Capítulo 5 - Filhotes

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Lauren's POV| Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2023, Goiás, Brasil.

Acordei com o barulho da caminhonete do meu pai que entrou no instituto e estacionou em frente a casa. Por estar dormindo na rede, que ficava na área da casa, pude ouvir toda movimentação e isso me trouxe de volta a consciência. Pela claridade, ou a falta dela, sabia que ainda era cedo até demais.

— Bom dia. - Falei baixo quando me aproximei deles.

— Bom dia, filha. - Eles responderam em uníssono, descendo do carro.

— Precisam de ajuda? - Perguntei, coçando os olhos. Meu cansaço implorava para eu voltar a dormir, mas sabia que meus pais poderiam precisar de mim, então aguardei.

— Pega uma caixinha de transporte ali no porta-malas, por favor. - Meu pai pediu e eu assenti, abrindo o porta-malas.

Haviam duas caixinhas ali, uma onça e um macaquinho que segundo meus pais, eram vítimas de uma queimada em uma das fazendas nas cidades próximas daqui. A cidade mais próxima daqui ficava a 80km de distância, estávamos um pouco isolados, com exceção do Parque Nacional das Emas e outros sítios ao redor do instituto.

Essa a Camila vai poder se aproximar.

Meu pensamento foi na patricinha que dormia no meu quarto há uma semana. Minhas costas implorava pela volta da minha cama, eu não estava acostumada a dormir tantas noites seguidas na rede, que era confortável, mas depois de um tempo, se tornou desconfortável para mim.

— Como foi a viagem? - Questionei, retirando a caixinha com a onça dentro após entregar a caixinha com o macaquinho para minha mãe.

— Tranquila. Como foi ontem? Se mataram? - A mais velha perguntou em um tom divertido.

Minha mãe se divertia com nossas trocas de farpas, mas me xingava sempre que eu passava do limite, como passei há alguns dias atrás e até eu admitia isso. Ela já aceitava que eu e Camila não seríamos amigas, mas ainda insistia, uma vez ou outra, para que eu tentasse pelo menos conviver com a patricinha sem causar uma guerra a cada segundo. Devo confessar, provocar ela e vê-la irritadinha era minha maior diversão, eu simplesmente estava viciada na cara de brava que ela fazia quando eu simplesmente a perturbava sem parar, me dava ainda mais vontade de encher seu saco.

— Ela ficou com os macacos e eu com as onças, só nos vimos na hora de buscar as comidas e na hora de dormir. - Respondi, largando a caixinha em cima da mesa que ficava na área. A abri e peguei o filhotinho de onça no colo, acariciando sua cabeça. — Eu pedi desculpas a ela, por aquele dia.

— E ela?

— Aceitou e me falou que realmente tinha ficado chateada, mas logo depois ela me tratou como travava antes, então acho que voltamos ao normal. - Sorri, deixando um beijinho na pequena onça em minhas mãos. Eu amava filhotinhos, mas odiava o que a presença deles ali significava.

— Que bom, fico feliz por isso. - Ela falou se aproximando, deixando um carinho no filhote em meus braços. — Vou fazer a mamadeira dela, você alimenta ela?

— Sim, se quiser, eu faço a mamadeira também, sem problemas. - Sabia como a viagem era cansativa, por isso me ofereci, minha mãe definitivamente ansiava pelo banho quentinho e pela cama aconchegante.

— Tem certeza? - Ela questionou, querendo garantir minha escolha. Eu apenas assenti e sorri quando ganhei um beijo na testa.

Minha mãe se direcionou ao quarto e eu fui até meu pai, que alimentava o macaquinho que se agarrava nele, como ele faria com sua mamãe, caso ela estivesse viva. Macacos geralmente se grudam nas mães até uma certa idade, então a história daquele pequeno filhote era, com toda certeza, traumática e triste, por esse motivo ele estava aqui.

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