Louca

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As semanas se passaram e juntamente com eles os bailes e eventos sociais, e com eles as notícias sobre a suposta insanidade de Eleanor se espalharam como o vento. A cada dia sua presença era menos requisitada. O plano de Charlotte se mostrara extremamente efetivo, qualquer tentativa de escândalo por parte da mulher, seria atribuída a sua louca paixão obsessiva e não correspondida por Phillip, poupando-os de qualquer problema que pudesse expor o casal às línguas maldosas da alta sociedade.

Phillip estava cuidando das questões do marquesado, enquanto Elizabeth estava com Arthur e Charlotte na sala, falando coisas sobre o bebê. E por mais que o Marquês estivesse animado com a paternidade, ela também o preocupava, pois tornava ainda mais perigosa a reação de Eleanor, e ele sabia que as notícias sobre gestação da esposa já estavam começando a correr mais do que ele gostaria. 

Após a noite de amor em que havia se declarado, o casal tinha conseguido chegar em um consenso e estavam se dando relativamente bem (e por bem significava que por muitas vezes se desentendiam, mas, voltavam a se entender a noite, mas precisamente na cama, quando um ardia pelo outro), estavam planejando retornar a casa de campo, o que seria um refúgio para ambos, um lugar onde poderiam se afastar temporariamente de todos e fortalecer os laços que estavam construindo. A decisão de deixar para trás os salões de baile e as festas foi uma escolha consciente, uma tentativa de preservar a recente paz que encontravam um no outro.

Definitivamente, era o que ele queria, momentos a sós com a esposa, e no máximo a visita do cunhado, do primo, e de Charlotte que era praticamente da família, sem precisar se preocupar com a exagerada etiqueta e modos que o peso do seu título lhe impunha, poderia ser só Phillip que amava grandiosamente Elizabeth.

Foi então que percebeu, que mal conseguira terminar de analisar os documentos que precisava, resolveu fazer uma pausa e conferir a conversa da sala de estar, seria uma ótima oportunidade para um chá, e se tivesse sorte ainda haveriam bolinhos, mas então aconteceu, escutou uma gritaria, e seguido de um sonoro "Ela está grávida, como se atreve?!", que nitidamente era de Arthur, e vozes de mulheres se perdendo em uma discussão, Phillip correu até a sala de estar e parou na porta ao se deparar com a cena: Arthur segurando Eleanor, Charlotte segurando Elizabeth, os criados em parte assustados e em partes cochichando.

- Phillip! - berrou Eleanor. - Ela me proibiu de ir vê-lo! - e apontou para Elizabeth que estava com os cabelos bagunçados e espalhafatosos. - E agora este senhor está mentindo que ela está grávida, como estaria grávida, se nunca foi tocada? Você jamais tocaria numa mulher que não tem intenção de amar, eu o conheço. 

Antes que ele pudesse responde-la, Elizabeth esbravejou.

- Sim, estou grávida de Phillip! E sim, ele me ama! Eu sou a esposa dele, você é apenas uma viúva libertina, uma aventura de seu passado, que precisa se colocar no seu lugar. Você se quer foi esposa dele, seu marido era Lorde Thornton. Estou cheia de aturar as suas loucuras e as suas grosserias! 

A sala ficou em silêncio por um momento, e Eleanor lançou um olhar furioso para Elizabeth.

- Mentirosa! - gritou em surto enquanto se debatia ainda presa nos braços de Arthur - Ele nunca faria isso!

- É a verdade Eleanor. - interferiu Phillip tentando acalmar a mulher e não piorar a situação, mantendo seu tom de voz naturalmente sereno. - Eu realmente a amo, ela realmente está grávida. Vamos acabar com isso e seguir nossas vidas?

Eleanor baixou a cabeça e se pode ouvir um ruído baixo que parecia um choro, entretanto, a sala foi tomada por uma risada diabólica, a mulher gargalhava histericamente. 

- Se eu não posse tê-lo, então ninguém mais poderá. - disse se soltando de Arthur. - Espero poder falar com você em particular Phillip, visto que foi para isso que vim até aqui, mas fui impedida. Aparentemente sua esposa, a Lady e o cavalheiro presentes, estão espalhando falácias contra a minha pessoa.

O MarquêsWhere stories live. Discover now