Será o fim daquele medo bobo? Parte II

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{Danilo}

Eu não tinha intenção alguma de ir para o bar quando Marília me convidou, já que estava com muitas pendências do hospital para resolver e tinha reservado aquele domingo à noite especificamente para isso.

Marília insistiu tanto que eu acabei aceitando o convite. A intenção era passar um tempo agradável com os amigos e depois ir para casa para terminar de revisar os prontuários que estavam atrasados. Eu sabia que provavelmente ficaria acordado até tarde da noite, mas estava disposto a fazer esse esforço pela minha amiga. Como inicialmente, eu havia dito que não iria, resolvi aparecer de surpresa no bar, porém fui surpreendido ao flagrar Maraisa beijando um rapaz. Embora não tenha sido um beijo, apenas um selinho, não me agradou a cena, e fiquei ainda menos feliz quando Maraisa retornou à mesa toda sorridente. Ela me cumprimentou e mencionou que não esperava me ver no bar. Suas palavras me fizeram questionar se a minha presença no ambiente a impedia de socializar ou se relacionar com outros caras.

Eu estava incomodado com a situação e, por isso, acabei saindo mais cedo do que o previsto. Me despedi do pessoal, alegando que tinha algumas pendências de trabalho para fazer, o que de fato era verdade. 

Sai do bar e caminhei em direção ao carro, mas parei no caminho quando Maraisa me chamou. Ao se aproximar, ela fez questão de enfatizar que não era para eu interpretar de forma errada o que eu tinha visto no bar. Eu não precisava interpretar nada, apenas presenciei um breve beijo entre duas pessoas e foi o que disse a ela. Maraisa fez questão de corrigir, explicando que não se tratava de um beijo e sim de um selinho. Sendo beijo ou selinho, para mim não fazia diferença, ela parecia estar feliz com o que havia acontecido e isso era o que importava. Ela tentou se explicar, mas eu não queria ouvir explicações, estava ficando cada vez mais cansado da situação. Deixei claro que não estava chateado com ela, mas sim comigo mesmo, por insistir em algo que não estava dando certo. O restante da conversa não foi amigável e, no final, me retratei por insistir em algo entre nós dois, pedindo para ela esquecer o que eu havia dito no dia anterior.  Maraisa tentou novamente dialogar comigo, porém naquele momento eu não estava disponível para a conversa e realmente precisava ir. Falei que poderíamos conversar em outra ocasião, me despedi e fui.

Horas depois, Maraisa enviou-me uma mensagem de voz extensa. Ouvi repetidamente o áudio, cerca de vinte vezes, e ao final, fiquei contente com as palavras dela, porém decidi não respondê-la imediatamente, dando-a um tempo para refletir sobre tudo.

Acabei encontrando as meninas no dia seguinte na academia, mas estava com pressa e não pude conversar muito, apenas as cumprimentei antes de seguir meu rumo. Durante a noite, Marília entrou em contato comigo e pediu para que eu deixasse Caramelo sob seus cuidados na clínica, pois ele estava sentindo saudades de estar lá. Acabei concordando com ela e combinei de levar Caramelo para a veterinária no dia seguinte.

O dia amanheceu e como combinado, eu fui até a clínica deixar Caramelo. Aproveitei que só ia para o trabalho mais tarde e fiquei um tempo conversando com Marília, eu queria saber como ela estava se sentindo. Assim como Murilo, Marília não estava bem e eu queria poder ajudar meus amigos de alguma forma. No entanto, ambos demonstravam muito orgulho e ninguém parecia disposto a ceder. Tentei conversar com Marília, tentando fazê-la refletir sobre a situação, mas ela se mostrava inflexível e rebatia todos os argumentos que eu apresentava, ela era daquelas 8 ou 80.

Alguém bateu na porta e, sem esperar que Marília pedisse para entrar, Paulinha entrou na sala, aparentando estar nervosa.

— Paulinha, o que houve? — Perguntou Marília ao notar a o estado da moça.

— Um rapaz entrou no consultório da doutora Maraisa e agora eles estão discutindo. — sua voz transmitia medo e preocupação.

Não esperei ela concluir o que queria falar. Minha reação foi de levantar rapidamente da cadeira, seguindo a passos rápidos até a sala de Maraisa.

Quer meu para sempre?Où les histoires vivent. Découvrez maintenant