CAPÍTULO IX: Comatose

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- Pff... Eu o matei? Eu finalmente o matei? Foi tão fácil... É patético. Eu tô é louco...

Jogado sobre a familiar pólvora e estilhaços de vidro, contemplava sangue, vinho e chuva encharcado meus ossos. Depois de tantos anos matando e morrendo... Você mal sabe o que é seu. Sem noção de tempo, desabei sobre o que encontrei. Uma inabitável mercearia. Seus socos de princesa não matariam uma garota de açúcar, mas seu toque me causa náuseas. Foram grandes socos, por segundos, minutos ou horas. Não há quem saiba. Parte de meu traje fora rasgado por seu ataque mortal. Tudo o que revelava é que sou um homem negro e deformado. Nada que o universo não saiba. Sobretudo, não evidenciava um terço de minhas deformações. Aos arredores, alvoroços carregados pelo pavor, em sua mais esplendorosa forma. Meus sentidos se tornaram inúteis. Talvez o álcool, talvez papai, talvez, seja lá como possa nomear... Estivesse verdadeiramente empurrando -me ao precipício. Sirenes, jalecos e mais sangue do que se há em um corpo humano. As pressas, o polido diamante de Passione era jogado em uma ambulância. Pelos prestigiados espectadores , nojo, medo, ódio, asco e êxtase. Um turbilhão de emoções, para os criminosos em cartazes, os heróis europeus e os míseros civis. Todavia... Em cada ser que habitava Nova Iorque, um sentimento mútuo. A mais genuína confusão. Eu, Müller e cada cérebro funcional. É humano pra cacete... Não é? Eu nem sei descrever. É uma merda indescritível. Esquecer-me das batalhas com Müller seria a melhor merda que poderia acontecer, mas, infelizmente, havia algo que, eu sei, jamais me deixaria em paz.

- Okami.

Em meus olhos, como a impagável memória de minha vida, permanecia paralisada. Com seus cabelos urinados e corpo esquelético, "Bella". A minha maldição. Vestia roupas brancas, tecido delicados, com envolturas de outros tecidos e micro decotes. Embora não fosse considerado exatamente feminino. O que deve ser bom. Em seu seio, uma rosa, vermelha como sangue. Ouro brilhava em um redemoinho, bizarramente, sem que eu pudesse ter a mínima chance de compreender. Sua risada, sempre ofuscante, porém vozes distorcidas acompanhavam ao fundo. Como no dia em que nos conhecemos, mas... Completamente diferente. A alteração mais grave e óbvia fora sua própria vida. Todos os hematomas, aparelhos e enfermidades que um dia necessitou, desintegraram-se no além. Parecia bem maior do que costumava ser. Até mesmo nos seios. Seus cabelos loiros estavam picotados desastrosamente, como se o cabeleireiro convulsionasse durante o processo. Mesmo sendo a criatura mais adorável do mundo, as vezes conseguia ser a mais desajeitada. Seus olhos iluminavam a abstrata sala que nos engolia. Eu realmente odeio a luz. Não era minha casa, não era nenhum lugar que eu conhecia... Não. Não era lugar algum. Minhas utopias... Somente eu era real. Óbvio...

- Sai daqui, porra...

[Verão de 1976 - New York]

Fechei os meus olhos, tapando meus ouvidos, tentando pensar em absolutamente tudo o que não fosse aquilo. Em vão. Nestas ocasiões, não há como se esconder. E, por mais que eu me dedique, jamais seria possível apagar as memórias tatuadas em minha mente. É o que me fode. Eu queria arrancar o meu cérebro e pisotear até que enlouquecesse completamente. Eu enlouqueci? Aquilo... Me enlouqueceu? Era um sonho? Uma overdose? Certamente, não seria minha morte. Seria fácil demais. Talvez assim, finalmente, o esquecesse. Seu caminhar tornava desfiles de passarela uma piada. Seus loiros fios voavam com a brisa do vento. Se existia vento. Na abstrata paisagem, onde eram somente seus detalhes visíveis, deformava-se igualmente. Sua aparência e voz inexplicavelmente distorcidas. Uma oblíqua mistura de branco e dourado tomava a escuridão. Mas que porra...?

- Komi!

De repente, tudo se resplandeceu. Máquinas extraordinárias, jalecos e mulheres fundindo-se, de sangue, o lugar encharcado. E um brinquedo capaz de sangrar. Lar, doce lar... Não mais que onze anos, com roupas de grife rasgadas. Sangue e suor viajavam do meu corpo ao chão. Meus cabelos emaranhados e minha pele imunda. Mais do que a consideram. Em minha frente, uma pequena e delicada silhueta. Correndo para meu corpo, agarrou-o com toda a sua força. Alguns dez centímetros menor que a mim, com alguma espécie de envelope e a sua natural euforia, a menina com um sorriso com de diamantes.

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