Acordo

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Um mês se passou desde aquela noite tumultuada. Elizabeth permanecia na casa de Londres, enquanto Phillip se refugiara na solidão da mansão no campo. O tempo não trouxera clareza ou resolução; em vez disso, deixou um rastro de incertezas pairando sobre ambos.

Elizabeth tentava permanecer indiferente ao que acontecera, focando em ler livros, tocar piano, visitar a modista e as confeitarias com Charlotte. Porém, por mais que se esforçasse para manter o dia sempre cheio, com os eventos e suas responsabilidades de marquesa, quando a lua e as estrelas denunciavam a noite que chegava, ela se pegava pensando em Phillipe e Eleanor. Os dias passavam de forma indiferente, e a mansão Beaumont se tornava cada vez maior devido a solidão que crescia com a jovem Marquesa.

- Milady, visita para a senhora. - bradou a governanta da casa, tirando Elizabeth de seus pensamentos enquanto estava sentada nas cadeiras da sala de estar.

- E quem seria? - só existia uma visita que ela ansiava ver, que fosse para discutirem e brigarem, que fosse para gritarem, céus, ela queria vê-lo.

- Lady Eleanor Thornton, senhora.

Ela sentiu o coração parar por um instante, e deu graças a Deus de a governanta da casa ser sempre muito discreta, pois teve certeza que a cor deveria ter sumido de sua face, assim como a respiração lhe havia falhado.

- Quer que eu a mande embora, senhora? - a velha parecia ter entendido as reações que Elizabeth tivera, e de forma sútil tentava se livrar do problema.

- Não, por favor a mande entrar, sirva chá, leite e bolinhos, e por gentileza, não permita que nenhum outro criado entre na sala Gertrude.

A velha governanta assentiu, saindo da sala.

Lady Eleanor adentrou a sala com uma postura altiva, seu olhar perscrutando cada detalhe do ambiente. Elizabeth permanecia sentada, mantendo a serenidade na superfície, emborao seu interior fosse turbulento.

- Boa tarde, Marquesa Beaumont - Lady Eleanor cumprimentou com um sorriso falso nos lábios.

- Lady Eleanor... - Elizabeth respondeu, fazendo um gesto para a mulher se sentar.

- Suponho que esteja se perguntando o motivo da minha visita. - Eleanor começou se ajeitando na cadeira.

- Não tenho o hábito de especular, Lady Eleanor. - Elizabeth retrucou com um meio sorriso irônico. 

- Deveria aprender a ser mais astuta, então. - respondeu a mulher.

Elizabeth arqueou uma sobrancelha, mantendo a postura ereta.

- Bem, permita-me ir direto ao ponto. Como Vossa Graça deve saber, eu sou viúva de Lorde Thornton, vivi os anos do meu luto por um casamento e desprovido de encanto e carente de paixão, mas eu encontrei isso com o Marques Beaumont, seu marido.

- Lady Eleanor, o que quer dizer com isso? - questionou Elizabeth, fingindo uma falsa confusão.

Eleanor ignorou a pergunta e continuou, como se estivesse desenrolando um teatro cuidadosamente ensaiado.

- O tempo que passei com Phillip foi um período de paixão avassaladora, um fogo que queimava mais intensamente do que qualquer coisa que experimentei antes. Seu marido, Marquesa, é um homem que busca algo mais do que uma vida de formalidades e convenções sociais. Ele deseja paixão, deseja ser envolvido pelas chamas de um amor verdadeiro.

Elizabeth, mantendo sua compostura, rebateu:

- Lady Eleanor, você e Phillip podem ter compartilhado algo no passado, mas ele é meu marido. Estou ciente de nossas circunstâncias, e não tenho intenção de permitir que interferências externas abalem a estabilidade que tentamos construir.

O MarquêsWhere stories live. Discover now