Capítulo Dez

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Alison Reed:

Enquanto observava a situação, meus olhos se fixaram em Miguel, cujas expressões revelavam a perplexidade diante do dilema do amigo. Era evidente que ele se sentia impotente diante da notícia devastadora sobre Thomas e a difícil decisão que Arnold teve que enfrentar.

Refletindo sobre a relação de Miguel com Arnold, era claro para mim que esse laço era mais do que uma amizade casual. Havia uma conexão profunda entre eles, construída ao longo do tempo. Testemunhar Miguel nesse estado vulnerável me fez perceber que, por trás da fachada do jovem confiante e resoluto, havia uma complexidade emocional que muitas vezes ficava escondida.

Mesmo sem palavras, eu podia sentir a angústia de Miguel. Era como se, por um instante, as responsabilidades e desafios que ele costumava carregar com determinação se tornassem um fardo mais pesado. Uma parte de mim desejava intervir, oferecer conforto ou conselho, mas compreendi que esse era um momento em que Miguel precisava processar as emoções por conta própria.

Enquanto a batida ritmada na porta ecoava o sofrimento de Arnold, Miguel permanecia ali, de olhos fixos na porta fechada, buscando respostas em sua mente.

— Posso tentar? — perguntei baixinho para Miguel.

— Tem certeza? — Miguel devolveu a pergunta. — O Arnold é um pouco sentimental demais, com a palavra errada pode fazê-lo sofrer ainda mais.

— Apenas confie em mim — falei lentamente. Miguel ficou em silêncio, e eu simplesmente olhei na direção dele quando ele se afastou da frente da porta. Caminhei até lá e fiquei diante da porta, batendo nela.

— — Vai embora, Miguel — Arnold disse. — Quero ficar sozinho! Não quero ouvir sua voz dizendo que não posso me deixar abater.

— Não, é o Miguel — falei. — Sou eu, o Alison. Arnold, eu entendo que se sinta abandonado depois do término com o Thomas, mas pense nisso como algo que é para o seu próprio bem! Se as pessoas acharem que você está associado à máfia da cidade, podem te prender. O Thomas prefere te ver livre, longe dele, do que preso e sofrendo ao seu lado. Pense que ele deseja o melhor para você!

Arnold não respondeu, e eu me afastei da porta, segurando a mão de Miguel.

— Miguel e eu vamos deixar você com o seu tempo! — falei. — Mas saiba que estaremos aqui para você!

Sai, puxando Miguel para longe, e fui até o escritório do orfanato. Ao entrarmos, fechei a porta.

— Você precisa descansar um pouquinho! — falei, e Miguel me olhou atentamente. — Miguel, você está se sobrecarregando. Se continuar assim, não conseguirá ajudar quando algo grave acontecer, como o que ocorreu com o Arnold. Percebi que você estava mais perdido em seus pensamentos e no que dizer do que qualquer outra coisa. Nem parecia que era você. Pode carregar ser fardo junto comigo nesse instante e até o final.

Ele ficou em silêncio ao me encarar, então apertei sua mão. Ele precisava perceber que não estava sozinho nessa situação. Estaria ao lado dele, carregando o peso que estivesse sobre seus ombros a qualquer custo.

—— Eu sei, mas não consigo. Muita coisa está acontecendo comigo ultimamente, e ainda tenho que ficar de olho na empresa do meu pai, no orfanato e nas crianças. Preciso entrar com o pedido de adoção do Pietro, como o Arnold te falou! — Miguel desabafou. — Meu pai não lembra de alguns momentos da nossa vida, dele me ensinando cada coisa e das vezes que eu dizia que o amo e que nada vai mudar isso. Meu único momento de alegria é quando estou com você e com as crianças e com os outros, mas quando fecho meus olhos me sinto como se estivesse me afogando em uma mar de escuridão.

Memórias Do seu Coração (MPreg) | Livro 1.5 - de amores perdidos e encontradosWhere stories live. Discover now