Capítulo Vinte e Cinco

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Miguel Martins:

Meu coração acelerou quando ele me olhou com tanta emoção.

— Pimpolho — ele disse, o apelido que me chamava na infância, e meu coração acelerou ainda mais. — Eu lembrei de tudo!

Olho para meu pai, que se afastou um pouco de Dener, vindo em minha direção. No entanto, meu choque inicial diminuiu ao lembrar-me do que ele estava fazendo segundos atrás.

— Eu lembrei de tudo! — meu pai repetiu, com entusiasmo. — Minhas memórias voltaram. — Ele virou-se para Dener, que o abraçou com força, completamente feliz. Eu apenas fiquei observando a cena, absorvendo a alegria que transbordava entre os dois.

Sei que deveria estar feliz por tudo ter voltado para ele, mas me sentia um pouco perdido em relação ao fato de ele ter escondido essa relação de mim. Claro que não sou uma grande fã do Dener, mas pude perceber como meu pai estava feliz só de mencionar o que fizeram nos últimos dias. A alegria dele contrastava com a minha confusão. Enquanto ele compartilhava os detalhes animados dos últimos dias, eu tentava processar a revelação de que uma parte significativa da vida dele estava oculta para mim. Uma sensação de distância se instalou, e eu me perguntava por que ele escolheu manter segredos.

Tentei disfarçar minhas emoções, mas a máscara de indiferença não podia esconder completamente a mistura de desconcerto e tristeza que eu sentia. Observando o abraço caloroso entre meu pai e Dener, percebi que, de alguma forma, eu estava fora desse círculo de confiança.

Ao mesmo tempo, não queria roubar a felicidade deles, então respirei fundo e forcei um sorriso, decidindo abordar esse desconforto mais tarde, quando as emoções se acalmassem.

— Que ótimo, mas podem me explicar como isso aconteceu... — falei secamente, e isso fez com que ambos se afastassem, percebendo a tensão em minha voz. — Como vocês se tornaram próximos, ou seja lá o que isso é?

O silêncio pairou por um momento, e pude sentir o desconforto pairando no ar. Meu pai trocou um olhar rápido com Dener, buscando uma resposta que pudesse acalmar minha inquietação.

Alisson se aproximou e pegou minha mão, querendo me transmitir força. Seu gesto simples, mas significativo, trouxe um alívio momentâneo à tensão que pairava no ar. Seu olhar solidário expressava compreensão, como se ele pudesse perceber a mistura de emoções que eu estava enfrentando naquele momento.

A sensação de apoio de Alisson foi reconfortante, e eu agradeci silenciosamente por ter alguém ali para compartilhar esse turbilhão de sentimentos. Enquanto meu pai continuava a explicar a situação, a presença tranquilizadora de Alisson ajudou a suavizar as arestas da conversa, criando um espaço onde eu podia processar tudo com mais calma.

— Vamos sentar, e eu vou explicar tudinho — meu pai disse.

Então, de um local atrás de um balcão de uma barraca, Dener tirou alguns banquinhos e entregou para meu pai, enquanto Alisson passou por mim, pegando outros dois. Olhei para o lado, e Alice nos observava.

— Então, começa a me contar! — falei, e estava um pouco tenso, surpreendendo até a mim mesmo. — Como pode ter pensado que isso daria certo, sendo que já ouviu falar do nome Dener e viu uma foto que te mostraram, além de saber como ele tratava o Edu?

Meu pai suspirou e pegou na mão de Dener a apertando com força, e Dener retribuiu o aperto, isso fez meu peito dor um pouco e com um jeito meio9 incomodado.

— Quando ele ajudou a Rosângela e a mim dias atrás, e vi como ele foi galanteador, foi um pouco divertido com ele dizendo às crianças brincando com ele, e o mesmo não sabia como cuidar delas. Eu ajudei, sendo um apoio para ele — meu pai disse.

Memórias Do seu Coração (MPreg) | Livro 1.5 - de amores perdidos e encontradosWhere stories live. Discover now