Capítulo 22 - Cascavel

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Lauren's POV | Sábado, 25 de Janeiro de 2024, Goiás, Brasil.

Cada dia que passava eu pedia ainda mais para o tempo passar devagar. As aulas de Camila voltavam no início do mês de Fevereiro, ou seja, em poucos dias, eu estaria sem a presença da minha namorada. E era horrível pensar nisso. Já sentia saudades dela e ela ainda dormia calmamente ao meu lado. O relógio marcava quatro da manhã e eu já estava desperta, algo que tem sido recorrente desde o dia vinte, porque eu fico esse horário até a hora de levantar admirando Camila.

Era a segunda vez que ela estava indo embora, mas dessa vez era real. Não que a outra não fosse, mas dessa vez ela não tem a opção de voltar e passar o mês inteiro comigo, dessa vez ela teria que ir porque tinha que ir para a escola. É bizarro como o mundo funciona, não? Até dois meses, eu estava tranquila vivendo aqui sem Camila, hoje, viver na minha casa sem Camila parece estranho porque eu me acostumei com sua presença diária. Era comum acordar e vê-la ao meu lado, ou encontrá-la tomando café com meus pais quando eu ficava um pouco mais na cama. Era normal vê-la no escritório, ajudando minha mãe. Tudo isso tinha virado o normal para mim. Seria difícil me acostumar com sua ausência depois de ter sua presença por tanto tempo.

— Quase consigo escutar seus pensamentos daqui. - Minha namorada falou baixinho, ainda meio inconsciente.

— Desculpa, não queria te acordar. - Pedi, abraçando seu corpo. Eu sempre me afastava um pouco pra olha-la melhor.

— Você não me acordou, só senti falta do seu abraço. - Ela comentou, se virando de frente pra mim. — Quer me falar o que tá passando nessa cabecinha aí?

— Nada que você não saiba. Só tentando me acostumar com a ideia de que você vai embora logo. - Suspirei, brincando com sua mão que estava entre as minhas.

— Pensando em como se livrar de mim mais rápido? - Ela brincou e eu sorri, negando com a cabeça.

— Pensando em como não me livrar de você, na verdade. Infelizmente me acostumei com você sendo uma chata e não sei se consigo mais viver sem isso.

— Você não vai viver sem isso. Nós vamos namorar a distância, mas não é um distância grande. Já te falei meu plano, não?

— Eu sei, sair da sua aula de Sexta-feira direto pro aeroporto e passar os fins de semana comigo. E ir embora só Segunda-feira pra ir direto pra aula. - Seria extremamente cansativo pra ela, mas sabia que era a melhor forma de nos manter sem tanta saudade. Claro que eu também iria para o Rio quando fosse possível, ela não iria se esforçar sozinha para isso dar certo. Lutaremos juntas.

— E todo feriado, eu venho pra cá. Essa é a vantagem do voo ser curto, mesmo que a estrada seja longa.

— Eu vou te buscar em Goiânia todas as vezes. - Avisei e ela sorriu.

— Não esperava menos de você, troglodita. Vamos fazer isso dar certo, não se preocupe. - Camila beijou meu pescoço e eu enrolei meus dedos em seus cabelos. Ela não tinha o direito de fazer isso comigo, eu não a sentia desde que voltamos pra cá, isso era uma tortura!

— Camila... - Sussurrei baixinho e minha namorada levantou o olhar, me encarando.

Era muito difícil nos segurar quando nossos olhares se encontravam assim. Eu sentia falta do seu toque, desde que voltamos, temos trabalhado muito e era difícil chegar durante a noite e ter ânimo pra qualquer coisa que não fosse dormir. Eu me sentia exausta e ela também, toda noite. Então tirando aquela pequena provocação que fiz quando chegamos, não tivemos nenhum outro momento. E eu sentia falta disso. Muita falta, inclusive.

— Você quer? - Ela perguntou e eu apenas assenti.

Sabia que ela também sentia falta de me tocar e de ser tocada por mim, nós estávamos em sincronia quanto a isso. E ela conhecia meu corpo. Eu não precisava ver, mas tinha certeza que meus olhos exalavam desejo por ela naquele momento. A gente amava as preliminares, mas a verdade é que elas não eram tão necessárias assim quando nossos olhares já nos esquentavam o bastante. A forma que nossos olhos se admiravam e se desejavam já nos deixavam a ponto de ebulição.

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