Capítulo 10

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Só quem tem irmãos sabe que: "Nunca se deve baixar a guarda, no mínimo de deslize eles já atacam!". Sempre foi assim e sempre vai ser. Comigo não é diferente, na primeira oportunidade que teve Marina se aproveitou do meu dia de trégua e atacou.

- Mana... Posso te pedir um favor? - piscava os olhos e sorria de leve como uma cobra, essa foi uma das habilidades que ganhou ao assistir tanto esses doramas.

- O quê? - falei suspirando quando estava colocando os sapatos na entrada.

- Pode passar no café que eu vou começar a trabalhar e me falar como ele é? Vou começar semana que vêm e eu tô muito nervosa. Tira fotos, manda videos, me fala o que tu achou... Pra eu não passar vergonha.

Foi o que ela disse com sua voz de serpente mança. Essa voz não me engana... Ela não me engana... Mas infelizmente eu concordei. Eu concordei em ir por curiosidade, queria saber como é o café coreano e o que ele tem de diferente do brasileiro, que na minha opinião, são os melhores.

- Kurara... - Yu-jun chamou assim que chegamos no ponto de ônibus - o papai falou que vai comprar bicicletas para a gente, mas até lá iremos precisar ir de ônibus, talvez eu não volte com você hoje, então toma cuidado para não descer no lugar errado.

- Os ônibus daqui são difíceis?

- Não são! Entre um e outro demora mais ou menos trinta minutos e ali - ele apontou para um painel - mostra de que horas eles vão chegar, eles começam a circular às cinco e param de meia noite, assim que entrar encoste o cartão e quando for sair também! Cuidado com quem senta e não fique em pé perto de homens. Se escutar um clique, descubra da onde foi e fale para todos!

- Como assim? Click?

- Os celulares que fabricamos vem com a configuração de tirar o barulho da câmera bloqueada, isso porque tarados que tiram fotos por baixo das saias de mulheres é comum. - Sangchu falou digitando alguma coisa no seu celular.

[Na Coreia, é comum homens tirarem foto por baixo das saias das mulheres]

- Quê? Mas não era um país seguro? De primeiro mundo?

- Nem países de primeiro mundo escapam disso, ah e... - Yu-jun pareceu se lembrar de algo - Nada de voltar para casa sozinho depois que anoitecer! Evite andar sozinha a noite!

- Tá bom...

Quando falei isso o ônibus chegou, Yu-jun foi na frente e pediu para cobrar duas passagens e me mandou ir na frente. Parecia coisa de outro mundo, não tinha catraca, muito menos aquelas que te impedem de pular e mais parece que você vai ficar presa, nem sequer tinham acentos pichados ou rasgados, muito menos uma multidão de pessoas.

Havia lugares vagos e em perfeitas condições, nada fedia a suvaqueira e não tinha lixo no chão. Se fosse assim no Brasil... Certeza que as pessoas seriam mais educadas... E menos fedidas.

A parte de trás era um pouco mais alta que as demais, então, não tive dúvidas e fui me sentar lá, Yu-jun se sentou logo em seguida e o Alface ao seu lado, acho que não irei me importar de ir para a escola todos os dias ao lado do Yu-jun. De repente meu celular começou a chegar mensagem sem parar.

— Meu Deus... O que será que é isso?

— Deve ser porque você não estava com internet desde que chegou aqui, seus amigos devem estar curiosos — Yu-jun comentou.

— Abaixa esse som... — Alface reclamou — estou com sono!

Problema seu. — tirei o som.

Eram muitas mensagens, não parava de chegar, mas o mais estranho era que não eram dos meus amigos pelo telegram, muito menos o instagram, eram mensagens de um desconhecido. Elas passavam de 300 mensagens e não parava de chegar, quando finalmente parou descidi abrir e descobri que eu havia recebido um número que não deveria pegar.

{Bom dia, Hyung! Hoje faz 3 meses que você se foi... Desculpa ter demorado para atender a sua ligação naquele dia e me desculpe por demorar tanto para mandar mensagem para você também... Eu sinto muito.}

{Eu e a mamãe estamos indo bem, eu acho... A sua ida desabou tudo, precisamos de um tempo para colocar tudo em ordem, foi difícil mais... Acho que conseguimos.}

{Hoje, eu como, eu dormo, eu bebo e jogo também, aquele jogo que você me deu ano passado, nunca me canso de jogar... Ele me faz lembrar você e o quanto era ruim em vídeo-game... Sinto sua falta.}

{Amanhã eu vou voltar para a escola, ninguém sabe que eu tinha um irmão, porque eu tinha tanto orgulho de você que não queria que ninguém te invejasse, eu estava planejando contar quando me formasse, mas... você nem esperou eu chegar no ensino médio...}

{Amanhã as minhas aulas começam, por favor, torça por mim aí de cima, quero retomar minha vida, mas... Eu não quero te esquecer.}

{Torça por mim... E me envie logo alguém que vai me fazer feliz como você falou naquele dia.}

{Entro em contato depois.}

Cala A Boca, Oppa!Onde histórias criam vida. Descubra agora