O que quer Elizabeth

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Apesar de estar numa casa conhecida, Phillip Beaumont se sentia completamente perdido, como se tivessem arrancado uma parte sua, o que de certa forma era verídico. Ninguém deu detalhes sobre como ele havia chegado aquele estado, tudo que ele soubera fora depois por Elizabeth que apenas comentou que ele havia sofrido um atentado na Park Lane. Mas quem em sã consciência atacaria alguém da aristocracia em plena luz do dia?

Edward que até então não havia aparecido entrou no quarto com seu sorriso extrovertido.

- Ora ora, Marquês Beaumont preciso dizer que já te vi em dias melhores. - disse rindo com um deboche fraternal.

- Eu também já me vi em dias melhores.

- Como se sente? Eu te oferecia uma dose de whisky, mas minha mãe e sua esposa me dariam vários sermões sobre como isso é inadequado.

Phillip deu um meio sorriso, refletindo em quanto aquela frase que deveria parecer comum, lhe soava errada e estranha.

- Esposa...-murmurou ele para si próprio.

- Ora, não é absurdo. - riu Edward aliviando a tensão. - Estranho seria se o casado fosse eu.

- O que você sabe sobre nós?

- Você quer saber se a ama? - indagou Edward colocando a mão no queixo com ar investigativo.

Phillip deu um longo suspiro, sabia que queria aquela resposta, mas não sabia se estava preparado para ouvi-la, se não a amasse teria um casamento falido e fadado ao fracasso que os pais tiveram, e se amasse, pelas circunstâncias em que se casaram, a chance de não ser correspondido.

- Bem, meu caro Phillip, a verdade é que vocês dois têm uma história tão peculiar que faria até os dramaturgos mais renomados desejarem ter escrito algo tão intrigante. - Edward respondeu com um brilho travesso nos olhos.

Phillip ergueu uma sobrancelha, curioso e um tanto apreensivo com o que poderia vir a seguir.

- Vocês começaram com uma dança no baile, que, por acaso, terminou em noivado forçado. - Edward começou a contar a história de maneira descontraída, como se estivesse compartilhando um episódio de uma peça teatral. - Em seguida, foram vistos em uma situação comprometedora, o que levou ao inevitável casamento. Oh, e não podemos esquecer que houve um atentado envolvendo uma certa viúva que não lidou muito bem com o fato de ter perdido o bonito Marquês para sua agora esposa.

- Eleanor?! - Phillip estava em completo choque, fazia anos que não ouvia falar sobre sua antiga amante.

- Ela é a responsável por esta tragédia, apesar de me dizerem para não contar, sinto que você precisa estar ciente. - Edward ficou sério, e sua agitação normalmente despojada, deu lugar a uma preocupação eminente. - Ela atirou em você, e logo após em si própria. Eleanor está morta Phillip. 

- Morta? - murmurou Phillip, como se a confirmação fosse difícil de aceitar.

- Sim, meu primo. Uma tragédia de proporções épicas. - Edward disse, tocando o queixo com um ar pensativo. - Você a conhecia bem, mas Eleanor não aceitou bem a notícia do seu casamento. Aparentemente, ela preferiu uma solução mais drástica.

Phillip deixou-se afundar na cama, absorvendo a informação enquanto tentava conectar os pontos entre o passado que conhecera e o presente que ainda tentava compreender.

- E Elizabeth? - Phillip perguntou, sua mente ainda turva com as consequências do atentado.

- Ela está bem, considerando as circunstâncias. - Edward respondeu com seriedade. - Preocupou-se profundamente por você, claro, mas Elizabeth é uma mulher forte. Parece que a adversidade apenas a fortaleceu.

O MarquêsWhere stories live. Discover now