CAPÍTULO XVII: F.S.E.

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Queijos. Lindas montanhas de queijo derretido. Vocês gostam de queijo? É delicioso! Não seria tão diferente se derretida a pele humana. Esteticamente, seria uma bela ilusão. Um delicioso cheddar humano! Certamente, uma iguaria chinesa... Entretanto, não é o nosso tema. Não há com o que relacionar minha análise, atualmente. Nada além de um doce e infantil devaneio. Embora, definitivamente, não existam impossibilidades.

Dualidades.

Junções.

Quando heróis se fundem a vilões.

Ao tardar da alucinante noite, Cardan e eu sobrevivemos por vinho, um delicioso bolo caipira e as preciosas memórias de infância. Embriagados e alucinados, não sabíamos distinguir verdade de mentira. Mas, garanto a vocês, gafanhotos. Jamais haverá muitos para se confiar...

- Acho que precisamos manter um perfil civilizado... Se queremos ser policiais, não estamos na melhor forma.

Suspirei, jogando todo o lixo fora. Acreditei que aquele bolo talvez estivesse envenenado, mas, por miséria, acordamos vivos. Não sou o melhor ator. Hollywood me jogaria de seu letreiro. Mas estávamos em performance... Precisávamos ser convincentes. Sendo um príncipe de contos de fadas, estar bêbado e delirando em peitos de papelão não era exatamente a perspectiva mundial.

- Seja suave e delicado. Você é a princesa, não é? E esconda as Playboy. Ninguém precisa conhecer isto.

Segurei-o pela camisa, jogando dentro do cubículo sanitário. O banheiro. Havia um mictório, exclusivo para os minúsculos pênis europeus. Completamente inusual. Encarei-me no espelho, na perna quebrada da mulher, refletindo sobre que merda estaria acontecendo. Nos infiltramos entre os heróis, e depois? Carnificina? Contra quem? Bem, espero que não façam barulho. Odeio choro de puta....

- Venha logo. Pretende atuar como um policial ou uma prostituta?

Reafirmando, qualquer vaidade feminina se torna insignificante ao lado disto. Não bastavam banhos como seres normais. Precisava radioativar sua pele com centenas de cosméticos. As vezes, usa um certo pó. Não a cocaína, é mais... Uma maquiagem.

- Não posso ser os dois?

Ignore os monstros e pararão de existir. Ao menos, consegui disfarçar nossa generosa hospedagem... Arruinada na primeira noite. Seria difícil performar, mas não há desafio que mereça ser recusado.

- Hawke!

Como a assombração que é, surgiu Passione, esboçando o mais artificial sorriso. É o que há de repulsivo em heróis. São artificiais, inteiramente irreais. A lei é patética e abominável. Se o presidente ordenasse ao Capitão-América "estupre todos nesta sala" para fins patriotas e jurídicos, o que consegue imaginar? Exatamente! Aqui temos a conclusão final!

Heróis são uma merda.

- Senhor Hawke... Notei que você e o príncipe, embora presentes na reunião, não deram as caras quando precisamos lutar. Há algo que desejas contar-me?

Eu não sou tão criativo, tenho que admitir. Eu posso compor canções, mas não significa que saiba roteirizar. Eu acho que não. Sobretudo, os recursos de um mudo são finitos. Minha performance como herói seria minha morte ou minha salvação.

- Vocês... Precisavam de melhor preparo, pois ainda não se adaptou bem a América... E o príncipe... Tem uma doença que o impede de receber sol... E... Ontem, foi o aniversário do príncipe?! Realmente? Que indelicadeza a minha... Agora eu compreendo.

Eu criei a teoria de que todos os europeus exaltam o Deus pênis. Não acredito que existam lésbicas ou homens heterossexuais. Se concretizaria e talvez tamanha descoberta conquistasse o Nobel, se não por um único empecilho: Cardan. O maior mulherengo vivo. Ou morto. O grande indicativo era Passione; às vezes, penso que os sete pecados capitais nada mais são que meus maiores adoradores. Seu 'diamantinho', Hector Müller, em especial, não passa de uma boneca pornográfica e peçonhenta dedicando-se a minha sedução. Exatamente como Coringa. Policiais, inexplicavelmente, contrariam tudo o que um homem de bem esperaria. A artificial gentileza aos chefões causa-me náuseas. Sou alérgico ao código penal.

Between Sex and BloodWhere stories live. Discover now