[FINAL] O que eu faria sem você?

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Elizabeth adentrou o casebre enquanto os raios rasgavam os céus, e as gotas da tempestade praticamente impossibilitavam qualquer visão, sentou-se no chão encharcada. Ela não sabia exatamente o quão distante da mansão estava, cavalgou tão perdida em seus pensamentos que perdeu a noção do tempo e do espaço.

O local era bem cuidado, possuía uma pequena cama de casal, e uma lareira, havia madeira, o que significava que provavelmente os empregados estiveram cuidando do pequeno casebre, o deixando pronto para uso.

- Por Deus, tenho tudo que preciso menos uma perna funcional. - esbravejou.

Ela sentiu um leve desconforto no ventre, o bebê se movimentava em protesto, era uma das primeiras vezes que ela o sentia se movimentar de forma tão intensa, o que lhe fez esquecer por um breve momento o drama de sua situação.

- Você está bravo com a sua mãe? - ria da situação enquanto acariciava a barriga. - Você está certo em se queixar, eu não deveria ter te colocado nesta situação. Com alguma sorte, seu pai sentirá a nossa falta e virá ao nosso encontro, não se preocupe.

Então, ela percebeu o quão estranha aquelas palavras pareciam, e ao mesmo tempo tão naturais, ela era mãe, Phillip era o pai de seu filho, e com amor ou não, eles eram uma família. Uma família que, apesar de todas as adversidades, merecia uma chance de prosperar.

Enquanto Elizabeth se acomodava, Phillip cavalgava através da tempestade furiosa, seu coração apertado de preocupação. Cada relâmpago que rasgava o céu o fazia temer pelo bem-estar de sua esposa, e ele rezava para que ela estivesse em segurança em algum lugar, longe da fúria da tormenta.

Os minutos pareciam horas enquanto ele se aventurava pelos campos encharcados, procurando desesperadamente por qualquer sinal de Elizabeth. Sua mente estava cheia de imagens terríveis, todas elas retratando o pior cenário possível. 

- Onde aquela mulher louca foi? Sair numa tempestade dessas...cavalgar grávida! Por Deus, eu sabia que ela tinha temperamento difícil desde o baile ma.... - Phillip conteve o pensamento em voz alta. - O baile...Nosso casamento...Minhas....Minhas memórias estão voltando.

Apesar de ainda estarem embaralhadas em sua mente, ele tinha certeza, aquelas eram algumas de suas lembranças com a esposa, e por Deus, ele realmente a amava. Não que tivesse alguma dúvida quando seu primo lhe contou, e não que ele não tivesse sentimentos por Elizabeth novamente. Mas agora ele se recordara do quanto ele a amava, e também teve a certeza que caso aquelas memórias não retornassem, ele a amaria novamente.

- Céus, Elizabeth! Quando eu a encontrar...

Na verdade, ele não sabia exatamente o que faria, se a reprenderia, se gritaria com ela, se a beijaria e daria graças a Deus por encontrá-la segura. 

Finalmente, após uma busca angustiante, Phillip avistou o casebre ao longe. Com o coração batendo descontroladamente, ele apressou o cavalo, rezando para encontrar sua esposa sã e salva.

Enquanto isso, Elizabeth lutava para manter o otimismo diante da situação desafiadora em que se encontrava. A dor em sua perna era aguda, mas ela se recusava a ceder ao desespero. Segurando-se à esperança de que Phillip viria em seu socorro, ela tentava manter a calma e se concentrar na segurança de seu bebê.

A tempestade rugia lá fora, e Elizabeth podia sentir o tremor do chão sob seus pés enquanto os trovões ecoavam pelo pequeno refúgio. Ela sabia que a única opção era esperar, rezando para que Phillip a encontrasse antes que fosse tarde demais.

Então, como se em resposta às suas preces, o som de cascos trovejando sobre o solo encharcado alcançou seus ouvidos. Seu coração deu um salto de esperança quando ela reconheceu o som como sendo o de um cavalo se aproximando rapidamente.

O MarquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora