Velas Negras • MonSam

19. Buscando Respostas

Samanun Every

- Nossa, é impressão minha ou isso aqui está quase vazio hoje? - Questiono para a Engfa ao passo que descia da minha égua negra.

Ela se vira para o ponto em que eu olhava, percebendo sobre o que eu estava falando: a entrada do Bordel costumava ter um movimento bem intenso de pessoas àquela hora, mas surpreendentemente não tinha muita gente ali naquele dia.

- É verdade. - Ela responde dando de ombros, enquanto amarrava o cabresto do seu cavalo no poste de amarração.

- Eu ouvi dizer que os Negros estão às vésperas de uma missão importante. Um navio grande da marinha inglesa deve passar perto de Nassau a qualquer dia dessa semana. - Kirk comenta, se aproximando de nós após fixar seu cavalo próximo de onde estávamos.

- E eles ainda não sabem o dia que o navio vai passar? - Pergunto, pois achava estranho que eles não soubessem o dia que seria a missão, já que normalmente as informações que nossos informantes traziam das colônias europeias eram bastante certeiras.

- Parece que é um navio muito importante, não só pela carga, que é bem valiosa, mas ele vai transportar algumas pessoas importantes da Coroa. Daí eles estão dia e noite se preparando para essa missão.

- Você parece bem inteirado da missão dos Negros. - Engfa comenta.

- Não se fala em outra coisa, vocês é que estão por fora. - Ele comenta aquela informação com naturalidade enquanto cruzamos a porta de entrada do Bordel.

Assim que os olhos do meu amigo cruzam com os da Kade, por quem ele tinha tanto apreço, sua atenção na conversa da gente se esvai e nossa presença passa a ser ignorada, enquanto ele se afasta da gente para ir falar com a garçonete.

- Muito me espanta você não saber sobre essa missão dos Negros. - Engfa aproveita que estávamos à sós naquele momento, para comentar ao pé do meu ouvido.

- Por que diz isso? - Pergunto como quem não tinha entendido, mas a verdade é que eu sabia muito bem sobre o que ela estava insinuando.

- Sendo a primeira-dama dos Negros, achei que saberia sobre uma missão grande e importante como esta que o Kirk comentou. - Ela fala em tom de deboche e eu reviro os olhos.

- Que porra de primeira-dama o quê, Engfa. - Respondo aborrecida e me viro para ir até o bar, mas sua mão me puxa. - O que foi?

- Falando sério, Sam. Faz dias que você está com esse mau humor. O que está rolando?

- Talvez pelo fato de que eu estou em casa sem poder participar das missões da minha própria tripulação e pelo fato de que pedi para que você arrumasse um barco para mim há dois dias e ainda nada.

Ela olha ao redor para se certificar que era seguro falar sobre aquele assunto no local em que estávamos e então se aproxima de mim para ninguém nos ouvir.

- Eu já te disse que estava providenciando isso. Não é fácil resolver isso em sigilo, Samanun, ninguém pode saber que eu estou atrás de um barco para você, caso fosse simples, você mesma iria atrás disso.

Bufo impaciente porque sabia que ela tinha razão. Odiava depender de outras pessoas e, por mim, eu já teria ido atrás eu mesma, mas não podia levantar suspeitas, principalmente estando sob vigilância devido à minha sentença ainda estar vigente.

- Mas eu te conheço, Samanun, não é só por esse motivo que você está assim. Faz quantos dias que não se encontra com a Mon?

Infelizmente ela tinha chegado no motivo certo. Porém, eu não queria tratar sobre aquele assunto, me frustrava não ter tido mais nenhum encontro com ela desde sua visita repentina há dois dias atrás, quando ela foi até minha casa escondida, em uma aparição um tanto quanto estranha.