Tinha tudo para dar errado e deu

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{Danilo}

Alguns dias se passaram e eu não encontrei mais a Maraisa. Na verdade, eu tentei evitar todo e qualquer contato com ela. Troquei meu horário na academia e passei a não deixar Caramelo na clínica. Marília chegou a questionar o meu sumiço e eu dei a desculpa de que estava muito ocupado, o que, de fato, não era mentira.

Acordei bem cedo e Caramelo estava deitado ao lado da minha cama. Assim que me levantei, ele se levantou e eu aproveitei para fazer carinho nele, desejando-lhe bom dia. O cachorro voltou a se deitar ao lado da minha cama e ali ficou, ultimamente ele andava desanimado e eu sabia qual era o motivo. Fiz minha higiene matinal e segui para a cozinha. Reparei que o pote de ração de Caramelo estava intocável desde a noite anterior, ele quase não estava se alimentando.

Peguei meu celular, enquanto preparava o café, e mandei mensagem para Marília, perguntando se ela estava na clínica. Troquei algumas mensagens com ela e, logo após eu relatar que Caramelo estava apresentando sintomas de fraqueza e falta e apetite, ela pediu para que eu o levasse até a veterinária, que estaria à minha espera. Terminei de tomar café, tomei banho e segui com Caramelo para a clínica.

Logo que cheguei, Caramelo correu até Paulinha, com o rabo abanando de um lado para o outro, e pulou em suas pernas. Paulinha, que estava sentada, se levantou e saudou Caramelo com um carinho em sua cabeça.

— Ei, carinha, Que saudade! — Paulinha falava enquanto acariciava o cachorro. — A doutora Marília já está te esperando. — Ela olhou para mim ainda fazendo carinho em Caramelo e, em troca, recebeu lambidas em seu rosto do cão.

Agradeci a Paulinha e chamei por Caramelo que correu em minha direção. Peguei a guia do cão, que estava no chão, e comecei a andar em direção ao consultório da Marília. Caramelo seguiu para o lado contrário e eu o chamei na mesma hora.

— Aqui, Caramelo. — Ele parou, olhou em direção a porta de Maraisa e depois me olhou. — Nós não vamos aí hoje, vem aqui vem. — Me abaixei e o chamei com a mão.

— A Doutora Maraisa está em atendimento, mas já deve estar terminando a consulta. Se você quiser, eu posso avisar que vocês estão aqui. — Neguei rapidamente com o que Paulinha havia falado.

— Não será necessário, nós não vamos demorar, a consulta com a Marília vai ser rápida. — Falei enquanto colocava a coleira em Caramelo e me levantei. — Mas obrigado, Paulinha.

Paulinha sorriu e me guiou até a sala de Marília.

Assim que Paulinha abriu a porta do consultório, eu soltei a guia de Caramelo e ele correu até Marília.

— Que saudade de você, Caramelo. Você não veio essa semana para a clínica, nós sentimos a sua falta. — Ela se abaixou, fazendo carinho no cão que lambia o seu rosto.

— Eu já te expliquei que eu não estava com tempo essa semana, Marília. — Era sempre a mesma desculpa que eu dava para não levar Caramelo para a clínica.

— Já sabemos o motivo dele estar apático. — Marília me olhou e eu me sentei na cadeira. — Ele está com saudades de ficar aqui, Danilo. — Ela falou como se fosse óbvio, enquanto brincava com Caramelo que mudou da água para o vinho, parecendo um cachorro feliz. — Amigo, quando for assim, eu ou a Maraisa pegamos ele na sua casa.

— Eu não quero dar trabalho a vocês. — Neguei com a cabeça.

Marília fez uma cara de brava com o que eu falei e eu ri da sua expressão.

— Amigo, por favor né? Caramelo não dá trabalho nenhum.

Ia abrir a boca para falar, mas alguém bateu à porta. Virei o pescoço em direção a porta e Caramelo correu até lá, abanando o seu rabo e latindo. A porta se abriu e Maraisa colocou metade do corpo para dentro.

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