🌸 Capítulo 5 🌸

33 10 51
                                    

O sol entrava pela janela da sala por não ter cortinas ainda, meus olhos por alguns segundos não conseguiam identificar o que tinha ao meu redor, nem onde eu estava.

Acordou? Levanta! — Marina me empurrou com o pé e então eu lembrei.

Ontem à noite, depois de comermos, havíamos planejando como seria a posição das coisas na casa e depois tínhamos arrumado alguns panos no chão pra dormir todos juntos, como se não bastasse 5 pessoas, minha mãe ainda chamou o Alface para dormir conosco.

Que horas? — me sentei e percebi que eu tinha sido a única que ainda estava dormindo.

— Oito e meia da manhã, venha comer, depois nos arrumamos. — minha mãe me chamou.

— Bom dia! — falei me arrastando até a mesinha.

— Bom dia! — quase todos responderam ao mesmo tempo.

Na mesa, de um lado, tinha três tigelas com arroz e alguns acompanhamentos em pratos grandes, do outro tinha alguns pratos simples, pão, torrada e copos com sucos. De um lado um café da manhã ocidental do outro o oriental, até que eu volte para casa será assim todas as minhas manhãs?

A mamãe comia um pão que parecia ser doce, tio Chul colocava pedaços enormes de arroz com os palitinhos, Marina bebia o suco enquanto mastigava a torrada e o Yu-Jun... O Yu-Jun... Comia seu arroz com omelete eu acho. Era bonitinho ver suas bochechas, talvez comer isso pela manhã não seja tão ruim.

— Pois bem, meninas — começou tio Chul — infelizmente não vou poder ir com vocês, a internet e o telefone iram chegar hoje, então preciso estar aqui para recebê-los, mas o Yu-Jun e o Sangchu vão para orientar vocês.

— Ahh, você sabe algum mercado ou shopping que vende várias coisas de casa por aqui, Yu-jun? — minha mãe perguntou.

— Tem um a trinta minutos de carro daqui, tia. — Ele respondeu depois de engulir.

— Perfeito! Meninas, se arrumem rápido! Temos muito o que fazer hoje! — ela se virou para nós — Clara, minha filha, prenda esse cabelo! Parece que viu um fantasma!

Não sei porquê ela ainda se surpreende, ela sabe que meu cabelo é assim ao acordar e ainda insiste em ignorar isso, sendo que o dela nem é tão diferente assim.

Eu podia ter dito algo, mas apenas comi calada até não ter nenhuma gota de suco no meu copo, juntei minhas coisas e fui para o banheiro. Como não era dia de lavar, apenas retoquei um pouco de creme com água.

🌸🌸🌸🌸🌸


Segundo Yu-jun e o amigo dele, esse lugar era o melhor local para comprar coisas para casa nova, tinha de tudo e de alta qualidade, com preços bons também. Dizia ele que ficava a 30 minutos de carro, mas já fazia quase 1 hora que estávamos rodando porque minha mãe se destraia com alguma coisa.

— Aqui! Aqui! Vira aqui! — gritei já irritada, estar no meio do banco de trás é horrível! Ontem foi a mesma coisa.

— Calma, não precisa gritar! — Ela respondeu — que estresse.

A minha bunda já tá doendo de tanto ficar centada aqui!

Quem manda ter uma bunda grande! — Marina, ao meu lado, provocou.

— Não quero falar com você!

— Aqui, tia Dan! — Yu-jun, sentado na frente a orientou — chegamos!

Assim que o carro estacionou e Marina desceu do carro, eu praticamente escorreguei para fora. O local era enorme, de fato parecia ter tudo o que precisávamos.

— Vamos. — chamou minha mãe animada.

Quando passamos pela porta automática tinha corredores por todos os cantos, parecia mais um atacadão dos presentes da Boa Vista em um enooorme galpão. Começamos a ver as coisas do canto mais próximo, pegando dois carrinhos, só por precaução, e sempre que eu andava sentia alguém atrás de mim.

Yu-jun e Marina iam um pouco mais a frente e minha mãe análisava com detalhes cada item nas prateleiras, eu estava um pouco atrás dela vendo um abajur de abacaxi bem fofinho, quando de novo senti que alguém estava bem ao meu lado.

— O que você fez para deixar seu cabelo com essas voltas tão pequenas? — O alguém que, por acaso, era o amigo do Yu-jun era o culpado pela minha desconfiança.

— Nasci. — voltei a andar.

— Só isso? Minha prima uma vez tentou colocar um permanente, mas ele saiu em três dias... Você faz os cachos à mão? — me acompanhou.

— Eu não faço.

— Tem certeza? São muito perfeitinhos.

— Será que dá pra parar de me seguir? — Ele me encarou sorrindo — o quê?

— Você é tão pequena e irritada, parece uma Chihuahua — sorriu mais ainda.

— E você parece uma folha gigante de alface, ah é... Você é um alface.

— Isso, esse é o meu nome, Sangchu. — confirmou com entusiasmo.

— Hum, um nome ridículo. — dei alguns passos.

— Talvez, mas pelo menos eu não gosto do meu meio-irmão.

— Hã, do que você tá- espera o quê? — me virei assustada.

Seu sorriso, talvez malicioso, e seu ar de empoderamento me fez sentir que... Na verdade eu... Fui pega fazendo alguma traquinagem.

Cala A Boca, Oppa!Where stories live. Discover now