26 - RESUMERE

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RESUMERE (v.) do latim significa retomar. Tornar a tomar algo concreto ou abstrato que se perdeu, recuperar, reaver; dar continuidade a; continuar o que foi interrompido.


Caroline

Desde que assinei o divórcio, decidi que era meu direito legal estar com as crianças, e como tudo tem acontecido ultimamente, comentei sobre essa decisão com a Roberta, que mais uma vez não se furtou a oportunidade de me espezinhar dizendo que eu até poderia, desde que Rosa e principalmente as crianças estivessem de acordo. E bom, depois de uma enorme lista de regras, acordos, conversas intermediadas, começamos essa reaproximação. Ou a tentativa, já que não seria fácil, se tratando dos meus filhos, que são iguais a mim e a Rosa. As condições eram as seguintes: Eu só poderia vê-los quando fosse da vontade deles, sempre na presença de alguma pessoa designada por Rosa para estar o tempo inteiro perto da gente, o tempo de interação será pré determinado por ela e somente em locais públicos e movimentados.

Se eu tivesse qualquer outra opção para que essa reaproximação acontecesse, eu com certeza não teria aceitado todas essas regras.. Era como se eu fosse um monstro a solta, e que se não tivesse uma babá para tomar conta de mim, ou que não fosse num lugar movimentado e com outras pessoas que pudessem me ver, eu seria capaz de atrocidades com meus filhos. Era o cúmulo, mas como meu pai mesmo fez questão de repetir e é claro Roberta não deixou de frisar também, Rosamaria tinha todos os motivos do mundo para me negar esses direito, então agora eu só tava pagando pelas minhas escolhas.

Ta aí, essa é uma frase que sempre mexe comigo, eu estou "pagando" pelas minhas escolhas. Hoje em dia eu consigo ver alguns pontos em que eu errei muito com a minha família, mas ainda assim não me sinto responsável ou culpada por 100% dos problemas que aconteceram. Roberta diz que estou no processo, que eu sou lenta demais para entender o começo dos acontecimentos e seus desencadeadores, e cabeça dura demais para dar o braço a torcer, mas que em pacientes como eu a paciência é a chave para o sucesso.


Rosamaria

Foi um tanto difícil explicar para as crianças que por um desejo dela e para evitar que tenhamos que esperar uma determinação judicial que não vai levar em consideração a vontade deles, eles teriam que voltar a ver a mãe. João foi o primeiro a se negar com veemência, não queria, não aceitava e disse até que não era mais filho dela. Ele tem falado isso com frequência, sinto que ele tomou as minhas dores diretamente, meu filho carrega uma carga absurda de responsabilidades, que eu sequer atribui. Mas eu sabia como tocar meu filho, Júlia, não era justo que ela não tivesse a oportunidade dessa reaproximação, e eu sabia que com a recusa do João ela ia fazer o mesmo. Então eu apelei, a minha pequena não fala, mas eu sei que apesar dos pesares, ela morre de saudade da mãe.

Condições impostas, condições aceitas, eles iriam ver a mãe de início na companhia dos avós, depois das tias, incluindo Renata e Marcela, quando quisessem. Não ia obrigar eles a fazer o que não querem. Pedi ajuda ao João, porque assim que eu comecei a falar os olhos da Júlia se iluminaram de imediato, e depois de um aceite dele, expliquei como ia acontecer não sem antes agradecer o apoio.

— Eu vou mesmo ir ver a mamãe? — Júlia perguntou assim que eu terminei de falar.

— Se você quiser e quando quiser sim, minha filha! — Fiz um carinho na sua bochecha. Ela estava no meu colo.

— Eu quero mesmo! Eu não queria querer por causa do irmão, mas agora eu quero mamãe. — Minha filha falava empolgada.

— Tudo bem Ju, eu sei que você está com saudade dela. — João respondeu também fazendo carinho na nossa pequenininha.

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