Casamento

80 15 19
                                    

O dia do casamento de Elizabeth finalmente havia chegado, e aconteceria na mansão dos Ellingham, uma vez que a duquesa era praticamente a mãe de consideração de Phillip e não permitiria que ocorresse de forma diferente. O casarão estava adornado com uma profusão de cores e flores, um espetáculo visual que rivalizava com a mais exuberante primavera. Os tons suaves de rosa e azul se entrelaçavam como os primeiros raios de sol acariciando delicadamente um campo de flores frescas.

Luminárias de cristal pendiam do teto, lançando centelhas cintilantes sobre os convidados que preenchiam o salão. O ambiente estava impregnado com uma mistura encantadora de risos, suspiros e murmulhos conspiratórios, enquanto damas de vestidos esvoaçantes e cavalheiros elegantemente trajados se moviam.

As mesas, decoradas com arranjos florais exuberantes, exalavam o perfume delicado das rosas e das lilases. Talheres de prata brilhavam sob a luz suave das velas, criando uma atmosfera de elegância e refinamento. A música, tocada por uma orquestra invisível, flutuava pelo salão como uma melodia romântica, envolvendo os presentes em uma dança sonora.

Elizabeth se olhava no espelho, vestida de forma elegante com um vestido de seda,  o corpete ricamente bordado com fios de prata e pérolas, abraçava suavemente a figura da noiva, delineando sua silhueta com uma graça celestial. A saia fluía como uma cascata de nuvens, feita de camadas etéreas de organza e renda, cada dobra e prega cuidadosamente elaborada para criar uma sinfonia de movimento angelical. 

Ela estava magnífica, mas se vendo daquela forma, nada parecia certo, sua vida mudaria a partir daquele momento. Ela iria deixar o nome do pai e da família, e passaria ser a Marquesa Beaumont, nada daquilo era o que ela realmente desejava. Elizabeth não era contra casamentos, apenas não queria ser mais um número, ser uma mera dona de casa, cujo os únicos prazeres era bordar, tocar piano e cuidar dos rebentos. Não, ela queria mais, queria mais da vida e de si mesma, queria conhecer o mundo, escrever, visitar países dos quais só ouvira os homens contarem em suas viagens em busca de aventura, e se nesse desejo coubesse o amor, então ela o queria, queria com todas as forças, um amor que a libertasse, não que a prendesse.

- Olá meu amor....meu Deus - Lady Emmeline colocou as mãos na boca, seus olhos encheram de lágrimas com um misto de espanto e orgulho - você está exuberante minha filha! Eu sonhei tanto com este dia.

Elizabeth soltou um sorriso fraco, afinal, não era porque não estava feliz, que deveria estragar a felicidade da mãe. Em todos aqueles anos, ela nunca vira a mãe com aquela expressão de orgulho nos olhos, e então por um momento ela também se sentiu feliz.

- Obrigada mamãe. Estou mais bonita que a rainha? - disse fazendo uma careta.

- Que ela não me ouça querida, mas com certeza, você é a mulher mais bonita de toda a Grã-Bretanha. - o sorriso iluminado de Lady Wentworth deu lugar a uma feição séria e sombria, os olhos verdes como o da filha, tornaram-se profundos. - Querida, eu preciso conversar com você, sabe, do que vai acontecer hoje.

- Meu casamento? 

- Não querida, sabe...aquilo que acontece a noite. - disse gesticulando algo inexplicável com as mãos, e quanto mais Lady Emmeline falava, mais rubra a pele de seu rosto se tornava.

- Ah, as núpcias... - era inevitavel para Elizabeth não conter o riso, mas mesmo ela assim, ela se esforçara para isto. - continue mamãe.

- Vo-você sabe, bem...sa-sabe quando, um homem e uma mulher, eles se de-deitam e voce, ora...

Elizabeth explodiu em uma gargalhada.

- Por Deus, do que você está rindo?! - a senhora colocou as mãos na cintura com o rosto irritado, - por um acaso estou contando alguma piada?

O MarquêsWhere stories live. Discover now