Desculpas

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Naquela noite o plano de Charlotte dera muito certo, e até mesmo a anfitriã que outrora havia tratado Lady Thornton com deveras apreço, havia sido pega entre cochichos com as demais senhoras da alta sociedade. Além disso, as criadas também haviam feito sua parte, e iniciaram o boato sobre a insanidade de Eleanor e suas alucinações sobre um caso com Phillip.

E apesar de saber que tudo estava ocorrendo nos conformes, o Marquês sabia que era questão de tempo até ser confrontado diretamente pela mulher. Eleanor não era o tipo de pessoa que era provocada e deixava barato, e além de tudo, ela ameaçara sua vida, isto porque se quer suspeitava da gravidez de Elizabeth, e ele realmente temia por isso, temia que ela descobrisse, temia que lhe fizesse mal, e que fizesse mal ao seu filho, só de pensar na possibilidade sentia seus músculos enrijecerem e o ar lhe faltar aos pulmões. 

Que ele amava Elizabeth ele já sabia, mas que amava o fruto daquele amor, do qual ele não sabia o rosto, se quer tinha nome, não sabia se seria uma menina ou um menino, isso ele ainda não tinha percebido, mas era esplêndido. E naquele momento, ele percebeu que ele conseguiu um pouco do que os pais jamais tiveram, amor pela família, poderia ser que Elizabeth jamais o amasse, mas seu filho...Ah! Esse iria ama-lo, e iria acompanha-lo por diversos lugares, e ele lhe ensinaria sobre a vida e fariam coisas divertidas juntos. E apesar de não ser completo como ele desejava, já era o suficiente para ele se sentir feliz.

Phillip já estava em seu quarto, quando Elizabeth bateu à porta que ligava ambos os aposentos.

- Pois não? - disse abrindo a porta.

- Eu...eu..só queria me desculpar. - os olhos baixos, e a expressão envergonhada demonstravam que Elizabeth não era o tipo de mulher que se desculpava o tempo todo. - Acho que exagerei na minha reação, sei que você tem seus desejos e anseios, somos casados afinal de contas. É só que....

- Me diga Elizabeth. - suplicou. -Permita que eu entenda.

- Eu também tenho meus próprios sonhos. Eu sempre quis estudar em Cambridge, como você, Edward e meu irmão, mas mulheres não podem, então eu queria minimamente aprender, não precisava ir para a universidade, só ter a chance de aprender algo. Ou de ir viajar, e ver as cores vibrantes da Índia, ou os mares da Grécia...

- Entendo. - murmurou.

- Mas veja, tudo que eu sempre não quis, me tornar uma dama da sociedade, com um casamento com as circunstâncias do nosso, e agora.... - o som da sua respiração ficou mais alto, e suas feições mais duras. - ...e agora um filho.

- Podemos conciliar, é claro que a criança precisará de você nos primeiros anos, mas se tornará mais independente com o tempo, você poderá ter babás e estudar o que deseja em casa.

- É claro. - ela respondeu em tom de ironia.

- Elizabeth eu falo sério, eu realmente estou falando sério, e nada do que eu disse é escandaloso, imoral ou impossível! - Phillip respondeu com o tom de voz levemente alterado, era incrível como Elizabeth era uma das poucas pessoas que conseguiam o tirar completamente do seu controle emocional, ela sempre conseguia fazer com que ele demonstrasse as emoções, e isso o incomodava.

Elizabeth suspirou profundamente antes de continuar.

- Phillip, você não entende. Eu não tenho escolhas. Não posso simplesmente decidir meu destino como um homem pode. Minha vida foi traçada antes mesmo que eu pudesse entender o significado da palavra "escolha". Meu papel é ser uma esposa, uma mãe, uma dama da sociedade. Eu não posso simplesmente ir contra as expectativas, mesmo que eu queira.

Phillip sentiu a frustração dela ecoar em suas palavras. Era uma verdade difícil de aceitar, uma realidade que ambos estavam presos. Ele se aproximou dela e segurou suavemente seu rosto entre as mãos.

O MarquêsOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz