21 - TURBULENTUM

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TURBULENTUM (s.f) do latim significa turbulência. Perturbação da ordem, agitação, tumulto. Agitação ruidosa e desordenada.



Naiane

O QUE DIABOS VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? — Gritei antes mesmo que o vidro estivesse todo aberto.

Eu estava consumida de raiva por tudo que estava acontecendo, era revoltante ver todos a minha volta sofrendo. Em pensar que ela estava sumida, sem se importar em dar uma satisfação aos pais, pouco se importando com os filhos e agora tem estado por aqui como se nada tivesse acontecido, quando sabe, porque ela tem conhecimento jurídico para saber que não pode ficar perto, mediante decisão judicial, ela não pode ter contato com João e Júlia sem que a Rosamaria autorize. Mas o que pega, é que ela finge que é invencível, que é acima da lei, o que torna tudo mais absurdo e nojento. Eu me aguentei todo esse tempo de falar as verdades que ela merece ouvir, me calei, engoli sapo pelo bem da Rosa e das crianças. Contudo, fica insustentável quando ela resolve agir dessa maneira, como uma fugitiva às escondidas.

Poucos segundos depois o vidro já estava completamente aberto, e eu seguia perdida em pensamentos, mas nada me surpreendeu quando vi que ela era incapaz de me olhar. Manteve seu rosto sempre virado para frente, e isso só me deixou com ainda mais raiva.

— Quem você pensa que é para aparecer aqui? — Falei quase rosnando para ela — Qual direito você acha que tem de estar aqui todos os dias, ou você acha que eu sou idiota e não percerbi? — Dei um soco na lataria do carro.

Ao invés de me responder, ela só abaixou a cabeça e olhou para as suas mãos. Eu tentei não continuar gritando, mas não pense que é por pena dela isso de maneira nenhuma eu teria, era apenas para não chamar a atenção das pessoas em volta, mas isso era realmente era impossível com ela ignorando qualquer uma das minhas perguntas.

Caroline se tornou uma mulher covarde, por isso que eu não tenho um pingo de pena de tudo que ela deve estar passando, muito menos me comovo com sua cara de pau. Não é digna disso, quem não pensa na família, nos filhos, não pensa em ninguém.

— EU TO FALANDO COM VOCÊ, ME RESPONDE PORRA! — Peguei no seu queixo para que ela olhasse para mim — Você desapareceu do mundo durante 3 meses, ninguém sabia nem se você ainda estava viva ou não e acha que pode começar a vir perseguir seus filhos? — Bufei enquanto esperava qualquer resposta ou reação, e nada veio. — SE VOCÊ NÃO FOR ABRIR A PORRA DA BOCA PARA ME RESPONDER, EU VOU CHAMAR A POLICIA!

Não pensei duas vezes antes de pegar meu celular, aquilo era absurdo demais. Claro que não chamaria a polícia de fato, pois isso envolveria minha amiga e ela está muito bem para que eu deixe tudo ir por água abaixo, mas chamaria Maurício para resolver os problemas advocatícios com sua filha. O que ele faria com ela, já não seria mais um problema meu.

Antes que eu completasse a ligação, senti uma mão pegando o meu celular, e minha surpresa foi nenhuma ao ver que minha mulher já tinha voltado de sua reunião com a professora.


Carolana

Depois de resolver tudo que precisava com a professora da Estela, passei na cantina para deixar resolvido também o lanche das crianças e enquanto voltava ao carro mandava uma mensagem para Rosa.

"Amiga, chegarei no trabalho um pouco mais cedo do que eu esperava. Vamos almoçar naquele restaurante novo hoje?"

Após enviar a mensagem estava guardando o celular na bolsa, quando ouvi a voz da minha mulher um pouco alterada e logo levantei a cabeça para ver do que se tratava, afinal de contas, ela não era o tipo de pessoa que brigava na rua, muito menos perto do colégio de sua filha.

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