Capítulo 10

678 81 5
                                    

Quinta-feira,
10 de novembro.

AMÉRICA

Subo no mini palco para que a costureira verifique os ajustes que precisam ser feitos na minha roupa de formatura.

Faremos uma festa de formatura para mim, não faria sentido fazer lá na cidade onde eu estudei, sendo que toda minha família está por aqui e os amigos também.

Farei junto com o Dante por motivos óbvios. Nós dois fazemos tudo junto. (Quase tudo, mas tudo no exemplo de festas).

Quem veio comigo foi a minha mãe.

Ela ainda está tensa com essa história do Carson não querer ficar com a Chicago e ter preferência por mim.

Nós não conversamos mais sobre isso, porque a minha irmã até que se acalmou depois que ninguém tocou mais no assunto, mas sei que a qualquer momento ela pode surtar.

A Chicago sempre foi assim. Explosiva e muito agressiva. Ela sempre joga toda a sua raiva nas outras pessoas, ela bate, machuca, ela sempre expõe a sua raiva dessa forma. Eu já apanhei muito dela.

Às vezes eu nem tento revidar. Eu tento fazer com que ela pare, porque senão nós vamos viver presas no ciclo de tapas e beijos o tempo inteiro.

Mais tapas do que beijos, porque eu e a minha irmã não nos damos bem por mais de uma hora. Sempre tem uma briga.

— Então, América. Você falou com o Carson? — minha mãe pergunta como quem não quer nada.

Aparentemente ela tem receio de tocar no assunto comigo, porque sabe que eu não concordo com essa ideia de casamento arranjado. Não faz sentido para mim se as pessoas podem se apaixonar, namorar e casar.

Eu nunca casaria com alguém que não conheço.

Acho que a minha irmã faria isso porque ela só está pensando na fortuna que o Carson tem.

Eu dou muito mais valor à pessoa do que ao dinheiro. A minha família já tem muito dinheiro, então eu não preciso ficar de olho no dinheiro dos outros.

— Ele mandou uma mensagem para mim.

— O Carson? — ela fica surpresa.

— Sim. Ele me mandou naquela mesma noite que vocês contaram sobre a decisão dele.

— E o que você acha?

— Eu acho, mãe, que não quero ficar com alguém que a minha irmã está interessada. Se a Chicago não quiser nada com ele, aceitar essa decisão, eu aceito conhecê-lo, mas não garanto casamento arranjado nenhum e também ele falou que está tudo bem eu não querer um casamento desse jeito. Ele aceita me conhecer e conversar comigo. É isso. E aí vamos ver no que dá.

Acho legal da parte dele entender que eu não aceitarei isso, porque não faz sentido.

Acabei de sair da faculdade para aceitar um casamento arranjado. Seria uma loucura!

É como se eu fosse uma turista nas aulas de sociologia e filosofia.

— Eu não sei se a Chicago vai aceitar em algum momento. Ela apostou todas as suas cartas no Carson desde que o seu pai chegou com essa história de que estavam querendo fazer esse tipo de negócio conosco...

— Eu já acho isso muito errado. Será que uma amizade entre famílias já não basta? Precisa ter um casamento. Não vou mentir dizendo que o Carson não é interessante.

— Não é, América! E eu percebi que ele estava realmente muito interessado em você. Eu sou mãe e consigo perceber essas coisas, mas eu não poderia levantar essas suspeitas sendo que a sua irmã estava com todas as esperanças no casamento com ele.

— Pior que ela acha que ele vai mudar de ideia. Ela acredita que tudo isso é uma mentira. E como vamos para o jantar na casa dos Blake? E se ela quiser levar esse delírio como uma realidade? Será que nós vamos chegar lá e ela vai ficar achando que o Carson está querendo conhecê-la melhor?

— Eu não sei o que vamos fazer, mas eu quero que, no momento, vocês duas parem de brigar. É muito feio. — ela desabafa.

— Mãe, você sabe muito bem que não sou eu. Quem puxa briga sempre é a Chicago. Do nada ela entrou no meu quarto, veio até a minha cama, me pegou pelo cabelo e começou a puxar, me insultando. Ela é extremamente descontrolada. E se for para ela continuar desse jeito, eu não quero nada com Carson mesmo. Eu falei para ele que numa realidade fora disso eu sairia com ele. Ele é um cara legal... — me olho no espelho. — Eu não sou tão cega para não perceber isso, né, mas se tem a minha irmã no meio, eu não quero me meter.

— Ainda bem que você pensa dessa forma, América. Pelo menos você está com os pés no chão, sabendo do jeito que a sua irmã é. O problema é a Chicago mudar de ideia. Não é?

— Acho que é melhor não tentar insistir. Senão eles vão querer se afastar da nossa família. — aconselho.

— E vocês só conversaram uma vez?

— Foi. Eu não conversei muito com ele pois pode ser pior se a Chicago pegar o meu celular e ver as nossas conversas. Ela vai enlouquecer mais do que já está.

— E as conversas são tão profundas assim?

— Não, mas ele falou com todas as palavras que se interessou por mim e não por ela e eu acho que ela quebraria o meu celular em mil pedaços se visse uma mensagem dessas. Felizmente ele falou que vai conversar com ela.

— Isso é bom. Pelo menos ela vai entender o ponto de vista dele. Não adianta explicar para ela, sendo que ela não vai acreditar e só quer saber dele. Com ele falando, eu tenho certeza absoluta de que a sua irmã vai entender.

— É o que nós queremos acreditar. Não é, mãe? Só espero que na sexta corra tudo bem, porque se ela der um surto desses que ela dá lá em casa, de voar em cima de mim puxando meus cabelos, na frente daquelas pessoas, eles nunca mais vão nos convidar para jantar e muito menos querer algum casamento entre nós. Mãe, a senhora tem que conversar com a minha irmã e mandar ela mudar seus modos. Não é dessa forma que se resolve as coisas! Tem que parar pra conversar e não ficar agredindo os outros! Eu ainda estou com o couro cabeludo dolorido. — reclamo.

— Eu vou falar com ela sim. Se ela não concordar em se comportar, não vai para o jantar. Afinal de contas, não é mais ela a garota em questão.

Me sinto mal por isso.

— Mas eu só quero te lembrar que eu não vou para esse jantar por causa dessa história de casamento, tá? Eu vou porque sou da família. Não quero nem saber de vocês conversando sobre casamento. Eu não vou me casar com essa ideia aí que vocês têm de arranjo.

— Eu sei.

― Se a minha irmã não estiver surtando, eu posso até conversar com o Carson, mas eu prefiro seguir a linha natural de se conhecer, se apaixonar, namorar e aí sim casar. Não quero pular nenhuma dessas partes, afinal de contas, eu nunca tive um namorado na minha vida. Não posso aparecer com um marido do nada, né!

Agora estou me dando conta de que estou muito ansiosa para esse jantar.

— Uma que quer se casar, uma que não quer e o rapaz se interessa logo pela que não quer... — minha mãe analisa decepcionada.

— Eu não fiz nada, mãe. Eu juro que eu não fiz nada. Só estava sendo eu mesma. — dou de ombros.

"Eu não tenho culpa se o Carson tem bom gosto." — penso comigo mesma e fico sorrindo.

(•••)

Safadinha 😏
INSTAGRAM: @autora.nikole

A ESPOSA SUBSTITUTA [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora