OITENTA E CINCO

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GABI

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GABI

— Papai bigol, ba dia— ouço a voz da Ceci e logo sinto sua mãozinha em meu rosto— ba dia, papai.

Caralho, não consigo explicar o quão foda é ouvir isso.

Abro meus olhos e olho pra ela que dá um sorrisinho, me abraçando.

—Oi, meu amor, bom dia— digo, deixando um beijinho em sua bochecha.

—Mamãe.

Olho pra frente e vejo a Karol ali, sorrindo.

— Bom dia, amor- digo.

— Bom dia, lindo.

A Ceci se afasta de mim e se deita na cama, abraçando o gabigolzinho. Ela não desgruda dele.

Me aproximo mais dela, não querendo que esse contato se acabe.

Minha vida profissional tá uma bagunça, esse ano tá foda, não ganhamos nada, a pressão da torcida tá tensa, mas eles tem razão. E ultimamente eu não ando tendo muitas oportunidades pra jogar.

O Filipe me contou que vai se aposentar, fiquei mal pra caralho porque ele é um dos caras do elenco que eu mais tenho intimidade pra sentar e bater um papo sincero sobre tudo. Milhares de vezes conversei com ele sobre a experiência de estar sendo pai, como me sentia, ele me deu dicas que guardei na mente. É um querido.

A carreira de um jogador de futebol é muito incerta, não sabemos com que idade exata vamos parar, se vai ser só por cansaço ou uma lesão grave que nos tire do futebol.

Me arrepio só de pensar em sair, meu coração palpita e eu me sinto na beira de um ataque de pánico só em imaginar como vai ser quando for me aposentar.

Tenho vinte e sete anos, metade da minha carreira já foi, isso é fato, no máximo eu só tenho dez anos pra jogar profissional e olhe lá.

Não quero pensar nisso. Não vou pensar nisso.

Quase agradeço a Cecília pelo puxão que ela deu no meu cabelo e que me trouxe pra realidade.

Olho pro rostinho dela, sorrindo feito um bobo com cada detalhe e sentindo meu coração se aquecendo novamente.

Eu me sinto bem aqui, na verdade estar entre as duas é o lugar onde mais me sinto em casa. Meu coração fica em paz e eu me sinto o homem mais sortudo desse mundo.

Fico mais um tempinho na companhia delas até que a Cecília simplesmente se cansa e queira descer da cama.

— Vou escovar os dentes e já volto- me levanto.

—Vai mesmo, tô sentindo daqui seu bafo de leão— a Karol diz e eu cruzo os braços.

— Brinca muito, pô.

— Vai lá logo, só tô te zoando.

Nego com a cabeça e vou até o banheiro. Tô na casa dela, já tem umas coisas minhas aqui, assim como tem dela com a Ceci lá na minha.

𝗜𝗚𝗨𝗔𝗥𝗜𝗔•• 𝗚𝗮𝗯𝗶𝗴𝗼𝗹Onde histórias criam vida. Descubra agora