CAPÍTULO III: Sobrenatural

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A magia da arena é... Surreal. O som de ossos se quebrando, o desespero pela sobrevivência, poderes inúteis que só servem como chamariz. O gosto de sangue e a sensual visão dos corpos esfolados. Tudo era incrivelmente excitante... Como um no good de videogame para um pivete, ou a manipulação para a política, matar me trazia vida.

- Isso vai ser tão divertido!

Rodopiei, inclinando-me levemente para Anika, guarda de elite da Geulicia. Controlava água, o que era conveniente com sua aparência de um polvo vomitado. Até onde sabia, anteriormente, uma gangue inteira fora destruída pela Curry. Corpos precisam de água, afinal. Se a sugasse, ou algo parecido, morte súbita. Seria uma luta justa, não seria? Esperava que sim. Quanto pior, melhor.

Uma ótima técnica, terrestre, aquática. Tragicamente, não recebi a dádiva de Poseidon em minha anatomia. E se peixes podem ser fritos, incendeie Ariel. Eu não sou humano. Esta é a sua fraqueza. Em outras circunstâncias, nos daríamos bem.

- Aí, cara... Quer deixar essa comigo?

Uma voz ecoou, os figurantes, já completamente apavorados, entraram em pânico total. Éramos o sonho americano. Cardan vinha flutuante, com seu cajado e roupinhas de cetim. Decorando seu cenário, miolos e sangue flutuantes, cabeças explosivas em perfeita sincronia. Um estalo de dedos, uma hemorragia. Eu não poderia mata-la... Aquela era sua inimiga natural.

- Você é gostosa. É uma pena conhecê-la em um recinto tão... Vulgar.

Sua política de cavalheiro pervertido o impedia de fazer mulheres sofreremmulheres, mas tortura-las parecia apenas instigar sua excitação. O mesmo lado de diferentes moedas... Um magnífico espetáculo de se presenciar. Elegantemente caminhava até a mulher, acariciando suas maçãs avermelhadas. Com uma voz plácida, anunciou.

- Sinto muito, mas terei que te matar.

E assim se fez. Em um simples estalo de dedos, a injuriada aqua desabou. Seus vasos sanguíneos foram explodidos. Um Acidente Vascular Cerebral. Não sabia se estava viva ou morta, mas não nos incomodaria outra vez. Car, saltitante, ria do exército enlouquecido. Não nego, era mágico.

- Malditos... Vocês querem guerra?

Vinha Passione, irado, baleando-me descontroladamente. Ao menos, tentando. Dez, trinta, cinquenta, cem... Quantas armas estocava? Era sagaz e habilidoso, não errou todas as balas. Não obstante, no mesmo instante, algo muito pior atingiu-me. Meus olhos arregalados, meu corpo paralisado, meu coração prestes a fugir de meu corpo. Uma alucinação... Definitivamente, uma alucinação. Com fios loiros que se oscilavam-se com o vento e o comportamento mais abominável registrado, vinha... Aquilo. Hector Müller. Um dos sagrados nomes da FSE. Claro... Passione o mandou para batalhar contra mim. Pouco se sabia sobre os agentes, e não me interessavam, mas, este em especial... Era a mais vil das criaturas. Um alemão enfermo e Barbie criado para deteriorar-me. A cada segundo conseguia me enlouquecer ainda mais. Particularmente, foi uma gigantesca desilusão. Parti contente, fantasiando, crente sobre seu óbito. Mas, não... Estava de volta. Sempre estaria de volta. Se há algo que sei, é isto. Por azar ou destino, jamais nos separaríamos.

- A bonequinha é imortal?

Finalmente reagindo, apenas ri nasal, inclinando-me levemente. Nós dois... Não... Eu não. O que havia com aquela porra? Por quê? Loiro maldito... Lançando-se contra mim, agarrou-me pelo pescoço, depositando toda a sua minúscula força. Derrota-lo seria uma tarefa para meninas de dez anos. Bastava quebrar seu brinquedinho e sufocaria em algumas horas. Seria o ponto alto de minha existência. Aos arredores, civis, criminosos e mesmo os agentes, murmuravam sobre a cena, intrigados, confusos, horrorizados, euforicos, excitados. Seus dedos magros pressionavam meu queixo, nossos olhares aprisionados.

- Eu arrancarei sua cabeça. Ainda que destrua toda a Europa, ainda que eu acabe morto, eu arrancarei a sua cabeça. É uma promessa.

Afirmou, acertando suas inconfundíveis substâncias. Era uma bonequinha delicada, não era capaz de nada, se não a gastronomia. Eu adoraria esfolar toda a Dionísia naquele dia, mas, poxa... Não dava tempo. Retirei seus dedos pessonhentos, limpando-me com as gotas de sangue pelo chão. De uma criatura como esta, nunca se sentiria medo. Tampouco, pena. Sorrindo graciosamente, assenti com a cabeça, começando a caminhar.

- Aguardarei ansiosamente. Mas não se esqueça da recompensa.

Sussurrei em seu ouvido, rindo descontraidamente. Minha voz permanecia em sua típica distorção, mas Hitler não sentiria dificuldades em compreender. Antes de partir, um toque especial, uma marca pelas saudades.

- Auf Wiedersehen!

Gentilmente, tapeei sua bunda, e, finalmente, parti.

Between Sex and BloodWhere stories live. Discover now