008

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—Faz cócegas... — Hobbs comentou enquanto meu dedo indicador fazia desenhos aleatórios pelo seu peitoral. — Você...quer conversar agora?

Respirei fundo, me aconchegando cada vez em seu corpo, enquanto uma de suas mãos fazia um carinho gostoso pelos meus cabelos.

— A gente precisa, né?! — minha voz saiu em um tom tristonho. — Como vai ser quando você for embora? Como vamos ficar?

— Eu...queria que você fosse comigo. — confessou e tinha certeza que ele poderia sentir meu coração acelerado. — Mas eu não posso pedir que você abandone a sua vida aqui só por minha causa. Eu sou um pai solteiro, tenho uma rotina complicada e você...já tem toda sua vida aqui. Não poderia te pedir que abandonasse tudo isso e fosse comigo e acabasse pegando uma responsabilidade que não é sua!

— Eu gosto muito de você. Pra caramba! — confessei, continuando a desenhar por seu peito — Mas eu preciso pensar melhor na situação, não tenho como deixar tudo para trás assim...de uma hora para outra.

Senti ele puxar ainda mais a coberta para cima de nós e me deixar um beijo no topo da cabeça. Virou de frente para mim e me encarou nos olhos, fazendo um carinho no meu braço.

— Eu também gosto muito de você! Amanhã eu vou embora logo cedo, mas vou te deixar o meu endereço, se pensar em ir, me avisa que eu pago os custos. — murmurou, me aconchegando em seus braços e eu balancei a cabeça concordando.


-


— Você o que? — perguntei incrédula para Elena e terminei de tirar o shampoo que caía em meu rosto.

Elena estava sentada no chão do banheiro do quarto de hotel, enquanto eu estava tomando banho e lavando o cabelo.

— Eu vou embora com o Toretto. — repetiu.

— Amiga, e como isso aconteceu? — perguntei curiosa, colocando a cabeça para fora do box para encarar a loira. — Tipo, você é a boazinha e ele tá do lado errado da lei...

— Acabou acontecendo...— cortou o assunto, sem querer me dar detalhes.

— Entendi, entendi. E você vai quando?

— Hoje a tarde.

— Quê? — se fosse possível, o meu queixo bateria no chão nesse momento. — E eu vou ficar sozinha?

— Você já tem 21, Cecília! Já está grandinha!— a mulher falou rindo e eu lhe mostrei a língua, tal qual uma criança de seis anos. — A nossa casa já está segura, passei por lá antes de vir. Com a morte de Reyes, tudo voltou aos trilhos.

— Deus me perdoe comemorar a morte de alguém, mas que bom!

Desliguei o chuveiro e puxei a toalha de banho para me secar, depois Elena foi me passando as peças de roupa uma a uma.

— Eu vou sentir sua falta. — confessei, com os olhos cheios de lágrimas.

— Se você for com o Hobbs, fica mais fácil pra gente se ver...

— Eu ainda não sei...tenho medo de ir e quando chegar lá ele perceber que os sentimentos dele não são tão verdadeiros assim. Sabe que não tenho um bom histórico com homens.

— Hobbs não parece ser desse tipo que a gente tá acostumada, Ceci! Mas eu não quero influenciar na sua escolha. Vamos, temos que te deixar em casa antes de ir.

Eram cinco e meia da manhã, Hobbs iria pegar um voo bem cedo com a sua equipe, mas antes queria me deixar em casa.

Saímos do cômodo e Hobbs já estava nos esperando na porta de saída do quarto, com suas malas prontas e com a minha bolsa.

-

— Eu poderia ter vindo sozinha, não precisava me trazer...— comentei quando ele fez questão de me acompanhar até a porta do meu barraco.

— Eu só queria passar mais algum tempo com você, mesmo que fosse mínimo... — falou e eu engoli o choro que queria se formar.

— Eu vou tomar a minha decisão...e quando eu tomar, você vai saber qual é! — olhei em seus olhos, sorrindo triste.

— Tudo no seu tempo. No seu tempo. — respondeu e se aproximou, selando nossos lábios.

Assim que adentrei a residência, ele desceu as escadas, voltando para o carro onde Elena já estava. Meu rosto estava inchado pelo choro, já que agora era só eu nessa casa; a loira já tinha pegado suas coisas e após deixar Hobbs embarcar no vôo, ela iria ao encontro de Dominic Toretto.

Respirei fundo e tranquei a porta de casa com a chave, encostando a testa na porta, a vontade de chorar estava chegando.

Desencostei da porta e larguei a bolsa no sofá, me direcionei para a cozinha para beber um copo de água, mas tropecei numa caixa no caminho. Franzi o cenho e me abaixei para pegá-la, um bilhete estava em baixo então o peguei também.

Estava escrito com letras muito feias:

"Para a amiga manca da Elena"

Dominic Toretto.

— Se eu estou manca agora, a culpa é sua, Dominic! — murmurei, enquanto largava o bilhete e abria a caixa. — NÃO BRINCA!

Muitas notas verdinhas na caixa, muitas! Me sentei para contar e no fim deu uns 10 mil... DÓLARES, DEZ MIL DÓLARES!

— Dominic, nunca agradeci tanto por você me fazer machucar o pé!

Sorria atoa, com o dinheiro em mãos, só me perguntava o que faria com aquela grana toda sozinha.

Pra quem não tem nada, o mínimo que ganha já é lucro. Pobre com qualquer 100 reais já fica muito feliz, imagine com dez mil dólares.

Não sabia o que faria e tinha que sair para trabalhar em vinte minutos ou então corria o risco de perder o ônibus. Hobbs e Elena já não estavam aqui para me dar carona.

Corri para o quarto e comecei a arrumar minha bolsa com os materiais que sabia que precisaria na sala de aula.

Meu contrato acaba essa semana, ou seja, sexta-feira seria meu último dia naquela escola caso a prefeitura não renovasse o contrato.

Eu pensava seriamente em negar uma renovação, meu peito queimava por largar tudo e ir agora mesmo atrás de Hobbs, mas resolvi não dar ideia nem aos meus pensamentos intrusivos hoje.

Vesti uma roupa descente para um ambiente escolar e peguei a bolsa, saindo de casa e indo para o ponto de ônibus. Tentava a todo custo tirar da cabeça a vontade louca de sair agora mesmo e ir para qualquer lugar que me levasse a ele.

INEFÁVEL - LUKE HOBBSWhere stories live. Discover now