12 - REFLEXES

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REFLEXES (a.) do latim significa reflexo. Que não age diretamente, movimento consecutivo a uma excitação anterior, algo que traz consigo um pensamento, uma sensação ou um sentimento.

Carolana

Meu coração ardeu dentro do meu peito, assim que cheguei e encontrei Adelir e Roque na entrada com uma Júlia ainda bem abatida, fomos praticamente correndo para a sala de espera e eu vi minha filha acuada como nunca vi antes, abraçando o seu melhor amigo, que estava tão assustado quanto. Eu imagino pelo pouco que eles me falaram no telefone o desespero que não passaram vendo tudo acontecer em seus olhos. Sendo muito honesta eu pouco entendi tudo que aconteceu, claro muito porque as crianças me contaram desesperadas, e na linguagem deles sobre tudo que tinham vivenciado, e isso tornava tudo ainda mais desesperador. Pouco tempo após chegarmos, a médica apareceu pedindo para conversar com um dos familiares, e eu jamais tomaria o lugar da mãe da Rosa, mas a Júlia que já não estava num dia bom após os acontecimentos com a Carol, não queria se soltar da avó de maneira alguma, então olhei para ela e ela confirmou que eu poderia ir.

Eu nunca pensei que fosse presenciar o acontecimento que eu tô vivendo, minha amiga sempre foi tão cheia de si, segura, amorosa, cuidadosa com ela e com todos nós e agora está presa em uma cama da psiquiatria desse hospital, a médica me explicou tudo que pode estar acontecendo até esse momento e eu vacilei, não consegui não chorar, a minha amiga estava isolada, como se fosse uma pessoa perigosa ou como se pudesse contaminar alguém com algum vírus contagioso. A médica citou curto-circuito e psicose e eu juro que foi difícil entender e até aceitar que ela pudesse estar nesse estado, Rosamaria não merecia isso, seus filhos e seus pais também não. Quando voltamos para a sala de espera, pude explicar para Naiane, Maurício e Cida sobre o que a médica tinha me explicado, inclusive sobre não ter visitas e a importância da sedação dentro de seu quadro de saúde, enquanto ela conversava com Adelir, em um canto afastado. Longe dos olhos e ouvidos de Estela, João e principalmente Júlia, que a todo momento perguntava onde estava a mãe, apesar de na hora da conversa a pequena estar dormindo no colo do Roque.

Depois de toda explicação ela se despediu dizendo para irmos para casa, mas antes uma enfermeira levou as crianças para uma nova revisão, afinal eles estavam no carro no momento da batida e o primeiro atendimento tinha sido feito de forma superficial pela falta da presença de um adulto. Naiane entrou com os dois em um consultório de triagem e eu fiquei com os outros, esperando voltarem para irmos para casa. A médica voltou depois e disse que o quadro dela estava estável e que não deu nada mais grave nos exames físicos, ressaltando mais uma vez que era melhor irmos para casa, mas teríamos trabalho já que Júlia foi a primeira a negar. Começou uma pequena conversa entre os adultos longe das crianças, estávamos trocando informações e conversando como iríamos nos organizar com Júlia e João durante os próximos dias, entrando em um consenso de que o melhor era que eles ficassem comigo e Naiane por questões práticas, mas ao mesmo tempo, tentando entender que não só a praticidade poderia ser pensada nesse momento, tinham os sentimentos das crianças.

Estávamos finalizando a conversa para nos encaminharmos para nossas casas, quando minha filha veio rápido até a mim, com os olhos assustados e nos fazendo virar para onde os três estavam.

— Mãe, mãe! A Juju precisa de ajuda, corre!

Eu não fui a única a correr alguns passos até as cadeiras, todos fomos e vimos algo preocupante e assustador, a pequenininha estava pálida enquanto hiperventilava, muito mais nervosa do que quando esteve na redação, Adelir a pegou nos braços e começou a pedir para que ela respirasse fundo, para que conversasse com a gente, Estela voltou a chorar assustada e Maurício saiu com ela, poderia desencadear alguma coisa nela também, João estava com o olhar fixo na irmã e na avó que tentava a todo custo fazer ela respirar direito e parar de chorar. A voz de Naiane cortou a de Adelir e começou a cantar algumas cores que tinham ali, para atrair a atenção da pequena para outra coisa se não a sua crise, fazendo assim com que ela pudesse se acalmar. Em vão, Júlia chorava, gritava, ficava cada vez mais pálida e Cida correu chamar alguém para que pudessem atendê-la.

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