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ELA

Duas semanas após o natal eu ainda me questionava sobre a recepção de Teresa na festa oficial da noite do dia vinte e cinco na casa de campo dos Castilhos. Todos os convidados estavam encantados por sua elegância e educação. Ela estava linda ao lado de Arthur, e eu tinha que admitir que eles ficavam muito bem juntos. Incrivelmente foi uma festa divertida, com pouco mais de sessenta convidados, aos quais Dale e eu nos escondemos por boa parte da noite. Foi interessante.

Ele e eu estávamos nos encontrando furtivamente desde então, estava sendo divertido, pois não consigo pensar em nenhuma outra palavra para definir sem ficar paranoica. Nós aproveitamos o final do recesso de inverno e os feriados, antes das aulas e a rotina de fato começar, mais para ele do que para mim. Eu ainda estava indo para o ballet todos os dias, e repassando com Abuela antes de dormir.

Foi fácil de perceber que ele estava evitando a Toca, pois não o vi nos dois shows seguintes. Eu evitava perguntar, mas duas noites depois do ano-novo ele tocou no assunto Becky espontaneamente enquanto estávamos deitados na minha cama.

–Você ainda está tocando? - Sua voz vem por trás da minha cabeça enquanto ele brinca com meu cabelo.

–Sim. - Agradeci por ele não estar vendo meu rosto, pois eu estava bem curiosa para fazer muitas perguntas. - Você tem visto Mike?

Ele fica levemente tenso atrás de mim, seu peito batendo em minhas costas.

–De vez em quando.

–Ele que tem passado as drogas para você? - Agora ele se afasta um pouco de mim.

Foram semanas de reflexão sobre Dale e as drogas, e eu havia chegado a algumas conclusões. Primeiro de que ele usaria eu quisesse ou não, pois ele estava muito preso nesse mundo, como ele mesmo já havia dito. Depois que eu conseguiria lidar com isso, por hora. Sinto que quando ele confiar mais em mim, quando criar raízes com alguém, talvez possamos conversar mais abertamente sobre alternativas. E, também pensei que seria melhor saber do que não saber. Assim eu não passaria mais tanto tempo no escuro, pensando que ele morreu ou algo do tipo. Em resumo: talvez eu conseguisse lidar com isso.

–Iremos falar disso tão abertamente? - Suas mãos continuam em minha cintura, querendo me puxar para perto.

–Você não quer? - Pergunto.

–Você parece tão curiosa sobre esse assunto que às vezes sinto você naturalizando a ideia.

–Não é isso, eu só quero saber, fico preocupada.

Ele não responde.

–Se vamos ser tão sinceros e diretos, sinto que deveria ser recíproco. - Sua voz grave ressoa em meu pescoço, ele volta a se aproximar.

–Uma pergunta para mim e uma para você? - Me viro para ele, querendo ver seu rosto.

Dale tinha um lindo rosto, ao qual eu não me cansava de admirar. Amava seu nariz fino, como o de Louise, contrastando com as maçãs fundas de seu rosto. Mas tinha uma queda específica em seus olhos escuros e seu sorriso meio torto, ele tinha seu próprio charme. Quanto mais agíamos como um casal, mais eu compreendia a ''febre'' das outras garotas sobre ele. Além de ser extremamente carinhoso o tempo todo, Dale era inquietante. Não conseguia encará-lo por mais de cinco segundo sem querer beijar sua boca.

–Fechado. - Ele cruza os braços, se ajeitando em meu colchão pequeno. - Você começa.

–Você está usando drogas todos os dias? - Sou direta.

Ele pisca algumas vezes e se força a sorrir, tentando ser natural.

–Praticamente. - Sua mão esquerda sobe até meu cotovelo, onde ele faz círculos por cima de meu suéter verde. - Minha vez. Qual a sua meta financeira com a Becky?

Onde Reside o Desejo (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora