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Os dias que se passaram foram com Phillip visitando com regularidade sua noiva, visto que o casamento aconteceria em duas semanas. Os comentários e rumores seguiam controversos pelas bocas maldosas da alta sociedade londrina, há quem dizia que Elizabeth, a rebelde, estava apenas esperando um casamento por negócio que lhe desse o maior e mais luxuoso benefício financeiro, e sair do status de Lady para Marquesa teria sido um ótimo golpe.

As festividades pré-casamento eram frequentes, e os olhares curiosos pairavam sobre o casal, como abutres esperando por qualquer sinal de fraqueza na união iminente. Phillip, por sua vez, estava mais presente do que nunca, esforçando-se para entender a mulher que estava prestes a tornar-se sua esposa por um acordo, não por amor.

Certa tarde, em um dos salões da mansão Wentworth, onde as damas da sociedade se reuniam para costura e fofocas, Elizabeth encontrou-se no centro de uma teia de olhares julgadores.  Lady Harriet, com seu sorriso calculado, aproximou-se de Elizabeth no salão de costuras.

- Lady Elizabeth, ou seria mais apropriado dizer futura Marquesa? Uma ascensão meteórica, não acha?

Elizabeth, mantendo sua compostura, respondeu com um toque de ironia:

- De fato, Lady Harriet, os degraus da sociedade podem ser tão intrigantes quanto uma trama bem elaborada.

As damas ao redor, ansiosas por um espetáculo, prestavam atenção à troca de palavras entre as duas mulheres.

Lady Harriet, conhecida por suas insinuações, não se conteve:

- Aceitar a proposta do Marquês tão prontamente revela mais do que uma mera inclinação ao amor. Teria a senhorita outros motivos....mais práticos? - apesar de sútil, era possível observar um sorriso formado no canto da boca de sua boca.

- Ah, a sociedade adora conjecturar sobre os motivos alheios. Mas, como já sabemos, as fofocas nem sempre são as fontes mais confiáveis de informação. E além disso não é adequado que senhoras e senhoritas como nós, tão bem educadas, nos deleitemos com especulações, não concorda Lady Harriet?

O olhar afiado de Elizabeth desarmou momentaneamente Lady Harriet, que não esperava tal resposta. No entanto, a dama astuta rapidamente se recuperou:

- Certamente, minha querida, mas a sociedade é uma máquina insaciável de especulações. E quando se trata de uma união tão repentina, é difícil não se deixar levar pelas teorias mais... intrigantes.

- Intrigantes, de fato. No entanto, não seria a vida monótona sem um toque de mistério? Afinal, não são as surpresas que tornam a existência verdadeiramente cativante? - respondeu Elizabeth desafiando-a com o olhar. - E reitero que, quantas mulheres na nossa sociedade realmente tem a chance de se casar por amor?

Lady Harriet, decidida a manter o controle, continuou:

- Casamentos, minha cara, não são jogos. E os jogos que envolvem corações podem ser particularmente perigosos.

- Concordo, Lady Harriet, os corações são como cartas em um jogo de paciência. Às vezes, é preciso paciência para encontrar a combinação certa. - retrucou Elizabeth.

A dama mais velha, agora desafiada, deu uma risadinha forçada:

- Espero que o jogo lhe seja favorável.

Elizabeth, com uma elegância provocativa, concluiu:

- Lady Harriet, na vida, como no jogo, as cartas estão constantemente sendo embaralhadas. A arte está em jogar com o que se tem, não com o que se deseja.

Os dias que se seguiram à intrigante conversa no salão de costuras transcorreram com eventos e obrigações sociais. A cada aparição pública, os olhares curiosos e os sussurros discretos seguiam o casal como sombras e tudo que Elizabeth desejava era não ter que participar de mais um baile, embora sua mãe estivera contribuindo diretamente para que seu desejo não se realizasse, marcando um baile para aquela noite.

O MarquêsWhere stories live. Discover now