CAPÍTULO VIII: Chuvas dos Céus

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- Ei! Canalha!

Ecoou uma voz. Não "uma voz"... Aquela voz. Outra vez, aquela voz. Por que aquela voz?

- O que está fazendo, Diamante? Você não pode com esse cara!

Alucinado por meus ouvidos, sem que eu fosse capaz de perceber, por um soco fui atingido. Nada senti nestante. A delicadeza de um bebê. Gélido, frágil e hesitante. É claro... Em meus olhos, a anterior alucinação momentânea, se realizando. No primeiro dia, eu estive blefando. Poderia mante-lo assim, mas... Não. Estava ali. Loiro maldito... Indubitavelmente, estava ali.

- Você... É um maníaco nojento!

Eu? Maníaco? Nojento? Eu era o nojento? Claro... É evidente. E por que tamanha fúria? Eu assassinei o Presidente dos Estados Unidos, não Adolf Hitler. Sem nenhuma ação, apenas um riso nasal, observando cada movimento do minúsculo animal. Uma criatura tão delicada, frágil, adorável. Tão abominável. Eu deveria mata-lo de uma vez.

- E você é o diamantezinho de Passione... Miller, é?

Sei que como narrador sou falho. Acredito que realmente haja esquecido-me de merda pra caralho... A verdade é o ideal. Permitam-me esclarecer. Talvez soe como banal, porém não haveria melhor momento a se dizer. Sobretudo, sua existência é tão insignificante que não é digna de ser relatada. Uma criatura como Müller... Deveria viver eternamente recatada. Federação de Salvação Europeia. FSE. Um grupo de agentes armados, criaturas humanas e místicas unem-se por uma genérica idéia. em uma imensa orgia sangrenta e esperançosa, para combater e aniquilar os males mundo afora. Liderado por Enrico Passione, um mauricinho maricas italiano, confederaram-se os heróis mundanos. Italianos, gregos, franceses, alemães, e, ocasionalmente, britânicos. Magia Europeia em nossos corações! Sou péssimo em matemática e, francamente, não possuo idéia do que já passou por aquela repulsa. Mas seus brinquedos e putas, subordinados, não excedem os cargos de lixos dementes. Sete Europeus cleptomaníacos tarados. O que deve ser retratado, seu calendário especial. Sete dias da semana, cada pecado capital. Se está ouvindo desde o início, posso supor sua exaustão. Simplificarei os atributos. Não são absolutos. Esta é a minha melhor explicação. Enrico Passione, o imensurável. O soberano líder do exército execrável. Sobre a mesa, Soberba. J.J Swaniz, quando a patricinha cinematográfica conjura um pênis. A mais singela inveja. Brutus, é claro, toda a sua ira em um disparo. Angelique Bourgeois, preguiça a dominar. Orfeu "Trogon" Lykaios, a gula devora seus lacaios. Dom "Howl" Borgeois. A avareza a festejar. E, finalmente, Hector Müller, a, abominável, luxúria. São popularmente referenciados como Pilares. Cada um dos sete membros é fundamental, como garotinhas exemplares, desempenhando seu próprio único papel irracional. Com cada átomo em mim habitado, eu odeio cada desgraçado. Todavia... Aquele loiro. Aquele maldito loiro. Aquele loiro é a personificação viva de tudo o que um dia fui capaz de odiar.

- Arrancarei seu coração.

Contra meus ossos, tornava seus dedinhos de princesa expostos. Sua fúria era real... Eu estava impressionado. Para a grande vadia alemã, uma conquista surreal. Não movi um único músculo. A prisão de meus controles permanecia em mercê. Seu impacto sobre mim era minúsculo. Porém nada poderia fazer. Ainda não poderia fazer. "Arrancar meu coração"? Hihihi... Que imaginação...

- Não há o que arrancar.

Sua primeira idéia foi um assassinato gastronômico. Rumores afirmavam ser um perigo de nível atômico. Lançava seus abstratos equipamentos venenosos contra mim, buscando ansiosamente pela derrota assim. Como Hitler e suas belas artes, a gastronomia o preenchia. Embora não houvesse tanto a ser preenchido. Não era o mais lento, porém, velocidade sempre foi meu talento. Desviar disto é simples como respirar. Dardinhos e faquinhas pela morte a se alimentar. Infelizmente, eu estava de dieta. Posaria para a playboy como miss choco-choco na próxima primavera.

Percebendo que suas brilhantes estratégias não conseguiriam destruir uma velha, esta carta, descartou. Mas não tão rápido acabou. Vê-lo enlouquecido no momento de calor, confesso, encantador. Realmente parecia estar prestes a explodir. Definitivamente adoraria assistir. Sua anatomia, extravagantemente se expandia. Até que da pequena bomba viesse a explosão, eu sabia, tornaria o mundo uma erupção.

O loiro, ferozmente, colidiu nossos corpos. Como dois monstrengos mortos. Com toda a sua força, iniciou uma sequência de socos amavelmente borça. O loiro sabia que minha máscara era indestrutível, e possuía uma burrice admissível. Todos os seus golpes foram direcionados ao meu tronco. Desintegrando oficialmente sua índole de santo. Concentrava sua força em meu peitoral, dedicando-se tanto, que chegava a ser imoral. O que desejava? Um oral? Müller não demoraria a devorar-me. Realmente queria assassinar-me? Cacete... Não conhecia o seu lado político... O que caralhos o tornaria tão mefítico? Sereno, em meio ao seu rito, permaneci invicto. Por toda a região de meu corpo, socos e arranhões de Müller diferidos. Sentia-me incapaz de identificar quais estavam feridos. Nossa pequena plateia contemplava em alcateia. Se analisasse bem, compreenderia os sussurros do além. Tais como "Por que não estão usando suas habilidades? " ou "Talvez tenhamos nos equivocado sobre sua verdadeira capacidade...". De fato... Seus socos de princesa fodiam como combustão. Aguardaria ansiosamente por seu óbito, por exaustão.

Incessantemente, o loiro diferia golpes e seus típicos arranhões. A noite caía, carregada de chuva e trovões. No abstrato cenário de pólvora e sangue. Não calculei um único instante. Após tantas visões, afogava-me em minhas alucinações. Jogado sobre peitoral e face, Müller dedicava sua vida a aniquilar a aprisionar-me a uma lápide. A tempestuosa água dos céus dominava o ambiente isolo, sangue e chuva fundindo-se no ríspido solo. Das safiras de Müller, esta mesma água caía. Um semblante indecifrável e cada vez mais pancadaria. Em seus dedos, visíveis ferimentos. Seus "poderes regenerativos" sempre foram lentos. Ainda sobre minha carcaça, de seu uniforme, sacou uma arma. Assistia, lentamente, seu dedo se aproximar do gatilho, permanecendo perfeitamente como um indefeso gatinho. Seu dedo tremia contra seu próprio gatilho. Não controlava se quer sua respiração. Ocasionais e confusas batidas, seu coração. Foi o seu ápice. Como sempre, fracote como um cálice. Tão, tão frágil... Metal fateando-o pedaço por pedaço. Nitidamente exausto, não suportaria tamanho cansaço. Com minha lâmina, estilhaços. Do ombro ao quadril, retirando-me do gentio. O loiro e sua arma jogados no chão, aguardando ansiosamente por um mísero caixão. Banhados pela chuva de sangue. Envenenado, realmente havia algo grande. Quando estivesse morto, definitivamente, este mundo seria outro. Nossa vida, utopia.

Between Sex and BloodWo Geschichten leben. Entdecke jetzt