11. Visitas Inesperadas

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Kornkamon Teach

== Dia anterior ao julgamento ==

- Ela precisa pagar pelo que fez, capitã. A gente já deu bastante regalia para ela! - Um dos marujos fala, enquanto outros afirmavam com a cabeça, concordando com o que ele havia acabado de dizer.

- Não pediremos a morte de ninguém, isso é ponto pacífico. - Eu tinha a voz segura e pontuava o que estávamos há horas discutindo.

O cansaço e a impaciência me abatiam naquele momento, era extremamente desgastante tentar contornar a situação de maneira sutil para que não ficasse tão na cara de que, por mim, esse julgamento ia para a puta que pariu.

- Os ânimos estão exaltados. - Maria falava agora, ela tinha um tom conciliador - Se não pensarmos com um pouco mais de objetividade, não iremos chegar a nenhuma conclusão.

Maria era uma velha amiga dos meus pais, ela fazia parte da tripulação, mas era mais presente nos arranjos dos bastidores das nossas missões, trabalhava muito frequentemente com minha própria mãe, em terra. A ideia dela nos representar como porta voz da acusação tinha sido da minha mãe e, até agora, ela havia feito um ótimo trabalho na reunião dos Negros, para que chegássemos a uma conclusão das nossas demandas para o dia do julgamento.

- O problema é que a capitã não aceita que a gente peça a morte da Every. - O marujo volta a falar.

- Não é só ela que não aceita, a maioria não quer isso. Queremos que ela pague, mas não com a vida. - Outra voz ecoa na multidão, no convés do Concorde.

- Se me permite, capitã... - Maria voltava a falar. - Há uma outra maneira de fazer com que a Samanun Every pague de uma forma pesada, sem ser com a vida.

- Pode continuar, Maria. Exponha sua ideia. - Tee a encoraja a falar, já que eu me mantive calada.

- Não seria exagerado que pedíssemos o afastamento vitalício dela, não só como capitã, mas de qualquer atividade atrelada à pirataria.

Meu corpo gela. Aquilo era absurdo de se pedir, iria acabar com a vida dela do mesmo jeito. Seria, talvez, pior que matá-la.

- Isso iria acabar com a vida dela. - Penso alto e a Tee me observa, voltando a falar.

- Talvez isso seja pesado demais. - Tee se pronuncia.

- Pede grana para os Every e pronto! - Uma outra voz fala.

Era impressionante como a gente simplesmente não conseguia uma unanimidade com nada, por isso estávamos ali há horas e eu já estava exausta.

- Essa é uma boa ideia! - Outro fala.

As opiniões divergiam, mas em determinado momento, aparentemente a ideia de Maria pareceu convergir a maioria das opiniões: os mais radicais aceitaram diminuir suas expectativas, enquanto que os que achavam que não precisava pegar tão pesado, concordaram que aquela sugestão era um meio termo.

O grupo começava a se entender e a ideia de Maria começava a ser a mais provável de ir à frente, o que ainda me deixava angustiada. Tee notava isso, pois de vez em quando ela olhava de canto de olho para mim e tentava contornar a situação.

- Vocês entendem que pedir isso se assemelha a pedir a morte dela? Fomos nascidas em famílias piratas, é isso que conhecemos nossa vida inteira! - Falo e um silêncio se instala.

- Capitã, não podemos abrir mão de uma pena mais pesada. Se isso acontecer, podemos perder nossa moral diante dos Vermelhos e eles acharem que somos fracos.

Velas Negras • MonSamWhere stories live. Discover now