21. Decisões Difíceis

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Kornkamon Teach

- Sam... - Tento interromper o monólogo que ela fazia há mais ou menos quinze minutos desde que a enfermeira havia saído depois de me examinar. Ela estava tentando explicar o que fazia no navio de um homem que, ela sabia, que queria me matar.

A questão é que, depois do que eu havia visto no navio, ela quase se matando para me proteger, não havia mais nada que precisasse me dizer. Seus atos haviam falado em alto e bom tom. Claro que eu queria saber o que tinha acontecido, mas suas atitudes haviam me dado uma boa margem de segurança para acreditar nas suas intenções, no entanto, ela falava há bons minutos de maneira nervosa e ininterrupta, por isso eu estava tentando fazer com que ela se acalmasse um pouco.

- Samanun, eu acho que a Mon não tem mais dúvidas sobre suas intenções. - Minha mãe intervém e, só assim, a Sam fecha a matraca.

Ela olha para o chão, claramente envergonhada pela minha mãe. A interação das duas era a coisa mais inusitada que eu tinha visto, mas ao mesmo tempo, era a coisa mais fofa do mundo. Vê-las se abraçando momentos atrás, quando abri meus olhos, fez eu achar que eu havia morrido ou que eu tinha dormido por meses.

- Desculpe-me, eu estou um pouco nervosa. Você passou quatro dias desacordada. - Ela fala por fim, ainda meio sem graça como uma criança travessa que tinha sido pega fazendo traquinagem.

- Sam, eu confesso que tive muitas dúvidas sobre suas reais intenções comigo. Antes mesmo do que aconteceu ontem.

- Ontem não, filha. Há quatro dias atrás. - Minha mãe me corrige. Eu não tinha noção que estava desacordada por quatro dias seguidos, ainda sinto que acabei de sair do navio.

- Você duvidava da maneira que me sentia? Como assim? - Sam me pergunta.

- Eu ouvi você conversando com a Jim sobre algumas coisas, no dia que fui devolver seu casaco.

- Quando foi devolver meu casaco? - Ela faz uma expressão confusa e eu fico sem graça de explicar com mais detalhes em frente a minha mãe.

- Sim, Samanun. Seu casaco, que ficou comigo. - Falo entre dentes, mas a lerda continuava com a expressão confusa.

Minha mãe olha para mim, para a Samanun e, então, para mim novamente, aguardando alguma explicação.

- Ai meu Deus, Samanun! Eu que sou atacada e você que perde a memória? Seu casaco ficou comigo no dia que dormimos juntas,, lembra-se agora?! - Falo com uma leve impaciência.

Assim que termino de falar, minha mãe olha para a Samanun. As feições da capitã dos Vermelhos começam a se contrair e seu sangue se esvai, pintando todo o seu rosto bonito de uma cor pálida.

Ela iria desmaiar?

- Ah! Eu... eu... - Ela tosse e se confunde com as palavras, então começa a andar agitada ao redor do meu leito, mas tropeça no pé da cama e quase cai no chão.

A cena era hilária, eu nunca tinha visto ela desorganizada daquele jeito, até minha mãe fica com vontade de rir, mas prende o riso.

- Sim, eu lembrei agora. - Ela coça a garganta e eu resolvo falar alguma coisa, tirando-a da agonia.

- Naquele dia você estava no Bordel, conversando com a Jim na cozinha, lembra? Pelo amor de Deus, que memória horrível!

- Eu lembro! Não, é que eu fiquei confusa por um tempo, mas sim eu lembro. Você foi ao... você foi ao...

- Ao Bordel. - Completo sua frase, porque ela parecia estar tendo um derrame.

- Está passando bem, Sam? Sei que foram muitas emoções nos últimos dias, pode ser que a descarga de adrenalina... - Minha mãe pergunta realmente preocupada, mas eu gargalho diante daquela situação e as duas olham para mim.

Velas Negras • MonSamWhere stories live. Discover now