Capítulo 11

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{Hyung, hoje na escola eu conheci uma pessoa que tem o seu nome, mas ele é completamente diferente de você, foi ele quem você me enviou?}

{Eu acho que sim... Porque durante todo o dia ele me seguiu para todos os lados, senti como se tivesse adotado um cachorrinho. Mas acho que fui rude com ele.}

{Vou pedir desculpas a amanhã, não... Você sabe que eu não sei pedir... Então, vou comprar um lanche para ele, você sabe que essa é minha forma de pedir desculpas.}

{Você sabia várias coisas sobre mim... Mesmo eu não falando nada.}

— Batata-ssi! Batata-ssi! — a voz irritante me fez levantar a cabeça — já chegamos, Batata-ssi!

— Batata-ssi? Está me chamando de batata?

— Você chamou o seu "Oppa" de saco de batata, você deve ser a Batata-ssi então... — ele sussurrou quando me levantei. Aí que bicho chato da porra.

— Desculpe, Oppa! — falei baixinho sorrindo de forma falsa e passei por ele.

Yu-jun já estava nos esperando nas escadas do ônibus. Ao descer, a parada ficava bem próxima dos portões da escola, me lembro que a diretora comentou que teve que ir ao governo para pedir essa parada para ajudar alunos e blá blá blá. Naquela hora eu só estava pensando no quão métidos os alunos daquela escola deveriam ser, menos o Yu-jun.

Os portões já estavam abertos e em um canto, tinha um professor e um aluno com uma prancheta olhando todos os outros alunos que entravam. Apesar de ser totalmente diferente isso me fez lembrar do porteiro da minha antiga escola... Seu Álvaro.

Seu Álvaro era um senhor de idade, mas era mais animado que muitos alunos que chegavam na escola às 7 da manhã, exaustos por terem quase madrugado jogando ou assistindo algo e terem acordado tão cedo para ir a aula. NINGUÉM que passasse por ele, por mais cansado que estivessem, deixava de falar um "Bom dia, seu Álvaro!", isso porque ele era cúmplice dos nossos roubos continuos do café da secretária.

O café não tinha nada de diferente do que tomamos de manhã e de noite, era um simples café da cafeteira, mas TODOS, no intervalo, entre as aulas e até na hora de ir pra casa, roubavam nem que seja um copinho daquele café, apesar do calor enorme lá fora.

São essas lembranças que me fazem reforçar a ideia de voltar pra casa.

— Ele é o professor de educação física — Yu-jun comentou, provavelmente porque estava os encarando — e aquela é uma aluna do terceiro ano, eles ficam com a prancheta para anotar o nome daqueles que chegam atrasados ou fora das normas de vestimenta, não tinha isso na sua escola, não é?

— Não... Não tinha...

— Em qual sala você vai ficar? — Alface perguntou.

— Hm... Primeiro ano C, parece...

— Caramba, pensei que você ia ficar no E, mas no C? Suas notas são tão boas assim?

— Quê? Como assim?

— A classe que você fica é de acordo com as notas que você tira na escola, mudamos de sala a cada semestre, os professores dão os mesmos assuntos, mas a diferença é que dá A até a C, os assuntos são mais aprofundados — Yu-jun explicou — Eu e o Sangchu estamos no B.

— B?! Ha, até parece que esse cara de alface é tão inteligente assim.

— O que você disse? Não entendi.

— Hã? Nada não... E quanto aos professores? Quem são?

— Tem professores para cada matéria, mas cada sala tem um professor responsável, qualquer problema que tiver deve ser tratado com eles, são os professores que vão até a sala e é cadeira marcada.

— A aula de educação física é a única aula que toda a turma se encontra e você tem que trocar de roupa no banheiro e ir para a quadra que o representante de classe falar. — Alface completou.

— Espera, espera, são muitas informações... — eu não tava entendendo mais nada, isso são regras? Quem é o representante de classe? As matérias são mais difíceis? Como vou entender tudo?

— Aos poucos você vai pegando o costume. — Yu-jun confortou — só não chegue perto dos fumantes.

— Tem fumante nessa escola? Maconha? Crack? Ou é lóló?

— É cigarro, não exagera! — Alface falou com cara de riso. Idiota.

— Leva ela até a sala dos professores, tenho que falar com os outros representantes sobre esse ano. — Yu-jun pediu assim que trocou de sapato — qualquer coisa me procura! — concordei e ele foi na frente.

—  Troca de sapato, não pode andar pelo prédio com os sapatos de fora — Alface jogou o seu par no chão e começou a calçar.

— Ele é o representante da classe? — tirei os meus do armário e coloquei no chão.

— Sim, ele é desde que nos conhecemos.

— Representante... Deve ser uma responsabilidade enorme ser representante... — retirei meus sapatos e coloquei os outros, sentindo uma mistura de pena e orgulho em relação ao Yu-jun.

— Eu sou vice-representante... — ele falou logo em seguida como se quisesse se exibir — eu que ajudo ele nos afazeres de representante, é muita responsabilidade também.

— O Yu-jun é muito responsável, vai crescer na vida... — ignorei totalmente o que o alface tava falando e subi o palanco para o corredor.

— Você não me ouviu? Eu quem ajudo ele! — O Alface veio atrás de mim.

Enquanto andávamos, várias e várias pessoas me olhavam, todos com seus traços asiáticos e com um pensamento bem claro: "Quem é essa garota?". Eu já havia pesquisado, o preconceito dos coreanos com estrangeiros são extremos, isso me assusta, teve relatos de brasileiros que foram expulsos de alguns locais por serem brasileiros. Isso me dá medo.

— Olha... — escutei uma garota falar quando passamos por elas — quem é ela? Novata?

— Estrangeira, certeza que é australiana. — a outra responde.

— Como ela pode ficar ao lado do Sangchu no primeiro dia de aula? — a menina, falou isso alto o suficiente para eu escutar mesmo a dois metros de distância.

Ah... É mesmo... A popularidade deles, havia esquecido disso.. então, nesse caso... É agora que os boatos se espalham?

Cala A Boca, Oppa!Where stories live. Discover now