Norte da Califórnia, 1987.
Em busca de um futuro melhor, a bailarina Maria tem segredos com o objetivo de ir embora e ter mais do que a vida que lhe é proposta, ela só não esperava conhecer Dale, muito menos que ele também tivesse segredos.
Na cid...
Coloco todas as minhas coisas na bolsa, torcendo para que o tempo passe rápido e eu chegue em casa logo, meus pés estão me matando. O ensaio hoje foi puxado, e as outras garotas que estão disputando a única vaga comigo me julgam pelo olhar, torcendo para que eu caísse a cada giro.
—Conteras. - Minha professora chama quando passo pelas portas pesadas de madeira, indo em direção à saída. Olho em volta para as poucas garotas que saem e estão no salão nesse horário, pois apenas seis garotas além de mim estão sendo cotadas.
—Sim? - Vejo ela se aproximando, a postura impecável enquanto seus cachos escuros caem em seus ombros finos.
—Podemos conversar na minha sala?
Sem hesitar afirmo a cabeça e minha ansiedade aumenta enquanto a sigo numa certa distância. A sala que fica ao fim do corredor está fria e com cheiro de flores. Ela faz sinal para que eu sente, o que eu obedeço.
—Você será nossa Clara. A partir de segunda os seus ensaios individuais apenas comigo e seu par, Andrew, começarão. Ficaremos nas segundas, quartas e sábados. Você seguirá vindo para os em grupo, quero sincronia como um time, então nesses três dias você fará dois ensaios seguidos. Tudo bem por você? Sei que pode parecer cansativo...
Ela fala sobre a protagonista de "O Quebra-Nozes" ser designada a mim. Odeio a sensação de não estar surpresa que eu estou sentindo agora. Gostaria de ser mais modesta, mas estava tão confiante que iria ser escolhida. Minha avó me criou bem demais.
—O que me diz? Pronta para arrasarmos em São Francisco em Maio?
Estou sorrindo, levanto da mesa e estendo a mão como uma profissional. Ela aperta de volta.
—Não irei decepcioná-la.
—Estou contando com isso. - Um sorriso sutil em seus lábios finos se forma.
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—Eu sempre soube! - Minha avó me abraça com força e isso me arranca uma risada. Quando me distancio do abraço, vejo que ela está cutucando um vestido azul claro.
Sento no sofá ao seu lado e começo a descalçar meus tênis.
—E esse vestido? - Estou franzindo minha testa.
—Para Teresa. Agora me fale tudo o que ela disse. Precisaremos começar nossos ensaios de apoio amanhã mesmo.
Afasto o cansaço antecipado sobre o fato de que terei dias com três ensaios seguidos, devido a obsessão de Abuela. Precisava me preparar fisicamente.
—Vó, eu literalmente acabei de contar todos os detalhes pra você. E pra onde Teresa vai com esse vestido?
Minha abuela sobe os olhos escuros entre as lentes grossas de seus óculos para me encarar por um segundo e então voltar a atenção para o tecido delicado.
