006

1.4K 196 28
                                    


— Pô, Elena, qual foi?! — bufei incrédula me jogando na cama do quarto de hotel onde Hobbs estava hospedado. — Eu não tenho roupa nenhuma aqui e não dá pra voltar na comunidade pra buscar!

Cecília, eu tô trabalhando! Não tenho como ir agora. — respondeu a mesma coisa pela centésima vez. — Eu posso sair às 20h, então vou tentar passar lá e buscar algo pra você.

— OITO DA NOITE? eu tô sebosa de suor, Elena! Não posso esperar até oito da noite.

Se vira, mana. Beijos.

Encarei incrédula o celular que mostrava a tela de "chamada encerrada". Depois do ocorrido de duas horas atrás, Hobbs me trouxe para o quarto onde ele estava ficando.

O homem alegou arrumar um outro lugar para mim mais tarde, mas teve que sair correndo para se reunir com a equipe.

Eram quatro da tarde, pela correria de mais cedo, e pelo sol quente do Rio de Janeiro, eu estava sebosa de suor e doida para tomar um banho; meu único problema era que não tinha roupas e eu não voltaria tão cedo na favela pra pegar. Pensei em Elena ir e buscar para mim, já que a gata é policial e eu apenas um mero nada.

Larguei o celular na cama e me levantei, passando as mãos pelos cabelos enquanto olhava ao redor do cômodo. Comecei a fuxicar tudo, entrei no banheiro e me assustei quando abri a porta e me deparei com meu assustador reflexo no espelho.

— Deus me livre, olha o meu estado! — passei as mãos pela face e após passei no cabelo, tentando abaixar os fios rebeldes (eram muitos e não dava para abaixar).

Comecei a fuxicar tanto que achei um roupão branco, peguei a vestimenta e a encarei, pensando se tomava um banho e o colocava ou não.

Tentava por as minhas condições numa balança imaginária em minha mente, de um lado estava a minha situação: suada, com cabelo desgrenhado, morrendo de calor e doida por um banho; e do outro lado: que roupa vestiria por baixo do roupão.

— Alguns homens usam a mesma cueca por dias quando não tem outra...o que custa eu usar a mesma calcinha até às 20h da noite?

Não me custa nada, né.

Tomei um banho gostoso e demorado, já que a água morna era quase como camomila para os nervos aflorados e a mente bagunçada.

Após o banho, me sequei e me vesti, indo em direção a cama e me jogando ali.

— Hm, não tem nada de interessante nessa televisão. — resmunguei enquanto pulava de um canal para outro a procura de algo interessante.

Já havia tomado banho há algum tempo e estava vestindo o roupão branco que havia achado, o ar condicionado do quarto estava ligado e eu me joguei na cama para me cobrir.

Sorri vitoriosa ao achar um canal de filmes e estava passando um infantil que me agradou. Larguei o controle remoto e me acomodei ainda mais debaixo das cobertas, me sentindo quentinha enquanto o quarto estava gelado pelo ar.

Meu celular havia descarregado um tempo depois de ter falado com Elena e eu estava incomunicável.

Os olhos pesaram não muito tempo depois e minhas piscadas começaram a ser muito lentas e me cedi ao sono.

O ambiente estava gostoso e propício para um ótimo sono. Não me lembrava da última vez que havia dormido em um quarto de hotel.

- - - - - - - Luke Hobbs POV

— Leva isso pra Cecília? — olhei para a bolsa que a mulher loira esticou em minha direção — São roupas pra ela.

Balancei a cabeça em concordância e peguei a bolsa de sua mão. Comecei a me perguntar o porquê de Cecília não atender ao telefone e estava um pouco preocupado.

— Conseguiu falar com ela? — perguntei e Elena balançou a cabeça de forma negativa. — Você tem lugar pra ficar? Não aconselho voltar pra sua casa agora. Pode ser perigoso.

— Meu plantão só termina de manhã. - olhou no relógio de pulso — Até amanhã eu vejo o que faço, não se preocupe! Vou voltar pra delegacia, qualquer coisa te ligo e qualquer coisa pode me ligar.

Balancei a cabeça concordando enquanto a observava voltar para o carro, até que ela se virou derrepente e eu a encarei confuso.

— Cuida direitinho dela, tá bom?! — perguntou e eu sorri.

— Pode deixar, Lena'! — sorri e ao vê-la entrar no carro e sair, me dirigi ao interior do hotel, pegando o elevador e subindo até o meu andar.

Bati na porta do quarto, esperando alguma resposta de Cecília, mas não obtive nenhuma. Destravei a porta devagar e vi o quarto sendo iluminado apenas pela tela da televisão e deitada na cama estava ela, dormindo serenamente debaixo das cobertas.

Instantaneamente me aliviei por vê-la bem e segura, tranquei o quarto e deixei a bolsa de roupas da garota em cima da cômoda que havia no quarto.

Não queria acordá-la então segui no maior silêncio possível ateo banheiro para tomar um banho rápido e dormir também.

Estava cansado e Dominic Toretto estava me dando mais trabalho do que eu imaginava. Falando em imaginação, nunca imaginaria me ver apaixonado em tão pouco tempo por uma estrangeira.

Cecília era bem doida da cabeça, mas isso com certeza era o seu ponto forte. Alguém que não liga para a opinião dos outros e que quer seguir a sua vida sem se preocupar com o que pensam sobre ela.

Extrovertida e alegre noventa por cento do tempo...aquilo era uma válvula de escape para todo o estresse e angústia do trabalho, e eu queria isso todos os dias.

Queria a minha válvula de escape todos os dias comigo. Mas precisava ser pé no chão e tentar entender o que aconteceria quando eu fosse embora.

Não posso pedir que ela pare a vida dela para ir embora comigo para outro país, uma outra cultura, com outras pessoas a sua volta. Não seria justo.

Mas eu queria tanto Cecília junto comigo.

Ignorei os pensamentos intrusivos que constantemente me lembravam de que teria que ir embora muito brevemente, e me certifiquei de me secar e colocar uma roupa para dormir.

Não havia outra cama no quarto e nenhum outro lugar que eu poderia dormir, estava tão cansado que me deitei na ponta oposta da cama, me cobrindo e tateando o controle remoto da televisão para desligá-la.

Boa noite, Ceci. — sussurrei baixinho ao passar as mãos pelos seus cabelos antes de virar de costas para dormir.

INEFÁVEL - LUKE HOBBSWhere stories live. Discover now