O creme escorria por todo o seu cabelo e rosto, pingando em sua blusa e escorrendo lentamente. Isso definitivamente era um grande... desperdício.
- SANGCHU! - Yu-jun gritou indo até o amigo paralisado de olhos fechados um pouco depois da entrada da casa. - você tá bem?
- Tá... Tá entrando na minha boca. - ele falou enquanto o Yu-jun pegava a mesinha.
- Misericórdia...CLARA! VAI AJUDAR ELE! - Minha mãe gritou irritada.
- A culpa foi dela! - me aproximei do pote já no chão e comecei a colocar de volta o creme que estava lá.
- Minha culpa? - Marina se fez de inocente de novo - você quem tava brigando comigo por causa de um creme de cabelo!
- Aí, aí, meu olho tá ardendo! - O coitado do alface, quer dizer, do Sangchu reclamava.
- Ah, ahhh, o que eu faço? - Yu-jun ficou sem sabe o que fazer com o creme que continuava a escorrer.
- Deixa que eu retiro! - me aproximei do Alfa-chu, do Sangchu - seu rosto é... oleoso? - ele balançou a cabeça negando - então fique quieto e não abra os olhos!
Olhei toda a situação, farei o possível para salvar o máximo de creme que conseguir, comecei a limpar e retirar o creme do meu dedo na abertura do pote. Primeiro retirei das suas bochechas e boca, depois dos olhos e testa, dava para ver ele imprensado os lábios quando eu tocava sua pele.
- Ainda está ardendo? - perguntei enquanto tirava o excesso de creme do seu cabelo.
- Um pouco - ele lacrimejava enquanto piscava várias vezes.
- Acho melhor você lavar o rosto.
Quando falei isso, ele conseguiu abrir os olhos esticados, mas eram diferentes dos do Yu-jun e do tio Chul, eram um pouco mais esféricos? Não sei, é difícil explicar. Ele me encarou, acho que estava tentando enxergar algo depois de lacrimejar tanto. Mas se era isso, por que ele mostrou um sorrisinho?
- Quê?
- Você não é coreana, mas fala muito bem. - sorriu.
- Parou de arder? - Yu-jun voltou com uma toalha em mãos. Me afastei depois de limpar o dedo do excesso que tirei de seu cabelo.
- Sim, o que é isso? Tem um cheirinho bom...
- É creme de cabelo, pelo o que parece.
- Você está bem, garotinho? - minha mãe se aproximou.
- Estou sim, senhora... - se curvou um pouco a cumprimentando.
- Pode me chamar de tia Dan. - ela sorriu - desculpe pela bagunça, é que elas vivem brigando.
- Foi a Marina que começou... - sussurrei enquanto tampava o pote e voltava para minha mala.
- E o que você tava fazendo mexendo na minha mala? - Marina puxou o pote da minha mão.
- Procurando um hidratante pra não ficar cheia de bolinhas vermelhas na perna.
- Pega o da mamãe! Não o meu!
- Tem na minha bolsa, Clara! Pegue logo e vá tomar banho! - Aquele era o sinal de que ela não queria mais brigas.
Peguei tudo o que precisava e fui para o banheiro do térreo, mesmo não gostando de tomar banho com visita em casa, se bem que... Como ele entrou se tínhamos fechado a porta? E ninguém tinha ido abrir, muito menos escutei a campainha... Não me diga que já deram a senha pra ele!?
🌸🌸🌸🌸🌸
Quando sai do banheiro vestindo uma roupa mais agradável, a comida já havia chegado e, infelizmente, ele ainda estava ali sentado ao lado do Yu-jun na mesinha posta no meio da sala.
- O que vamos fazer amanhã? - perguntei me sentando só lado da minha irmã, mamãe e tio Chul estavam na ponta.
- Bom, precisamos colocar um telefone e comprar chips de celular novos, depois teremos que ver se seu uniforme escolar já está pronto, fazer uma lista do que precisamos comprar e ter notícias das nossas caixas - Mamãe me respondeu.
- Façam uma enorme lista, comprem tudo o que quiserem! - tio Chul a completou.
A tigela de macarrão a minha frente estava quentinha e cheirava bem, havia pedido comida para vegetarianos, enquanto para eles era normal. Cheirava bem, não vou negar, mas... Não teria garfo?
- Como se segura esses palitinhos? - perguntei para Marina que parecia já estar devorando tudo.
- Agora quer minha ajuda? Queria te ensinar antes, mas você nem se importou. - respondeu com um pouco de macarrão na boca.
- Tá! Pode ficar com o creme de cabelo, só não venha atrás do meu!
- Você precisa ver o lado deles! O mais fino é pra baixo, apoia um no indicador e no do meio assim... E o outro na dobrinha do polegar.
Ela explicou e mostrou, juro que tentei segui-lá, mas tudo parecia ser tão complicado, por que tínhamos que comer dessa forma? Não teria uma forma melhor? AFF, de novo... QUERO VOLTAR PARA OS MEU PAÍS!
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Cala A Boca, Oppa!
Teen FictionEu queria saber em que momento da minha vida as setas do meu destino começaram a apontar para esse país. Será que foi quando minha mãe foi promovida? Ou quando ela se casou com o meu padrasto? Foi quando meu novo meio-irmão ligou para o padrasto ped...