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—Valeu aí, Toretto!

Agradeci após o homem me trazer a maleta com alguns remédios, pomadas, gazes e esparadrapos.

— Você pode só juntar esses cacos aí do chão, por favor? A Elena pode se machucar quando chegar. — sorri sem graça.

— Vai me pagar quanto pela faxina? — riu ladino e eu balancei a cabeça.

— Se você não tem dinheiro, imagine eu!

— Onde tem uma vassoura e uma pá?

— Vai na cozinha, lá tem uma portinha, abre lá e pega o que precisar. — apontei para onde ele tinha que ir e assim que ele saiu, me preocupei em limpar a ferida do meu pé.

Dom voltou não muito tempo depois e começou a juntar os cacos de cerâmica que antes eram um vaso lindo.

Fechei a maleta após terminar o curativo e me forcei a levantar, o homem já tinha terminado de varrer e estava voltando para a sala depois de guardar a pá e a vassoura.

— Eu vou deitar. Mas fica aí e espera a Elena, tá?! — segui em passos curtos e doloridos até o quarto onde estava antes.

— Por que não sentiu medo ao ter um criminoso na sua casa? —perguntou derrepente e eu parei no meio do caminho.

— Eu moro no Rio de Janeiro, tem criminoso pra todo lado. Por que eu teria medo de um criminoso internacional, quando cresci nesse meio? — ri nasalado. — Além de que você não fez nada contra mim. Pelo contrário, me ajudou quando machuquei o pé.

O homem careca ficou em silêncio me encarando, e eu apertei os lábios, o encarando de volta.

— Você é um bandido legal, Dom! — me virei e continuei meu caminho para o quarto. — Boa noite!

Fechei a cortina, já que o quarto não tinha porta e andei até a cama, me jogando em cima dela.

Me certifiquei de me cobrir e pegar no sono, já que estava praticamente amanhecendo e eu sabia que não teria que levantar daqui a poucas horas para trabalhar, já que era fim de semana.

Ainda bem que era fim de semana, porque eu não conseguia nem colocar o pé no chão direito.

- - - - - - -

— Acorda, Cecília!

Senti meu corpo ser chacoalhado na cama e abri os olhos contra minha vontade. Me deparei com Elena com uma cara de espanto me encarando.

— Você tá bem? — ela estava preocupada — Cecília?

— Bom dia, Lena! — resmunguei, passando a mão sobre os olhos. — Tô bem, eu acho, por quê?

— Você não viu que invadiram a casa? Fizeram algo com você?

— Ah, tá! O seu fugitivo veio atrás de você, mas ele não me machucou, quer dizer, por culpa dele eu me machuquei.

— Machucou onde?

— No pé, pô! Fui me defender com o vaso, ele caiu e eu pisei em cima.

— Ele te ameaçou?

— Quê? Não! Ele me ajudou!

— Deixa eu ver o seu machucado!

A loira me encarava com uma expressão preocupada e eu lhe mostrei o pé, mal enfaixado e dolorido.

Elena encarou o curativo mal feito e balançou a cabeça em negação. Saiu do quarto e voltou instantes depois para limpar e refazer o curativo.

Me chamou a atenção enquanto fazia isso, dizendo que eu deveria saber me virar nessas situações já que eu vivia me machucando.

INEFÁVEL - LUKE HOBBSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora