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ELE

A última coisa que eu queria era me pressionar mais sobre os minutos estarem passando tão devagar, então fui até alguém que sempre conseguia me acalmar. Fui até os olhos azuis mais lindos que já tinha visto.

–Podemos conversar um pouco na varanda? - Pergunto enquanto ela remexe em sua mala, que está em cima de uma das três camas que há no quarto. A casa era grande o suficiente para as meninas terem seus próprios quartos, mas elas sempre ficaram juntas, no cômodo rosa ao lado da sala principal do segundo andar.

Olga deixa minhas duas irmãs rindo em cima da cama de Louise e me segue até a varanda do quarto, fechando a porta de vidro.

–Que pena que não tenhamos mais duas camas aqui, e as visitas tenham que ficar sozinhas no quarto de visitas. - Ela se enrola no edredom que trouxe e senta em uma das poltronas. Está congelando aqui fora, mas está gostoso. - Sobre o que quer falar?

Sento no estofado ao seu lado e estico as pernas no chão de madeira escura.

–Você gostou do natal? - Quero começar com algo simples.

–Claro, é sempre a mesma coisa. - Ela sorri esfregando as mãos enquanto as enluva por baixo do edredom. - Estou animada para nossa costumeira festa de amanhã. Sei que ainda não é natal oficialmente, mas gosto do nosso costume de comemorar na véspera ao contrário do resto do país. Parece que é natal aqui primeiro.

Ela me arranca um sorriso genuíno, Olga fazia isso com facilidade.

–Mas sobre o que realmente quer falar? Sobre Maria?

Aceno devagar, me aproximando mais dela, meus dedos doloridos pelo frio.

–Você acha que, se eu colocasse uma condição difícil sobre a permanência da nossa amizade, você ainda seria minha amiga?

Mesmo sendo aleatório, Olga parece receber minha pergunta com reflexão.

–Talvez. - Responde, me olhando fixamente. - O quão difícil é essa condição?

Meu peito dói, pois eu estava falando sobre drogas.

–Imagine algo bem difícil.

Seu rosto entristece, mesmo que ela não saiba, ainda sinto que ela tem noção de que minha suposição não é de total mentira.

–Dale, essas criações do que pode ou não ser aceito numa relação, - Seus olhos desviam dos meus, corando. - seja amizade ou algo a mais, vão além do que é posto como difícil. Se for algo muito ruim, ainda acho que podemos conversar sobre. Nunca é tarde para você me contar.

Posso ler em seu rosto que ela quer saber. Não irei contar.

–Mas isso não é sobre nós, não é? - Ela coloca, rindo com os ombros. - Eu não a conheço muito bem, mas acho que independente do que você pedirá para ela, tem que saber se ela está apta a perdoar você, em primeiro lugar.

–Perdoar? - Minhas sobrancelhas se franzem.

–Claro. -Ela sorri para mim. - Você precisa saber se ela irá ter facilidade em reconsiderar seus erros quando você errar. Tem pessoas que não sabem lidar muito bem com grandes erros e não conseguem perdoar com facilidade.

Olga era tão sábia. E ela estava certa.

–Vou pensar sobre isso.

–E quanto a mim? Vou perdoar você quando você me contar? - A pergunta me pega de surpresa, e evito seu rosto.

–Olga, se você soubesse que meu maior objetivo é que você não tenha que me perdoar. - Ela estranhamente sorri, triste, e encara a paisagem de neve a nossa frente.

Onde Reside o Desejo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora