Naquele dia, saí mais cedo da escola, corri até o ponto de ônibus e, graças a Deus, consegui pegar.Consegui me sentar, e agradeci a Deus por isso, normalmente só consigo ficar em pé.
Aos poucos, com o "para para" nos pontos, o ônibus lotou e todos ficaram espremidos.
Puxei a "cigarra" ao perceber que a minha descida estava próxima, e me levantei, ficando frente a frente com a porta de saída do automóvel.
Desci rapidamente e movi os calcanhares na direção de casa. Apertei a mão na alça da bolsa pesada e respirei cansada, atravessei algumas ruas e antes que pudesse atravessar a última para finalmente estar mais perto de casa, alguém puxou meu braço.
Virei assutada e rapidamente a minha feição mudou para estressada.
—Me larga! — puxei meu braço de volta. — Não mandei você sumir?
— Precisamos conversar, Ceci!
— Você perdeu o direito de me chamar assim no dia em que me traiu, Rafael! — retruquei aproveitei o sinal fechado para atravessar a rua correndo.
— Cecília! — chamou
— Morre, Rafael, MORRE! — gritei, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam por perto.
Bufei e continuei meu caminho, mas novamente fui impedida.
— Já não mandei você morrer? Some da minha frente, cara!
— A gente precisa conversar, você precisa me perdoar! Eu juro que não fiz por querer!
— Você comeu ela sem querer, por acaso? Hein? — perguntei e recebi silêncio como resposta.
— Eu estava bêbado! A culpa não foi minha!
— Me poupe, Rafael! Não põe a culpa das suas ações de moleque, na bebida! Cresce a aprende a ser gente. — respondi e fiz menção de virar as costas e sair, mas sua mão foi de encontro ao meu braço esquerdo, apertando.
— A gente precisa conversar!
— Me larga, agora! — minha cara já estava vermelha de raiva.
— Cecília, você vai vir comigo, e a gente vai conversar!
— Eu não vou a lugar nenhum com você! — tentei puxar meu braço de volta, mas foi em vão, o aperto apenas aumentou.
— Você vai sim! — seu rosto se aproximou do meu e eu fazia de tudo para desprender o meu braço, mas todo e qualquer esforço era em vão.
O pior: muitas pessoas passavam em volta e apenas seguiam o seu caminho, não paravam para ajudar ou intervir na situação.
Que sociedade de merda.
— NÃO VOU! — gritei e me remexi, em mais uma tentativa falha de me soltar.
— Solta ela, agora, Rafael!
Ouvi uma voz conhecida e agradeci aos Céus por isto.
— You're deaf? — ouvi a voz em inglês e estremeci. — Release the girl!
Olhei de soslaio para trás e avistei Elena e Hobss se aproximando.
O homem musculoso se pôs em minha frente, fazendo com que Rafael deixasse o meu braço, respirei aliviada ao ser liberada do aperto e Elena me puxou para perto dela, averiguando a vermelhidão e as marcas de dedo que haviam ficado.
— Vamos pra casa, vem! — passou o braço pelos meus ombros e começamos a caminhar para longe.
— Aquele idiota me seguiu desde quando desci do ônibus! — respirei cansada da situação, quase toda semana era assim.
ESTÁ A LER
INEFÁVEL - LUKE HOBBS
Romanceinefável adjetivo de dois gêneros 1. que não se pode nomear ou descrever em razão de sua natureza, força, beleza; indizível, indescritível. 2. que causa imenso prazer; inebriante, delicioso, encantador. Com a chegada de Hobbs e sua equipe no Brasil...