo do zero, pelo o que tinha ouvido uma vez de um programador. Não custava nada tentar.

— Isso é uma ordem! Me solte! — Eu quase cruzei os dedos, torcendo para que o robo ouvisse. Quase imediatamente os olhos da mulher clarearam, enquanto sua mão se abria, me obedecendo. Sua expressão também havia mudado e o brilho de antes sumiu, mas em questão de segundos ela voltou ao "normal" e me encarou surpresa. 

Minha Bela Criação - Trilogia Androids Que AmamWhere stories live. Discover now