Capítulo Trinta

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Miguel Martins:

Já se passaram alguns dias desde que assumi de maneira mais formal a gestão da empresa do meu pai. No entanto, percebo que pouca coisa mudou, pois venho cuidando de todos os aspectos nos últimos meses. A transição foi tão suave que mal pareceu diferente em relação à minha agenda. A única mudança notável nesses dias é que tenho dedicado mais tempo a reuniões com meu pai para discutir sua aposentadoria e tenho me envolvido ativamente na finalização do processo de adoção do Pietro, que em breve será oficialmente meu filho.

Além disso, as coisas estão em perfeita harmonia, mas sinto-me mal por não ter compartilhado com Edu sobre a relação amorosa entre nosso pai e Dener. Percebo que ambos se amam profundamente e desfrutam de momentos divertidos juntos. É impossível negar que Dener está passando por uma transformação positiva, inclusive em relação aos meus filhos, que expressam seu carinho pelo vovô Dener. Até Elsie se diverte com as palhaçadas que Dener faz para entreter as crianças e, claro, conversando com a Rosangela, percebi que ele se tornou amigo dela. Posso dizer que estava sendo mais difícil para ela aceitar essa relação, mas aos poucos ela está se aproximando dele.

Eric e Mark gostam muito dele só por verem como ele trata meu pai com todo carinho e compaixão, algo completamente diferente do homem que eu havia descrito anteriormente. Até isso me surpreendeu, como tudo estava acontecendo com delicadeza. Isso fez meu coração doer ao perceber que esse era o pai que o Edu teria desejado ter tido.

Saí dos meus pensamentos quando meu celular tocou e vi que era uma videochamada do Edu. Suspirei, atendi, e fui surpreendido por sua expressão de mágoa.

— Quando você iria me contar? — Edu perguntou com a mágoa visivelmente transparente. — Estou mais surpreso por não terem me contado que o nosso pai está namorando do que por essa pessoa ser o Dener.

Tentei encontrar as palavras certas enquanto encarava a tela do celular, captando a decepção nos olhos do Edu.

— Edu, eu... Eu não sabia como te contar. As coisas aconteceram de maneira tão natural e, sinceramente, eles mesmos queriam te contar.

Edu suspirou, passando a mão pelo rosto, claramente abalado.

— Não sei, cara. É estranho descobrir assim. Acho que eu só queria ter sido informado de algo tão importante e me preparado antes, e não por acaso, quando ligo por videochamada para as crianças verem o vovô e os primos, me deparo com Adele atendendo e nosso pai no sofá com Dener ao lado, o chamando de amor.

Eu podia sentir o peso da responsabilidade pela situação.

— Desculpa, Edu. Não era minha intenção te magoar. Eu devia ter sido mais transparente contigo desde o início. Se quiser conversar sobre isso...

Edu me interrompeu, ainda visivelmente magoado.

— Não sei, preciso processar isso. Acho que vou falar com o pai que está me ligando. Até logo.

A chamada encerrou, deixando-me com um nó na garganta e a consciência de que as coisas precisavam ser resolvidas com mais cuidado no futuro.

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Bateram na minha porta e Alisson colocou a cabeça para dentro, então lembrei que falamos que iríamos almoçar, já que ele tinha alguns assuntos relacionados a um dos acordos dele.

— Está tudo bem? — Ele perguntou entrando e fechando a porta atrás dele com calma. — Se quiser, podemos desistir de almoçar.

— Edu descobriu sobre meu pai e o Dener; ele parecia magoado quando me ligou — Falei e soltei um suspiro. — Deveria ter contado para preparar o terreno mpara quando eles contassem.

Memórias Do seu Coração (MPreg) | Livro 1.5 - de amores perdidos e encontradosOnde histórias criam vida. Descubra agora