Capítulo 6

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Ainda naquela noite...

AMÉRICA

— ... aí eu não pude ouvir mais nada direito. Mas foi uma conversa rápida. — conto para Dante por ligação, enquanto estico as minhas pernas na parede do meu quarto.

Mas você achou o quê de tudo isso?

— Não sei... Resultado inconclusivo. — dou risadas. — Não ficou muito claro se o Carson queria, mas ele foi bastante gentil com todo mundo. Nos convidaram para um jantar na casa deles. A minha irmã casaria com qualquer cara que pudesse pagar suas futuras cirurgias plásticas. Ela quer ele com certeza. Mas eu não o conheço para saber o que ele achou dela. Não conheço o Carson como te conheço. Dante...

Eu não sei de onde você tirou isso. Eu nunca comentei nada sobre.

— Não adianta dizer que é mentira, quando você praticamente admitiu antes de ir embora no meio do jantar.

Ele demora para falar.

Talvez eu tenha algum problema na cabeça.

Rimos juntos.

— A sua cara não esconde. Queria só entender o que viu nela.

Eu acho ela bonita. Grande parte de mim quer acreditar que dentro daquela casca grossa de cremes e maquiagem existe uma garota meiga e carente.

— É ter muita esperança.

Ele ri.

Eu vou tentar tirar isso da minha cabeça. Mas se fiquei na faculdade e mesmo assim não passou. Eu não vejo solução.

— Vamos encontrar uma garota legal pra você. Não que eu não gostaria que você fosse o meu cunhado, mas você merece alguém que reconheça os seus sentimentos e retribua. Eu sei que ela não liga muito pra sentimentos.

Será que esse outro cara é como ela?

— Eu não sei. Fiquei com a impressão de que ele se importa sim. Teve assuntos que foram discutidos durante o jantar e que causaram um certo desapontamento nele. Eu não quero levantar suspeitas. Talvez seja só impressão minha. Como eu já disse, não o conheço.

É... Acho que poderíamos esperar isso da sua irmã. Ela bota muita moral para dar uma chance a algum cara. Longe de mim tentar alguma coisa com ela.

— Eu também imaginei que só assim para ela desencalhar.

Uma vontade grande de bocejar me toma e eu dou um bom bocejo, enquanto meus olhos se lubrificam e ardem.

— Vou dormir, Dante.

Tá bom. Depois a gente se fala.

— Fechado. Boa noite.

Boa noite.

[•••]

O café da manhã tem clima de expectativa. Mais expectativas do que teve no almoço de ontem.

A minha irmã acordou brilhando mais que o sol.

É um misto de felicidade com o iluminador que ela usou exageradamente nas maçãs do rosto.

— Quando será que o Carson vai me mandar mensagens? — ela pergunta ansiosa.

— Imagino que em breve. — minha mãe também está animada após o jantar da noite passada.

— Então vocês trocaram os contatos? — pergunto curiosa.

É um grande passo para o início das conversas e paqueras paralelas.

— Não, mas nós seguimos um ao outro no Instagram.

— Ah. É mesmo. Ele me mandou uma solicitação para me seguir ontem à noite. — comento.

Eu estava com tanto sono que só aceitei e fui dormir.

— Sério? — O sorriso da minha irmã mais velha se desmancha, mas o canto esquerdo do lábio superior dela continua levantado. Ela faz uma cara de cu.

— Sim. E você parece que mal o conheceu e já está com ciúmes. — analiso enquanto coloco um pouco de leite no meu café.

— Não quero você conversando com o meu Carson.

"Meu Carson"...

Está bem segura das coisas.

Eu imaginei que ela seria possessiva quando o príncipe do vale aparecesse em sua vida.

— Já pensou que talvez ele só queira saber mais sobre você e que pensou em perguntar para a sua irmã?

— Tudo o que ele precisa saber, pode perguntar a mim. Ninguém melhor do que eu para falar de mim mesma. E você não me conhece tão bem.

— Não... Imagina. Só conheço o suficiente para não ter quase nada de bom para falar. — corto um pão. — Pai, ainda tem aquela velha sanduicheira?

— Sim. Está no armário.

Levanto para buscá-la.

— Não acredito que você vai assar o pão numa coisa velha dessas, América. Tem uma assadeira novinha.

— Eu gosto de pão assado, não queimado, Chicago. Ontem eu fui assar um e o pão saiu todo queimado. Obrigada, mas prefiro usar a minha velhinha. — pego o eletrodoméstico e coloco em cima da pia, depois volto para a mesa, para colocar as coisas no pão.

— O que aconteceu com o Dante ontem, América? — minha mãe pergunta, ainda preocupada.

— O convidei para o jantar, mas a mãe dele planejava também um jantar em família. Afinal, nós voltamos ontem. — minto, colocando uma fatia de queijo e outra de presunto dentro do pão.

Mas faria sentido se a mãe dele não fosse uma enfermeira que faz plantões à noite.

— Garoto sem noção. — Chicago comenta com ranço. — O jantar nem lhe cabia. Por que não namora de uma vez com ele, América? Só um para aturar o outro.

A minha irmã sabe ser cruel com as palavras.

— Eu e o Dante nos parecemos bastante mesmo. Mas se for nessa sua ideia de que as pessoas só se aturam se forem parecidos, acho melhor você desanimar desse casamento com o Carson, porque ele não parece ter esse seu mal humor, nem a sua falta de sensibilidade.

— CALA A BOCA, AMÉRICA! — ela grita de repente.

— Chicago, minha filha... Se acalme! — mamãe se assusta com o jeito dela. — Foi só um comentário infeliz da sua irmã.

Não tão infeliz quanto o que ela fez sobre o Dante.

— Ela mal chegou e já está me tirando do sério! — reclama me lançando um olhar agressivo.

— Quero ver quando o Carson descobrir os seus surtos de humor. — levanto com o meu prato e o pão em cima, vou em direção a pia, para colocar o meu pão na assadeira.

Quando passo perto dela, a maluca agarra os meus cabelos e me puxa para perto da mesa. Vou para trás contra a minha vontade.

— Cale a sua boca, sua vaca!

O meu pai manda ela parar e eu também tento me soltar dela, acertando tapas em sua mão. O meu pão cai no chão.

— Chicago, isso não se faz! — mamãe reclama de novo e então eu consigo me soltar.

O meu couro cabeludo está dolorido, mas estou mais assustada com os modos dela que não mudaram nada nesses três anos e meio.

— Vai se tratar, Chicago! — saio de perto dela assustada.

— Vê se morre, América! Você não fazia falta aqui!

Coitado do Carson. 

[•••]

Será que a Chicago irá se conformar com o fora do Carson?

INSTAGRAM: @autora.nikole

A ESPOSA SUBSTITUTA [COMPLETA]Where stories live. Discover now