O Baile

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Sob o crepúsculo delicado, Londres se desenha como um cenário de encanto e elegância durante a temporada. O crepitar distante das carruagens sobre as pedras desgastadas ecoa pela cidade, enquanto os lampiões lançam uma luz dourada sobre as ruas de paralelepípedos, criando um véu cintilante sobre as silhuetas das damas e cavalheiros.

À luz trêmula dos candeeiros de rua, os parques se tornam jardins encantados. Árvores majestosas se inclinam graciosamente, oferecendo suas sombras como testemunhas discretas para os encontros furtivos e os sussurros apaixonados. Nas praças, vendedores ambulantes exibem suas mercadorias, e o perfume suave das flores frescas dança no ar.

É nessa Londres cintilante, onde cada palavra não dita é carregada de significado e apenas um olhar trocado pode mudar o curso do destino de uma jovem em idade de casamento, que Lady Elizabeth Wentworth está aprisionada.

Elizabeth é uma bela mulher, com olhos esmeralda e um cabelo cor de fogo, com vinte e dois anos, entretanto sua personalidade a levou a uma idade mais avançada que as outras moças, sendo a sétima temporada que sua família insistentemente tenta lhe arranjar um casamento.

- Elizabeth querida, por favor, sejamos simpáticas com os lordes hoje, sim? - disse Lady Emmeline Wentworth à sua filha quase implorando para a jovem.

- Para que ser simpática? A senhora já tem simpatia por nós duas mamãe, o que me livra dessa obrigação tão banal. - as provocações de Elizabeth faziam sua mãe se contorcer na carruagem, arrancando-lhe risadas-.

Tudo que Lady Emmeline desejava era ver a filha casada, embora tivesse apresentado inúmeros pretendentes, e tentado várias artimanhas, Elizabeth sempre conseguia assustar e afastar os cavalheiros que a cortejavam. Mas, como toda vez, o ínicio da temporada trazia novamente a esperança para a senhora Wentworth, que desde a morte do marido a dois anos, havia feito o casamento de seus filhos Elizabeth e Arthur uma verdadeira missão.

- Senhora, chegamos.

O cocheiro parou a carruagem em frente a luxuosa casa do Duque de Ellingham, para o baile de início da temporada mais esperado de Londres. A fachada exibia detalhes arquitetônicos refinados, com colunas majestosas e janelas altas que deixavam espreitar o resplendor de candelabros acesos. O jardim, meticulosamente cuidado, apresentava uma explosão de cores de flores desabrochando em harmonia. Ao adentrar os salões da residência, damas em vestidos suntuosos e cavalheiros em trajes impecáveis encontravam-se sob o brilho suave de lustres de cristal. Tapetes persas adornavam os pisos de madeira polida, enquanto retratos de ancestrais olhavam silenciosamente das paredes forradas de seda.

À luz das velas, o salão de baile ganhava vida. Damas giravam graciosamente em vestidos que capturavam a essência das flores da estação, enquanto os cavalheiros conduziam a dança com a elegância de verdadeiros mestres. A música fluía, uma melodia envolvente que permeava o ambiente e guiava cada passo. Os candelabros cintilavam acima, lançando uma luz suave sobre a multidão, enquanto as conversas sussurradas e risos discretos dançavam pelos salões.

Em um canto estratégico, uma mesa adornada com uma cascata de flores servia como palco para uma exibição de iguarias culinárias, oferecendo um repasto para os sentidos. 

Os Ellingham possuíam a fama de sempre estrear a temporada, a duquesa era uma conhecida casamenteira, juntando senhoritas e cavalheiros em matrimonio, tramando armadilhas românticas junto com as mães da alta sociedade. Sua fama entre as famílias é nunca falhar em arranjar um casamento, exceto pelo seu filho o futuro duque Edward, e seu sobrinho o Marquês Phillip Beaumont.

Naquela noite, Lady Elizabeth Wentworth se encontrava entre as sombras da grande sala de baile, seus olhos esmeralda observando atentamente o movimento. Seu vestido azul celeste destacava-se entre os tons mais escuros da multidão, enquanto ela permanecia envolta em uma aura de mistério e elegância.

O Marquêsحيث تعيش القصص. اكتشف الآن