CAPÍTULO X: Com Amor, Okami.

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Novamente, pólvora, sangue e drogas. Sobre os raios solares que queimam sua pele. Depois daquela noite, meu único desejo era acordar morto. Como podem ver, não foi o que aconteceu.

Mas estou superando. Posso esquecer qualquer blefe. Porque é o que é, um mísero blefe. E não devemos nos focar em blefes repulsivos. Vamos viver cotidianamente, amorosamente! Acredito que, dado ao nosso tempo juntos, seja um bom momento para uma senhora apresentação. Eu não sei quem é você, nem se a minha pacata vida lhe interessa, mas acho que devo isto aos meus amados espectadores. Minha romântica vida.

O que, para você, deve ser completamente comum. Em minha vida, é surreal. Uma noite de sono. Desde que eu nasci, nunca consegui ter uma noite de sono real. Por vezes, não durmo. Ainda que por dez minutos. Quando empenho-me ao bom sono, meus aliados são venenos animais. Embora não completem seu trabalho. Ouvi rumores de que oito horas são necessárias, porém nunca quebrei tal recorde. E vivo bem com isto. Dormir não é nada fantástico. Independentemente... Se durmo ou não, sempre posso contar com o meu despertador portátil e tão vivido.

- Aumentaram as recompensaaas!

Atravessou minha porta, como de praxe, berrando para o universo. Berrava as mesmas palavras, dançando eletricamente com dois papéis em suas mãos. Eu soube no mesmo instante o que eram. Cartazes de procurados, de nós dois, é claro. Antes que seu show prosseguisse, tapei sua boca. Eu vivo em uma floresta inabitável, sem animais ou vizinhança. Somente um britânico irritante que acredita morar comigo. Embora, de fato, não viva ninguém, mendigos, crianças perdidas e exploradores aparecem quando menos se espera. Com os seus gritos, seria fácil qualquer ser habitado naquela floresta escuta-lo.

- Sei que é complexo demais para seu cérebro, mas se nós dois usamos máscaras, é para que ninguém descubra quem nós somos. Seria legal se você não gritasse "aumentaram as recompensas", Car.

Apesar de, francamente, não parecer uma idéia tão má morrer para a guilhotina. Mas Cardan não carregava sua euforia habitual. Parecia mais... Um desvio. Suas reais intenções eram outras.

- Se embebedou em vão de novo. Valkyrie, vidros e pólvora. Seu traje tá rasgado, e parece que levou uns bons golpes.... Deixa eu adivinhar... O diamantinho?

Afirmava, girando ao redor de mim, com seus olhos estreitos e sua mão sob seu queixo. Retornou a guitarra ao seu local habitual e passou um pouco do líquido em seus dedos, para a grande surpresa, encarando-me seriamente. Sem mover um único músculo, calmamente, respondi.

- Não.

E não foram "bons golpes"... É um fracote que não consegue arrancar uma flor dos jardins. Suas mãozinhas de princesa não causariam um ferimento em mim mas nem fodendo.

- Cara... Olha isso. Você esfaqueou o Müller? Você?

Tocou o meu ombro, arregalando os olhos com um repentino terror em seu semblante. Eu sempre odiei aquele anjo depenado. Eu só não sabia. Não é extraordinário. Eu queria mata-lo, é óbvio... Eu o odeio e o que mais desejo é vê-lo morto. Apesar de tudo, Cardan compreenderia minhas intenções. Não seria capaz de suportar mais um segundo. Cravar minha lâmina foi a melhor decisão que poderia tomar.

- Não fode. Aquele maluco se revoltou e tentou me matar. Aparentemente, se esqueceu da dificuldade de galinhas para levantar vôo. Somente danificou minhas roupas após quebrar metade dos seus dedos em sua fervorosa batalha. Queria mesmo me machucar.

Ri baixinho, negando com a cabeça, despejando meia-garrafa de vinho restante. De fato, eu não poderia estar mais tranquilo. O loiro enlouqueceu e decidiu acabar com a minha vida. É uma pena que seu plano não tenha dado certo.... Prestes a socar-me, Cardan assentiu. Completamente paralisados, iniciamos.

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