Capítulo 13

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Yi Seong-gye, Rei Chang de Goryeo, Zhu Yuanzhang, Choe Yeong... Foram tantos nomes que a professora falou e que todos pareciam saber que eu simplesmente desisti de tentar entender pela sua explicação... Será que no YouTube tem algum vídeo explicando sobre essa disnastia Joseon ou Chosun sei lá o quê? Se eu encontrasse uma Débora Aladim Coreana, eu daria graças a Deus aos céus!

— Muito bem... — a professora falou depois que o sinal tocou novamente — por hoje é só! Senhor Jung Seo-min, por favor, auxilie a senhorita Go-kurara mostrando um pouco sobre a escola e as responsabilidades de aluno.

— Sim, Senhora Yoon! — o garoto ao meu lado se pronunciou.

— Todos levantem! — a mesma garota chamou — até mais senhora Yoon! — todos falaram juntos enquanto cumprimentavam, eu vou ter que fazer isso toda vez também?

— Aqui! — o garoto que estava ao meu lado mostrou um caderno bem preservado — Aqui está um resumo bem explicado sobre a Dinastia Joseon, eu percebi que você não estava entendendo o que a professora falou.

— O-obrigada... Jung Seo-min — falei lendo seu nome no crachá. Ele sorriu e seus olhos se espremeram.

— Você sabe sambar? — um garoto se aproximou da minha banca, provavelmente o mesmo que gritou "samba!" Quando disse que era do Brasil.

— Claro que ela sabe, não seja burro! — Outro garoto falou — aí, garota, você já levou um tiro?

— Um tiro?

— Não sabe? O Brasil é um dos países mais violentos, certeza que ao menos um brasileiro levou ao menos um.

— Esqueçam isso! — uma garota se aproximou empurrando os outros — quantos anos você tem?

— Como? — Que tipo de pergunta idiota é essa? Quantos anos eu tenho? A mesma idade que você claramente.

— Ouvi dizer que por ser um país subdesenvolvido, as pessoas começam a estudar tarde... Você sabe escrever seu nome? Tem vinte e quatro? Vinte e cinco?

— Não, ela parece ter uma cara muito nova pra isso. Eu chuto dezoito. — Outra garota se aproximou.

— Você sabe fazer contas? Como chegou no primeiro ano? Fala, quanto é o valor de pi? — um outro garoto disse.

— Pi? Não, melhor, quanto é setenta e cinco vezes quarenta? Essa é fácil vai! Responde! — outro garoto da rodinha falou.

— Ela não tá respondendo, será que ela não nos entende? — a menina de antes balançou a mão na frente do meu rosto.

— OIEEE, MEU NOMEE É SONG JIN-AH! VOCÊ COMSEGUEEE ME ENTENDER? — a garota que perguntou minha idade gesticulava bem a boca e falava bem devagar.

— Gente, para com isso! — Jung Seo-min tentou afastar a rodinha que havia se formado em volta da linha cadeira.

"Respira... Respira... Você não pode arrumar problemas, você não pode sair batendo em todos! A mamãe falou para não arrumar problemas no primeiro dia de aula!" Era o que eu fiquei repetindo. Não é que eu tenha medo de falar com pessoas diferentes, ou responder perguntas simples, ou que tenha claustrofobia, mas quando várias pessoas ficam ao redor de mim, perguntando várias coisas ao mesmo tento, meu coração começa a bater muito forte e eu fico sem ar.

Além disso, a forma com que eles estavam me tratando era ridícula, eu não sou burra ou velha, ou não entendo o que estão falando ou sei sambar, isso é ridículo, parece um bando de babacas. Mas um ponto pra lista.

[Os coreanos são xenofobicos]

Respirei fundo novamente e me levantei com força, todos haviam parado assustados com a reação repentina.

— Não, eu não sei sambar — comecei a responder as perguntas —  Não, eu nunca levei ou vi um tiro ou arma. Tenho quinze anos agora. Sei escrever meu nome. O valor de pi é três vírgula quatorze. Setenta e cinco vezes quarenta é três mil. E eu entendo a todos pois aprendi coreano desde pequena.

— Nossa... — um garoto falou quando terminei de responder a todos.

— Agora se puderem me dar licença eu agradeço, infelizmente não entendi nada da aula de agora por nunca ter sequer estudado, então parem de me chamar de burra ou o que quer que seja só por que sou do Brasil. — me sentei de novo e todos ainda ficaram parados.

— Quinze anos? Ela é mais nova que eu? — a Song Jin-ah falou como se estivesse perplexa, como assim mais nova?

— Bom dia, pessoal! — Um professor entrou e todos foram correndo para seus lugares.

— Mandou bem. — escutei o Jung Seo-min falar quando se virou para sentar.

Preferi não responder ao seu comentário e tentei prestar atenção no que o professor estava falando. Espero que com isso eles passem a me ignorar e me deixar em paz até o dia que eu volte para o Brasil. Pirralhada babaca.

Cala A Boca, Oppa!Onde histórias criam vida. Descubra agora